Filme – O Dom da Premonição - uma análise do tema "Mediunidade"
Assisti recentemente ao filme “O Dom da Premonição” – título original “The Gift”, lembrando que a tradução da palavra “gift” para o português pode ser “presente”. Assim, já começa aqui nossa reflexão: seria a mediunidade (tema tratado no filme) realmente um ‘presente’? – Resposta: sim e não.
O filme, lançado em 2000, tendo como protagonista a atriz Cate Blanchett – atuando MARAVILHOSAMENTE como a personagem “Annie Wilson”, trás ainda outros nomes de peso, como Keanu Reeves, Hilary Swank e Katie Holmes.
Na história, Annie Wilson é uma viúva que, para auxiliar sua renda e sustentar seus três filhos pequenos, usa de sua mediunidade fazendo atendimentos particulares, onde coloca as cartas e além de fazer previsões, também atua como “psicóloga”, ouvinte, conselheira e amiga.
O filme mostra de forma muito clara como o uso da mediunidade deve estar sempre envolto na discrição e cercado de diversas precauções – que no caso, Annie Wilson não tomou.
O fato de usar sua mediunidade faz com que pessoas mais conservadoras da cidade passem a vê-la como uma espécie de bruxa ou feiticeira, o que já lhe causa inconvenientes pelo julgamento que encontra nos olhares por onde passa. Depois a situação piora, quando a personagem de Hilary Swank a procura pedindo conselhos, e Annie a aconselha deixar o marido que a espanca constantemente. O marido espancador, personagem de Keanu Reeves, começa então a perseguir Annie, ameaçando inclusive seus três filhos. Para ele, Annie é uma “bruxa intrometendo-se onde não devia”.
Mas o espírito da avó de Annie lhe avisa que “tempestades estão por vir”, e de fato a situação consegue ficar ainda pior quando a personagem de Katie Holmes é assassinada, e através de sua mediunidade Annie descobre tanto o paradeiro do corpo, como posteriormente a identidade do assassino. O anúncio desta descoberta coloca a vida de Annie em risco, e é aí que fica a pergunta: “não deveria Annie se abster de envolver-se em tais assuntos de competência da polícia local, guardando silêncio daquilo que lhe foi revelado mediunicamente?”
O filme traz uma reflexão muito importante para todos aqueles portadores de mediunidade ostensiva. Tomemos por exemplo a situação hipotética onde uma pessoa – médium ostensivo – receba por intuição ou vidência a informação que outra pessoa está prestes a morrer. Se o médium comentar com a pessoa ou com outros tal informação, quando a morte acontecer, o médium poderá tornar-se suspeito desta morte... afinal, ainda são muitos aqueles que desacreditam as premonições e informações extrasensoriais, e poderão encarar o fato da seguinte maneira: “se o médium sabia antecipadamente da morte prestes a acontecer, é porque provavelmente ele mesmo está envolvido e/ou provocou a tal morte”.
Ao final do filme, quando o assassino da personagem de Katie Holmes decide assassinar também a vidente para que esta não lhe entregue à polícia, ela é inesperadamente salva por “Buddy”, um dos seus clientes com terríveis problemas psicológicos e traumas de infância, mas que em vez de buscar ajuda médica, preferia recorrer às cartas e conselhos de Annie Wilson (eis aqui mais uma importante reflexão sobre a importância de unir tratamento físico ao espiritual - a exclusão do tratamento físico é considerada irresponsabilidade, e o filme também retrata muito bem esta questão).
Mas então aquele que a salvou some inesperadamente, e depois vem a notícia de que Buddy não poderia tê-la salvo, visto que ele mesmo já estava morto – havia se enforcado algumas horas antes. Como explicar esse fato? “Marmelada” de Hollywood? (risos). Não! Este final surpreende revelando a seriedade no estudo espírita para compor a história. A aparição de Buddy salvando Annie pode ser explicada como “Agênere”, que é a aparição de um desencarnado onde este se reveste momentaneamente da forma de uma pessoa viva (corpo sólido), a ponto de causar completa ilusão ao observador, que supõe ter diante de si um ser corpóreo – encarnado. (“O Livro dos Médiuns”, Allan Kardec, item 125).
Voltando agora à pergunta inicial deste texto: seria a mediunidade realmente um ‘presente’? – Resposta: sim e não.
- Sim, a mediunidade é ferramenta para resgate cármico, é através da mediunidade também que muitas pessoas são consoladas e passam a ter entendimento do grande esquema “vida-morte”, e após o entendimento vem a aceitação, que muitas vezes pode livrar da depressão aquele que perdeu o ente querido.
- Não, a mediunidade é ferramenta que exige estudo e cuidado para saber como lidar com ela sem envolver-se em problemas maiores, como retrata tão bem este filme. A mediunidade não é presente no sentido de “privilégio”, mas sim uma RESPONSABILIDADE maior que é confiada à pessoa.
Concluindo, posso dizer que o filme “O Dom da Premonição” é muito rico de conteúdo – sério e inteligente! – e deixo aqui minha recomendação, principalmente a aqueles que se interessam pelo tema “Mediunidade”.