A GREVE - Filme de Eisenstein

O filme "A Greve" foi produzido em 1924, com direção de Eisenstein e é um exemplo do Construtivismo Russo.

O filme conta a história de uma greve ocorrida em uma fábrica e os conflitos que ocorrem entre os trabalhadores, empresários e polícia. A mensagem do filme é fortemente ideológica e representa o momento político vivido à época na União Soviética (ascensão do Socialismo/Comunismo).

A narrativa do filme é linear na cronologia, com o tempo transcorrendo normalmente, sem flash-backs. Já a montagem é dialética, com o uso de quadros não lineares. Isso pode ser observado em vários momentos do filme, como por exemplo, na apresentação dos espiões, onde é mostrado o rosto do ator e do animal.

O filme é construtivista, ou realista, pois utiliza cenários reais (a fábrica, as casas, a vila, os trabalhadores). Todo o filme é antecedido de um estudo através de story-boards. Diferente do expressionismo alemão, que utiliza cenários irreais.

Há no filme diversas cenas que exemplificam os recursos visuais e a proposta do diretor:

a) Imagem superposta: o trabalhador cruzando os braços enquanto a máquina vai parando.

b) Metáforas: exemplo já citado dos espiões, os empresários em reunião, quando um deles espreme o limão para fazer suco e intercalam-se imagens dos trabalhadores sendo reprimidos pela polícia (trabalhadores virando suco).

c) Sarcasmo/ironia: o empresário limpando o sapato com a carta de exigência dos grevistas. A resposta "política" às reinvidicações.

d) Mensagem ideológica: quando os grevistas invadem a fábrica e um deles grita "vamos à forja, buscar a foice e o martelo!".

e) Momento dramático: criança sendo largada no alto do prédio, pelo policial, para cair em queda livre e morrer.

f) Mensagem final: contraponto entre o matadouro e os grevistas sendo massacrados pela polícia. Se os trabalhadores não se unirem e reagirem, continuarão a ser tratados como gado ("vida de gado").

Apesar do filme ser mudo ele é "audível". A imagem da sirene na fábrica, sendo acionada por um trabalhador é um exemplo.

A montagem do filme é extremamente rápida e isso funciona perfeitamente a favor da dramaticidade e da tensão que vai aumentando. Em praticamente todo o filme a câmara fica parada, com cortes rápidos de cena, planos médios e closes, sem zooms. Somente no final, ao mostrar o campo com os corpos dos trabalhadores mortos pela polícia, há uma panorâmica e a câmara se movimenta, como a dizer que tamanha atrocidade não caberia em um único quadro.

(artigo apresentado no curso "filosofia da arte" - módulo "história do cinema" - em setembro de 2007).

DIMAS ROCHA
Enviado por DIMAS ROCHA em 19/12/2010
Código do texto: T2680826
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