THX-1138 - George Lucas
O filme THX-1138, primeiro cult escrito e dirigido por George Lucas, com o ator Robert Duvall, filmado em 1971 - indicação do amigo Luis, autenticada pelos gênios (e gêmeos) Marcos e André -, que narra a revolta de um homem que é rigidamente controlado por uma sociedade artificial, num contexto de distopia governamental. Tem um tom irônico por os arquétipos de vida utilizados no filme serem semelhantes aos vividos por nós.
O Estado totalitário e repressivo utiliza métodos robóticos e autoritários para controlar e dominar as massas, impedindo reações de insubmissão e de descontentamento social e político. É uma obra prima nota 9, para mais. Sensacional. Duvido que algum filme de ficção venha a cumprir com tamanha peculiaridade o seu caráter visionário, exatos 41 anos depois.
A crítica ao modo como a sociedade caminha é clara. Por ex.; quando alguém se sente mal, vai a um confessionário virtual presidido pelo semblante de Cristo, e o Estado, representado nos comandos diretos da imagem estática, receita-o a aumentar a dosagem do remédio anestésico e amortizador que o indivíduo engole cotidianamente. Nada diferente do que se vive hoje, pelo menos em metáfora. É um tiro na mosca.
O excesso de números, a ausência das cores, os cômodos opacos e o retalhamento dos personagens, ao longo do longa, lapidado na brilhante atuação dos atores, configuram uma arte incomparável. O seu final deixou clara a participação do livro “O Mito das Cavernas”, obra escrita pelo filósofo grego Platão, no qual os prisioneiros ficam de costas p/ a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas as sombras de outros homens. E a busca do casal protagonista é essa; encarar a luz do mundo exterior e buscá-la sem receios. É isso que fazemos com a arte, em sendo eterno abrigo e refúgio para a lucidez.