AVATAR e o simbolismo iniciático

AVATAR e o simbolismo iniciático

A maior parte dos filmes e contos de fada,

bem como sagas e assemelhados conta uma história

padrão. É o caminho iniciático, percorrendo

inúmeras dificuldades para se encontrar o céu ou

paraíso. Avatar não é diferente. Apesar das críticas

positivas que já o filme recebeu de inúmeros

cinéfilos, bem como de sua qualidade impecável de

imagem e som, além da qualidade extraordinária da

versão blueray 3D, resta o seu simbolismo. O filme

deslancha pela criatividade e pelo bom gosto de

sempre de James Cameron, o diretor de Titanic,

Exterminador do Futuro e tantos campeões de

bilheteria.

O protagonista Jake assim deve vestir o seu

avatar, mas não sem antes passar por uma prova de

morte simbólica, o que se vê bem claro nas câmaras

a que tem de entrar a fim ingressar nesse mundo

dos avatares, seres maiores e mais ágeis que os

humanos, que vivem em perfeita harmonia com a

natureza, em dimensão holística. Esse rito se opera

em muitas culturas e em especial no xamanismo,

onde esse mundo astral ou espiritual, verdadeira

dimensão paralela, é acessada e compreendida, a

fim de se perceber que a morte não passa de mera

passagem para uma outra forma de vida, além de se

conhecer o mundo invisível. A transformação do

protagonista se faz pelo progresso de ganhar pernas

(ter liberdade e vontade...) e ao conhecer sua

contraparte feminina, a bela Neitiry, avatar por

natureza, e não por incorporação. Ela assim dá a

síntese de yin e yang, ou do sol e da lua, uma visão

alquímica.

A bela Neitiry assim leva Jake a sua cultura, a

sua cosmovisão. Ele se vê inserido em uma missão

militar (profana) e por fim vai contra a mesma, se

tornando verdadeiro iniciado (pois iniciado significa

o que nasceu duas vezes). Ao longo desse

simbolismo iniciático passa por caminhos de outros

elementos, como o da água, o do fogo e ar

(simbolizado no dragão, que é resumo dos 4

elementos. As dificuldades ao longo do caminho são

os graus de progresso nessa senda e o herói acaba

por se revelar a cada momento a favor do mundo

avatar, pelo sacrifício (da cruz ou corpo...) em prol

da humanidade (Sol que ilumina a todos...). Toda

essa simbologia pode ser enquadrada nas esferas da

árvore da vida da cabala, que pode ainda ter

analogia com planetas e divindades antigas, ou

mesmo anjos e santos da cultura judaico-cristã.

Avatar é um filme assim que soma todo esse saber

em uma nova mitologia, claro que reproduzindo um

saber semelhante ao da Atlântida, através de terras

flutuantes e dragões, bem como uma civilização

aparentemente perfeita. Pareceu-me quando o vi

pela primeira vez que foi uma homenagem a povos

indígenas, e crítica a cultura do homem branco e

suas máquinas, mas vi que ambas têm seu progresso

e evolução, e que a alma do homem se inicia mesmo

na escola da vida, para por fim encontrar a

iluminação.