Entrevista de Renato Prieto, o André Luiz de 'Nosso Lar' (publicado originalmente em 14/9/2010)
‘Até hoje quando assisto me emociono’
Artista do teatro, o ator e diretor Renato Prieto aprendeu cedo a seguir o espiritismo. ‘Sempre tive a dúvida de tudo’, disse ele em uma entrevista. Não à toa, na carreira a maioria das obras que encenou são ligadas a esta doutrina. Em conversa via e-mail à coluna, ele conta como foi rodar ‘Nosso Lar’, somente o segundo filme em mais de 40 anos de estrada. Consagrado nos palcos, Prieto tenta retumbar nas telonas. Não será difícil. A fita mais cara da história do cinema nacional (R$ 20 milhões) já arrecadou mais de R$ 6 milhões na primeira semana de exibição. Se a fama vem por isto? Claro que sim. ‘Televisão é fascista’, dizia Mário Lago. Diria que cinema, idem. André Luiz, para sempre agora, será o rosto de Renato Prieto.
O senhor é espírita há muito. Qual livro desta religião gostaria de levar ao teatro ou ao cinema?
Já pude fazer no teatro vários livros por mim escolhidos e adaptados pelo [ator e diretor] Cyrano Rosalém, como ‘E a Vida Continua...’ (68), ‘Paulo e Estevão’ (1942), ambos de Chico Xavier, e outros. Tiveram sempre muito sucesso. Eu quero adaptar mais, mas no momento só tenho um foco: ‘Nosso Lar’.
Teve algum momento nas filmagens de 'Nosso Lar' que mais o emocionou, por quaisquer motivos?
Foram cenas difíceis, mas as com a família, as no umbral e o reencontro com a mãe [a atriz Selma Egrei] são realmente muito emocionantes. Até hoje quanto assisto a alguma exibição eu me emociono.
O senhor é um ator essencialmente de teatro. Fez poucos trabalhos no cinema e na televisão. Qual a razão disto: é opção sua mesmo ou foi falta de oportunidades por parte dos cineastas e das emissoras?
Sempre fui muito convidado, mas teatro é a minha casa. Diria que o teatro é e sempre será a minha primeira opção. Porém, continuo aberto aos bons convites. Eu costumo dizer que não preciso de emprego, preciso de trabalho, e isto significa bons personagens. Gosto de desafios, seja no teatro, TV ou no cinema.
Qual é o longa-metragem sobre espiritismo que mais marcou a sua vida de espectador?
‘Além da eternidade’ [1989, com Richard Dreyfuss, Holly Hunter e Audrey Hepburn – foi o último filme da atriz, que morreria de câncer em 93, aos 63 anos], do Steven Spielberg, foi um deles, sem dúvida nenhuma, mas garanto que ‘Nosso Lar’ supera todos.
Foi muito difícil perder quase 20 quilos para interpretar André Luiz? Como foi este processo?
No início foi difícil sim, mas depois fui me acostumando com a rotina. Contudo, era necessário perder peso para cenas do umbral, que me exigiam demais, e como disse antes gosto de desafios. O tempo todo eu fui acompanhado por um terapeuta, o doutor Carlos Eduardo Goulart de Brito, e por um médico, o doutor Oswino Penna. Tudo foi feito com bastante responsabilidade.
Por que as pessoas de outras religiões, ou até atéias, devem assistir a 'Nosso Lar'?
Simples: é um filme para todos. É um filme que mudará a sua vida para melhor, não tenho dúvidas. Trata-se de um bom cinema, de um bom combate, com bela história para o espectador pensar e tirar suas próprias conclusões, sem pregação.