"Tropa de Elite - O inimigo agora é outro"
‘Tropa de elite osso duro de roer, pega um pega geral, também vai pegar você!’. Acredito que essa música é conhecida de dez entre dez pessoas, principalmente se forem do Rio de Janeiro, onde a música desde a primeira vez que foi lançada, virou hit. Perguntei a algumas pessoas, que conheço e são do Rio de Janeiro, se tinham assistido ao filme do qual essa música é trilha sonora, principalmente o segundo filme. O que me responderam foi algo que me fez pensar durante um bom tempo e serviu de mote para este texto. As respostas, em síntese:
"O filme fala de morte, violência, mostra a realidade como é, mostra que não somos vítimas do tráfico apenas, [...] mas de uma grande rede de corrupção que assola o Brasil como um todo. Só que o RJ aparece mais na mídia, por isso pensam que apenas na nossa cidade há tanta violência assim [...]. Aqui é apenas uma das filiais da violência e corrupção. A matriz é em Brasília".
Eu nem soube o que dizer depois. Apenas agradeci por terem dado atenção à minha pergunta, fiquei sentada durante algum tempo e cá estou eu a escrever, sobre o filme, pra vocês. ‘A matriz é em Brasília’... Dado o contexto a resposta choca. Nossos representantes não deveriam zelar pelo bem comum? Por nossa segurança? O que se espera de um representante do povo é uma postura ética, ações permeadas pela equidade... Entre tantas outras coisas. Porém, o que se viu no filme, e o que vemos no filme da vida real que passa diante dos nossos olhos assim que o abrimos para o mundo, é algo muito diferente.
Apesar de logo no início do filme ter a irônica advertência ‘qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência’, eu não esperava ver assim, de maneira tão crua, as relações políticas permeando a violência e o tráfico. Talvez eu tenha estado, como muitos brasileiros, com os olhos tapados, porque só não vê quem não quer [ou não deseja crer], que a política corrompe o homem até a alma. O único amigo do político corrupto passa a ser o dinheiro, e se alguém falar em consciência vai dormir com uma bala no meio da testa, e amanhecer numa vala.
Há poucos dias vi uma reportagem na Record, sobre um dos políticos mais violentos do Brasil, que foi condenado a mais de cem anos de prisão: o Deputado da moto-serra. Pelo nome já se imagina o que ele deve ter feito com as vítimas. Muitas mortes constam em sua folha corrida, e ele, apesar de todas as evidencias apontarem para sua culpabilidade incontestável, continua jurando que nunca matou ninguém. Está sendo alimentado, tem onde dormir, e está numa cela segura, sem muito contato com outros presos, por medidas óbvias. A justiça foi feita colocando-o na prisão? Bem, isso já é outra história, daria outro texto de outro tema... Certamente daria muito‘pano pra manga’. A corrupção, a violência e a política estão de maneira tão misturadas que não se sabe onde começa uma e termina a outra.
Enfim, sabemos que gentileza gera gentileza, e o que o filme ‘Tropa de Elite – O inimigo agora é outro’ mostra que corrupção aliada à violência gera cada vez mais poder político.