O importante é o airbag abrir (publicado originalmente em 17/1/2012)
Em uma das cenas de ‘Missão Impossível: Protocolo Fantasma’, estreado no fim do mês passado, o agente secreto Ethan Hurt (Tom Cruise) se prepara para arrancar com um carro em um abismo, dentro de uma espécie de estacionamento de shopping. O objetivo é apanhar a pasta onde estão documentos confidenciais. Mas antes, porém, o detetive coloca o cinto de segurança. Claro, a proteção é tudo, e ainda mais quando se vai cair de cabeça no chão, e é torcer para que o airbag abra. Ele abriu. Tudo para salvar os EUA de uma guerra nuclear contra a Rússia. O tema pode é parecer velho e ultrapassado, mas o longa tem tópicos novos, digamos assim, a quem vê o filme. Uma cena que com certeza ficará na mente de todos como cult ou clássica mais pra frente é da tempestade de areia em Dubai, quando Hurt persegue o inimigo, e o perde quando os grãos começam a entrar nos olhos, nariz e boca. Todavia, há outras sequências inacreditáveis na fita.
Este é o quarto trabalho da série, iniciada em 1996, quando T. Cruise estava casado com Nicole Kidman e era o galã de Hollywood aos 33 anos. Faz tempo. Depois, em 2000 e 2006 mais dois longas foram lançados e ano passado o derradeiro (não se sabe de fato se o será). Neste, aos 49 anos, casado com Katie Holmes e crente em teses esquisitas do espaço (vejam como o mundo gira), o ator ainda está inteiro. Evidentemente contam-se também as tantas aplicações de botox.
Não sei quem define os títulos dos filmes. Este ‘Missão Impossível’ é o primeiro com um subtítulo, o ‘Protocolo Fantasma’. Talvez porque os produtores – Cruise incluído – estavam com vergonha de expor o número 4 na telona. Já pensaram? A franquia degringolada, sem ideias, e tascam o 4 lá. Seria taxado de desleixo ou de que de pronto se tratava de uma película ruim, mal feita ou desprovida de qualquer cuidado, o esmero com o roteiro, efeitos especiais e tudo o mais.
Ocorre o oposto. Existe ali um grupo de atores que dá a Cruise respaldo incrível: Simon Pegg (agente Dunn), Paula Patton (agente Carter), Jeremy Renner (agente Brandt), Léa Seydoux (Moureau, a sexy assassina de aluguel) e Tom Wilkinson (secretário da IMF, a agência de Hurt).
Depois de três tentativas de nos fazer crer que o impossível é possível, a quarta aventura da saga tem cenas de lutas ensaiadas de fazer babar. Novamente são os efeitos especiais nossos santos protagonistas e o cast está ali para ‘cumprir tabela’. Em 1996 quiçá o público acreditasse em tais perigos provavelmente propostos a fim de serem finalizados, com o murro de Hurt no tal botão vermelho berrando a famosa frase– ‘Missão Cumprida!’. O espectador cansou. Tom Cruise deveria rebuscar outros sets, histórias. Apesar da trilha sonora com o arranjo um tico diferente, ‘Missão Impossível: Protocolo Fantasma’ ao invés de atrair, afasta. As fãs do galã Cruise, é claro, verão a fita. Guris têm atrativo de Paula, Léa. E, afinal, o airbag abriu depois de o carro cair, né?
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