É tão vazio... (publicado originalmente em 3/5/2011)

Impressiona-me sobremodo a falcatrua do cinema dos Estados Unidos. Do mesmo jeito é com o Brasil. Temos uma produção em série de telenovelas, e certamente a maioria cai nos buracos da péssima qualidade. Nas terras do Tio Sam, quanto mais filmam, de 100 saem 5 ou 6 de algum galardão. Vejam o caso de 'Eu Sou o Número Quatro', lançado recentemente por aqui. Em chãos de super-heróis à exaustão, a película mostra um jovem com uma lanterna na mão, e azul. Nada a ver com 'Lanterna Verde', pois nem a cor é igual. Mas sim John, que veio do planeta Lorien, fugido ainda bebê após uma dizimação de toda a população. E não só ele. Outras oito crianças estão escondidas na Terra, para que os Mogadorians não os descubram. John (Alex Pettyfer) é a próxima vítima porque os números 1, 2 e 3 já foram assassinados.

Qualquer semelhança ou coincidência com Superman ou o próprio Lanterna Verde não pode ser creditada como intromissão ou plágio. Trata-se de um filminho à toa com pretensões a sequências (o livro no qual foi baseado é grande e o diretor quer fazer mais 5 longas-metragens). 'Eu Sou o Número Quatro' entra sem fazer força em todas as listas de bobagens batidas a serem executadas numa película. Os heróis saindo imaculados de uma explosão, a perseguição até os últimos suspiros, o mocinho e a mocinha com o terceiro valentão à espreita, o amigo sonso disposto a 'ajudar', enfim, se eu tivesse levado uma caneta e o meu bloco de anotações, teria marcado um X nestas opções. É tão vazio... E na semana em que estreará o categórico e impressionante 'Reencontrando a Felicidade' (2010), 'Eu Sou o Número Quatro' nada mostra.

O mocinho, John, apaixona-se por Sarah (Dianna Agron). Sam (Callan McAuliffe) é o parceiro de todas as horas, apaixonado por histórias de extraterrestres e jura que seu pai foi abduzido. Henri (Timothy Olyphant) é uma espécie de anjo da guarda de John e conhece os segredos de Lorien e sabe de John e seus superpoderes, ainda desconhecidos ao adolescente. Batalhas cheias de cor, velocidade e evidentemente os efeitos especiais, dominam a trama. Não me causou arrepios e tampouco taquicardias de emoção. Penso ser o típico 'cumpre o dever' ou 'passou raspando na prova'. A alguns espectadores será nem isso. Mas se você quiser se distrair, esvaziar a cabeça com aventura de super-herói pode ir ao cinema. Entretanto não espere muita coisa. Você ouvirá barulhões, explosões, reações a lutas malucas, voos, inabilidades de tudo.

Há determinados instantes na fita em que o didatismo chega a incomodar. O roteiro explico tudo: o motivo disto, o porquê daquilo, a causa do outro etc. Os atores, coitados, são a porção mais ingênua do filme. Inexperientes, deslocados em algumas cenas e agindo como robôs em outras, Pettyfer e Agron não têm aquela química aguardada pelo casal romântico. Ele interpreta com o rei na barriga. Ela nos passa a impressão de estar prestando um favor ao diretor D. J. Caruso. E nem o olhar amedrontador de Olyphant influencia o filme. Enfim, torçam para que 'Reencontrando a Felicidade' estréie em Jacareí nesta sexta (6).

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Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 03/05/2011
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