Você viu o Oscar? (publicado originalmente em 1/3/2011)
Você aí, viu o Oscar? A cerimônia aconteceu na noite de anteontem, varou a noite. A consagração de melhor filme ficou com 'O Discurso do Rei', cujo troféu foi entregue pelo Steven Spielberg. A edição da Academia de Artes, com imagens dos dez filmes cobertos pelo som do discurso do rei George VI, por Colin Firth, que informa o início da Segunda Guerra, impressionou. Entretanto, entregou quem venceria.
A má notícia (?) aos brasileiros foi perder o troféu pelo documentário 'Lixo Extraordinário'. Mas ter 50% de uma obra não é grande coisa. Quem ganhou foi 'Trabalho Interno', acerca de crise econômica mundial de 2008. Tom Hooper abocanhou o prêmio de diretor por 'O Discurso do Rei'. Acho seu trabalho médio, porém técnico, sendo assim. De ator e atriz, palmas a Natalie Portman (esperado) e Colin Firth (a consolação pelo homossexual de 2009 em 'Direito de Amar', que perdeu a Jeff Bridges e brilhou, diga-se).
'A Origem' se destacou em conquistas técnicas (som, fotografia, efeitos especiais, este merecido).
Ver o Spartacus Kirk Douglas dando a Melissa Leo Oscar de coadjuvante me emocionou. James Franco e a gracinha Anne Hathaway não tiveram a boa química. Detestei a ideia do casal e proponho para Academia desistir do feito. Christian Bale mereceu o troféu de coadjuvante, embora Geoffrey Rush tenha feito também um trabalho irretocável. 'Toy Story 3' era moleza para longa de animação. Mesmo o 'Como Treinar o Seu Dragão' sendo terno, não havia jeito de deter os brinquedos que vivem. Considerei justo as taças de 'Alice no País das Maravilhas' (figurino e direção de arte). Tim Burton acertou a mão novamente. Revimos mr. Billy Crystal, o melhor apresentador do Oscar que já vi. Aliás, deveria retornar a este posto.
Justo ou sacana, coeso ou aborrecido, elegante ou feio, parcial ou ileso, é esta grandiosa noite de gala que os Estados Unidos oferecem ao mundo. E mesmo com a audiência despencando ano após ano, a Academia segue forte à temporada próxima. A lição de 2010 é a de não se confiar em qualquer produção, pois foi, dos últimos tempos, o ano de piores obras possíveis, imagináveis. Talvez alguns longas ficassem fora caso a média dos demais fosse mais alta. Porém, fazer o quê? Era o que se tinha para este momento.
Já ouvi pessoas me dizerem ser o Oscar a festa só ‘para inglês ver’, na qual toda a Hollywood fica ateando fogo em si própria, numa espécie de autoelogio. A festa, também escutei, além de enfadonha e de breguice tamanha, é muito cumprida e dá sono. Outro comentário: os brasileiros nunca verão graça nesta premiação por dois motivos – 1º) o país jamais conquistou uma estatuetazinha sequer e 2º) a maioria nem sequer assistiu aos filmes concorrentes. Tudo isto até pode ser verdade, mas é bom lembrar que o Oscar é uma cerimônia quase centenária (nasceu lá em 1927) e considerada a maior honraria de toda a sétima arte.
O que aconteceu na noite de anteontem foi mais uma prova de quão bom é se manter a tradição e ter este programa uma vez por ano. Eu acompanho a solenidade de maneira integral desde 1999, quando o Oscar era realizado às segundas-feiras. Se não me engano a partir de 2000 ou 2001 passou aos domingos. Nunca me importei com o horário (em Los Angeles, onde está o teatro Kodak, a festa se inicia às 17h30 e no Brasil, 22h30), mas bem que a Academia de Artes poderia se organizar e mudar seu dia para o sábado.
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