Trupe do murro reunida (publicado originalmente em 17/8/2010)
Já havia me cheirado mal a ideia de Sylvester Stallone de rever os scripts de Rocky e Rambo. E, de fato, todos sabiam que daria errado. Só os fãs, e ninguém mais além deles, se deliciaram e rasgaram suas roupas de admiradores do lutador esgarçado ou do reacionário arrependido.
Mas Stallone resolveu inovar. Porém, inovar com velharia. Em 'Os Mercenários' (2010), ele junta a trupe do murro dos anos 80: Bruce Willis, Dolph Lundgren, Jet Li, Mickey Rourke e – pasmem– Arnold Schwarzenegger. O grupo, unido ou não, formam a legião que dá o título à fita.
Roteirizada, em parte produzida, dirigida e protagonizada pelo próprio Stallone, o longa mostra o quão evidente está a decadência de cada um destes atores-brucutus. Dá para ser peça de estudo de psicanalista, como alguém durante o filme cita: porque artistas assim, ora com o brilho dado pelo público, se prestam a rodar aventuras deste tipo, mais ao lado da terceira idade? Talvez o nome 'Mercenários' caia bem aqui. Nada como dólares, milhões deles, para quem está na 'pendura', não?
Bem, sobre a história, há pouco a se refletir. A equipe de Stallone faz serviços de eliminações por dinheiro. Desta feita, um empresário (Willis) a contrata para matar o ditador de Vilena, um vilarejo longe dos lugares onde Rocky despachava seus sparrings. Na verdade, Vilena é o Rio de Janeiro maquiado com pó (no sentido literal). As filmagens foram na antiga capital.
E eles a estragaram bem. De volta às cenas, é a filha do general que traz mais fôlego. É Giselle Itié, mexicana criada no Brasil, que recentemente fez a Bela, a feia, na TV Record, e não passa de uma atriz de corpo (muito) e menos alma, típica dos trabalhos dos atores-brucutus. Eles necessitam delas, e elas fazem porque... Também não sei esta resposta. O ponto é que quando todos estão desistindo da missão, Barney (Stallone) volta atrás para salvar Sandra (Itié), que está nas mãos de Monroe (Eric Roberts), o empresário financiador da repressão vilenense. O resultado? O de sempre: tiros, sangue, cabeças, pernas e braços nos ares. É um filme para machos, mas é ruim de doer.
Há diversas fases divertidas em 'Os Mercenários'. A principal delas é a pequena participação de A. Schwarzenegger. Stallone captou a pitada que teria de dar ali, contudo a fez de forma pouco chique. 'Ele quer ser presidente' soou como provocação depreciativa, quando se exigiria certa dose de ironia elegante. Outro dado sobressalente são as duas ou três vezes em que Christimas (Jason Statham) indica a Barney a interromper a carreira. 'Você está lento'. Trata-se da impiedosa verdade.
Sylvester Stallone está lento. De nada adianta filmá-lo correndo e pulando num helicóptero. Se enganava antes, agora é motivo de chistes. O senhor de 63 anos jamais se daria a este trabalho. O fortão continua fortão, todavia está mesmo lento.