AS RAINHAS E O DESEJO DE SER MÃE

AS RAINHAS E O DESEJO DE SER MÃE

Ele foi médico obstetra-ginecologista , admirado pelos clientes, honrado pela Classe. Foi uma personalidade e seu nome sempre trás uma ressonância por tudo de bom que ele foi. Trarei aqui duas rápidas referências de sua atuação que parece serem pitorescas.

Desde os anos cinqüenta já existia uma literatura sobre um método para obter-se um parto sem dor. Este visualizava aquelas pacientes que se mostravam previamente apavoradas com as perspectivas das dores do parto e focava no grande alívio sentido por elas com a simples chegada do médico de sua confiança. O primeiro a obter a ausência das dores e primeiro a empregar a anestesia em obstetrícia foi James Simpson, parteiro inglês. Simpson foi imitado por Campbell, parteiro da Rainha Vitória o qual, em 1856, aplicou à soberana inglesa o clorofórmio. Daí a expressão `anestesia à la reine` e a partir daí os processos anestésicos realizavam a supressão das dores.

Tendo despertado sua atenção e profundo interesse para aquele assunto do Parto sem Dor e sem anestesia o nosso médico lançou-se ao aprofundamento de conhecimentos a respeito. Aos poucos ele foi se apaixonando e tendo consigo a equipe certa para este trabalho na Maternidade da Universidade Federal (na Bahia) chegou a um método completo e inteligentemente preparado, intitulado “O Parto sem Dor pelo método psicoprofilático” , o qual, depois, tanto no Serviço Público onde atuava como na sua clínica particular haveria de dar os melhores resultados, aplicado que foi pelo período de três décadas.

Mas de outra parte, no seu consultório e no seu receituário constava também o chamado “tratamento do casal estéril” atendendo muitos daqueles que não logravam gerar um filho. Entre estes chegou-lhe um casal, muito conhecido pelo importante nome na sociedade local. Ela, uma mulher de fina cultura, tinha sido pianista e ele, alto comerciante judeu, muito bem relacionado. Faltava-lhes um herdeiro. Ansiosos por ele, começaram e seguiram com o tratamento.

Ao mesmo tempo, do outro lado do Oceano , exatamente na Itália, uma outra mulher linda e de grande talento do Cinema passava pela mesma ansiedade – era ela a bela Sophia Loren. Bem casada com o Produtor Carlo Ponti que a adorava, tinham na vida feliz a lacuna pela falta de um filho. As revistas e jornais noticiavam cada oportunidade frustrada da ansiada gestação. Dentro dos meus 13 anos estendi uma linha ligando as duas incríveis ladies; eu torcia pelas duas, é claro, somente queria ver quem sairia na frente. Foi a de cá. Um menino. Um nascimento arrodeado de homenagens e de notas nas colunas. O tempo passou um pouco e La Loren nada. Mas depois lá um dia o obstáculo se foi e, em “una giornata particolare” ou em um dia muito especial, o sol da Toscana brilhou pra valer. Um menino. O bambino recebeu o mesmo nome do pai mas logo o chamaram de “Carletto”... ...e todos viveram felizes por many years.

Então se tudo isso não fosse verdade eu poderia transformá-lo em ficção, certamente no formato Cordel com um título mais ou menos assim:

A LIGAÇÃO SURREAL DA RAINHA SOPHIA SUPER-BELA COM A RAINHA MARI-MARI DA SOCIEDADE BAHIANA.

Concessa Marin
Enviado por Concessa Marin em 08/03/2013
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