O Tabu como belo – Crítica do filme Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci
Apesar da liberalidade que hoje o povo ocidental goza, tratar de alguns tabus no cinema ainda muitos fortes nessa sociedade é no mínimo ser corajoso, mas fazê-lo de forma sutil e delicada, é da competência de Bernardo Bertolucci que tem no seu portfólio filmes como La Luna e o mais famoso deles, Último Tango em Paris. Sendo que nesta produção o conteúdo é um daqueles assuntos polêmicos e pouco tratados no cinema como o incesto.
O filme foi ambientado em Paris durante a revolução estudantil em 1968 e neste pano de fundo estão inseridos os três personagens da obra, Mathew um jovem norte-americano que faz intercâmbio em Paris e que conhece os irmãos gêmeos Isabelle e Theo, todos amantes do cinema que se conhecem em uma sessão de cineclube e logo acabam se tornando amigos, compartilhando experiências e relacionamentos coisa que o jovem Mathew nunca experimentara.
O personagem de Michael Pitt consegue ser regular com seu papel, ele é um jovem que nos irmãos encontra finalmente uma amizade em Paris. Com o seu jeito tímido e observador torna o personagem razoavelmente interessante, mas apesar de ser o protagonista não alcança a maestria dos irmãos. Theo interpretado por Louis Garrel está muito bem no papel de um jovem bonito, inteligente e revolucionário sendo a jovem Isabelle interpretada por Eva Green à primazia da obra, tanto no aspecto físico como na sua atuação, principalmente nas cenas em que mostra seu belo corpo nu.
Apesar do conteúdo incestuoso, das cenas de nudez e insinuações de sexo, o filme não chega a chocar tanto, pela forma sútil e romântica que Bernardo Bertolucci trata na obra. Com sequências de pura beleza estática, o triângulo amoroso apesar de alguns questionamentos de Mathew sobre as atitudes dos irmãos (como na cena em que pergunta se Isabelle já teve um encontro a dois), o triângulo amoroso chega a ser tão harmonioso que este falta um pouco de conflito, por se tratar de um tabu na sociedade.
A direção de arte, a trilha sonora e a fotografia conseguem tratar com eficiência o ambiente em que se situa o filme, o roteiro na mesma medida regular, dando um bom ritmo ao filme, fazendo referências de filmes do passado (mostrando cenas e fazendo mimicas) como também os personagens, vão evoluindo com a duração no filme, apenas com o seu final contrastante com o restante do filme.
Claro, se quisermos analisar outras obras cinematográficas de Bernardo Bertolucci perceberemos que está não foi a melhor, mas não deixando de ser um belo filme, que nos faz refletir se todo tipo de amor vale a pena? Um bom filme para ser visto, deste grande diretor de boas obras polêmicas.