TIROS EM COLUMBINE E A MÍDIA CONTEMPORÂNEA.
Creio ser um momento oportuno postar sobre um documentário chamado “Tiros em Columbine” de Michel Moore, este documentário trata de uma análise da sociedade estadunidense buscando as prováveis origens dos assassinatos na escola de Columbine. Na época os assassinatos chamaram a atenção da população de diversos países e foi muito noticiado. Creio ser oportuno por causa do recente massacre no Rio de Janeiro e também por abrir no documentário algumas discussões sobre esses tipos de massacre. Em minha opinião é um absurdo e uma covardia a prática da violência, principalmente sobre crianças, adolescentes e mulheres.
Segue abaixo um texto que escrevi durante a faculdade com uma analogia do documentário e do texto: Novos regimes de visualidade e descentralizações culturais de José Barbero relacionando-os a Mídia Contemporânea.
O documentário Tiros em Columbine é um documentário que tem como proposta discutir quanto à ideia de como as pessoas percebem a mídia - a mídia como um todo: por meio de filmes, documentários, jornalismo na TV e propagandas.
O documentário faz uma crítica à violência (por meio do uso de armas de fogo) nos Estados Unidos. Para explicar o fanatismo de armas pelos estadunidenses, Michel Moore (diretor do documentário) procura as explicações pela sua “história violenta”, pela “mistura étnica”, pela “violência na tv” e pelo escritor de A Cultura do Medo. Nas cenas, onde ele tenta explicar as causas da violência, ele nega-as também contrapondo com exemplos de outros países. Percebe-se a tentativa de negar as explicações de censo comum, pois ele contrapõe a “história violenta” estadunidense, com a história da Alemanha (Hitler); os filmes e videogames que se jogam nos EUA, com os que se jogam no Japão e Canadá, informando que são os mesmos jogos e mesmos filmes consumidos no EUA, mas apenas lançados em dias diferentes. Por fim, refrata a afirmação de que o problema é a “mistura étnica” estadunidense ao comparar com a mistura étnica do Canadá.
Ao procurar entender a relação violência e mídia, Moore destaca em sua entrevista com o músico Marlym Mason, com o escritor de A Cultura do Medo, as cenas dele procurando alguns cinegrafistas que estão na rua captando imagens sobre um roubo e o diretor de um programa de Reality Show, a necessidade de o espectador decodificar as imagens que vemos pelos meios de comunicação em massa, principalmente os televisivos como TV, cinema e vídeos. Nas entrevistas ele procura saber o que mais chama atenção do público e quais imagens os cinegrafistas preferem captar. Com Marlym Mason, o músico acusa a mídia de selecionar os fatos com o fim de deixar o público “adrenalinado”, e em seguida passar propagandas para se comprar produtos diversificados, pois o importante é consumir. O escritor coloca que a violência diminuiu, mas na TV ela apenas aumenta, porque é passado aquilo que interessa ao mercado e ao público.
No final do documentário percebe-se que o diretor faz uma campanha contra a ANR (Associação Nacional do Rifle), pois é quando ele apresenta a entrevista com o ator e presidente da ANR, Charles Helston. Nessa entrevista evidencia-se o viés que o filme foi estruturado. Desde o início, Moore procura desmistificar as respostas do ator/presidente quando indagado qual o motivo da violência nos Estados Unidos e por que neste país as pessoas “enlouqueciam” ao ponto de cometer assassinatos como os da escola Columbine. Ou seja, Moore envolve o telespectador na trama de que o problema está no mercado de armamentos e na ANR. Além de julgar os Estados Unidos como pai da violência no mundo, quando se trata de ser o xerife do mundo, um país temeroso pela semente que planta e que teme seu próprio semelhante. Isso é mostrado quando o filme faz uma digressão das guerras e ditaduras ocorridas na última metade do século XX na América e no Oriente Médio. Michel Moore coloca o seu país como responsável pelas ditaduras e não como cúmplices de grupos internos que desejavam essa ditadura, ou seja, Moore coloca que os EUA não só apoiaram como fizeram as ditaduras nas Américas, como se internamente não existissem movimentos a favor de outros governos e contrários aos que tinham ganhado, como foi o caso do Chile e do Brasil na década de 1960 e 1970.
Para completar essa análise da mídia contemporânea é importante relacionar o texto de José Barbero: Novos regimes de visualidade e descentralizações culturais, pois neste, ele além de fazer um debate sobre o uso da mídia pelos professores não só como material ilustrativo, mas como ferramenta para análise da sociedade. Para Barbero os professores deveriam ensinar os alunos a decodificar e incorporar os meios de comunicação televisiva e cinematográfica, pois as crianças e os adolescentes vivem num mundo dinâmico de muitas imagens e conhecimentos, que ele chama de descentralizações culturais e onde o cotidiano dos pais fica explícito na TV e enfraquecem a autoridade do mundo dos adultos.
Apesar do texto não falar em como devemos analisar o audiovisual. Eu não vejo outra forma a não ser a de assistir diversas vezes e parar cenas quando necessário, para finalmente poder compreender de forma mais crítica e analítica os filmes, programas de tv e vídeos em geral.
O documentário analisa o fanatismo pelas armas de fogo e faz boas críticas à mídia, à necessidade de se fazer tv para o mercado, de atender às necessidades do público e de como é elaborado os programas de tv sobre violência. O texto do Barbero discute as formas dos professores trabalharem com a comunicação audiovisual explicando como a sociedade se relaciona com o meio, e como a tv interfere na sociedade. Ele também identifica os pontos em que a TV interfere nos hábitos e costumes de seus espectadores, mostrando que existe, como em um livro, falhas, um raciocínio, uma lógica, uma parcialidade e que necessitamos nos aprimorar mais nesse conhecimento para criticá-la de forma mais contundente, esse meio de comunicação tão envolvente e novo e com extremo poder de persuasão.
DEIXO MINHAS CONDOLÊNCIAS ÀS FAMÍLIAS E AMIGOS DAS VÍTIMAS DA ESCOLA CARIOCA.