A metáfora como construção de arte – Crítica do filme Magnólia
Paul Thomas Anderson é um diretor que surpreendeu na década de 90, com dois bons filmes, Boogie Nights - Prazer Sem Limites (1997) obra que injustamente a academia não indicou a nenhum prêmio do Oscar e Magnólia o seu melhor filme que ganhou premiações no Festival de Berlim (Urso de Ouro), Globo de Ouro (melhor ator coadjuvante par Tom Cruise), mas no mais glamoroso e famoso prêmio de cinema do mundo Oscar foi apenas indicado a três premiações.
O filme conta história de nove diferentes pessoas, aparentemente desconhecidas entre si, acabam cruzando-se em um dia qualquer no vale de San Fernando, na Califórnia.
Magnólia poderia ser mais um daqueles filmes clichês de múltiplas histórias que se entrelaçam por algum motivo fútil e que no final todos terminam em total harmonia, mas Paul Thomas inova com esta obra cinematográfica trazendo a metáfora, a semiótica e a boa utilização dos planos e movimentos de câmera para ser contemplado mesmo depois de 13 anos de sua estreia.
As atuações da obra são uns dos pontos fortes, vendo assim podemos citar como destaques Julianne Moore como Linda que faz uma esposa que sente culpada por suas diversas traições (a cena em que ela fica histérica na farmácia é uma primazia), o William H. Macy, que vive Donnie Smith uma pessoa que faz de tudo para impressionar um rapaz por quem é apaixonado, mas o personagem que mais chamou atenção do público merecidamente foi o ator Tom Cruise que interpretou Frank T.J. Mackey, um guru machista que ajuda homens a conquistarem as mulheres queridas. Personagem feito especialmente para Tom Cruise, que se casam tão bem que este trabalho lhe rendeu um prêmio no Globo de Ouro e uma indicação no Oscar, todos como melhor ator coadjuvante.
Magnólia nos surpreende com uma projeção de três horas de uma obra de arte, sendo que esta duração não cansa, pois o ritmo do filme consegue manter a atenção do expectador, com roteiro muito inteligente por parte de Paul Thomas Anderson, cheio de significados, semiótica e metáforas. O filme é cheio revelações mesmo sendo produzido em 1999 que ainda toca em assuntos polêmicos como incesto, drogas, violência e homossexualidade. Como também a fotografia e a direção de arte, mantém o clima de tensão entre as relações dos personagens.
O filme cheio de simbologias e referências a passagem na bíblia Exôdo 8:02, com seu final para muitos, surreal e incoerente já para outros a soma triunfante de um belo filme, merece muito ser visto com contemplação e atenção. Como mesmo disse Paul Thomas Anderson, que ele nunca mais faria uma obra cinematográfica como a de Magnólia (vide seus outros filmes como Embriagado de Amor e Sangue Negro, que são bons, mas não chegando à grandeza deste).
Um dos melhores filmes norte-americanos da década de 90, ainda ganha muitos méritos pelo seu feito que já está na história como um grande filme.