Houston, temos um filmão! (publicado originalmente em 6/9/2011)

Filmes, mesmo quando não são bons, mas se marcam por algum motivo, costumam render outras fitas que tomam essas obras como as referências. São bem claras as inspirações de 'Apollo 18: A Missão Proibida' (2011). Vem desde 'A Bruxa de Blair' (1999), 'Atividade Paranormal' (2008). É o chamado susto invisível, quando o público fica bem curioso em ver o mal, porém ele jamais aparece, ou, se surge na tela, é em fração de segundo. Também há as câmeras amadoras. Como se os espectadores acompanhassem um documentário, cuja verdade transborda em todos os sentidos. De fato, tudo não passa de lorota ou aquelas pegadinhas sem graça, dos pânicos e, por conta das câmeras avulsas, as imagens tremidas ou embaçadas.

'Apollo 18: A Missão Proibida', todavia, conta a história de uma viagem espacial dos EUA à lua no final de 1974. Dois astronautas, Ben (Warren Christie), Nate (Lloyd Owen), são mandados em projeto ultrassecreto à lua para averiguar as condições do solo lunar. A dupla diz à família que fará outra proposta e para eles se despreocuparem. Ao chegarem no satélite da Terra acontecem estranhos casos. Primeiro, os dois acham uma nave russa, perdida, quebrada e totalmente abandonada. Onde estarão os cosmonautas? O foguete foi deixado ali por qual razão? Eles voltaram ao planeta natal ou morreram à míngua? O longa se torna envolvente a cada cena e, até por ter menos de 90 minutos de duração, contagia em todos instantes.

O diretor é o desconhecido espanhol Gonzalo López-Gallego. Seu trabalho é primoroso e com o material que tem nas mãos, realiza produção esplêndida. A mistura de sequências de suspenses somado às câmeras nervosas e sutis retoques nos sets e direção de arte, transformam 'Apollo 18' em uma bela aposta, além de abrir de forma espantosa a carreira de Gallego. Com orçamento de 5 milhões de dólares, o longa nos exibe o que teria sido a missão 18 da Apollo. Ela realmente ocorreu? E quando e por quais motivos os Estados Unidos sempre se recusam a falar dela? Diziam ter sido abortada pelo corte de gastos. Pessoas já afirmaram ser a verdadeira razão a existência de vida na lua para nunca mais humanos retornarem para lá.

Assim como tem gente até hoje sem crer que o homem foi à lua, também tem crentes nas vidas no setor do São Jorge e seu dragão. Você acredita? 'Apollo 18' pode ter 1001 possibilidades de análise. Se os monstros encontrados são daqueles tipos, quem poderá saber? Desde 1972 (missão Apollo 17) ou 1974 (a 18) ninguém põe os pés no solo lunar. Ben e Nate penaram a conseguir cumprir planos do Departamento de Defesa dos EUA. Chegaram a suspeitar serem cobaias dum plano maléfico. Será mesmo? Todas estas questões, e mais, jamais terão a resposta merecida. O filme esclarece a uns, não a outros. Para quem quer se divertir, é um prato cheio. É uma versão diferente de se fazer cinema, e muito boa, aliás. Eu o destaco.

Um dos roteiristas é Cory Goodman, o mesmo do recente e razoável 'Padre' (2011). O parceiro é Brian Miller, estreante em longas-metragens. Para um script de pouca duração como esse, a proposta da dupla foi azeitada. Pega o público com a trilha sonora assombrosa e tudo mais. Aquele 'Houston, we have a problem' bem famoso, pode ser substituído por 'Houston, we have a big film!'. Eu sei, eu sei. Foi brega.

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Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 06/09/2011
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