Vamos brincar com Freddy (publicado originalmente em 18/5/2010)
Clássico dos clássicos dos anos 80, as estripulias de Freddy Krueger ganharam, nada tardiamente, refilmagem. Aliás, nem sei porque rodaram novamente a trama. Em meados de 2009, entre maio e julho, o diretor Samuel Bayer e a Warner Bros filmaram a história que, a meu ver, mais aterrorizou pessoas há quase trinta anos. E o mote de Wesley Strick, o escritor da série do personagem, de tão simples se tornou irresistível: as pessoas não podem mais dormir, pois o sono é o combustível que move Krueger.
Claro que este ingrediente disse presente na fita lançada dia 7 de maio no Brasil. Basicamente, o roteiro de Wesley Strick e Eric Heisserer se inspirou no primeiro longa-metragem no qual apareceu o ser, rodado em 1984.
Vários adolescentes que inicialmente não têm ligação entre eles são assassinados durante pesadelos. Posteriormente, descobre-se que a turma estudou no mesmo colégio na época do jardim da infância, dos cinco aos seis anos. Ali, o jardineiro solitário Freddy Krueger era o xodó da garotada. Ele brincava com a criançada e gostava especialmente de Nancy. Mas logo os pais começaram a desconfiar que Krueger tinha a intenção de abusar sexualmente dos pequenos. Isto se confirmou quando a maioria deles disse que o tal jardineiro levava crianças a uma certa caverna secreta. Revoltados, os pais encurralaram Krueger em uma fábrica e atearam fogo nela. Freddy Krueger morreu queimado e agora, passados aproximadamente quase dez anos, quer se vingar das crianças que o entregaram. Uma a uma, elas são assassinadas ao dormirem.
Após o lançamento de ‘A Hora do Pesadelo’, em 1984, vieram evidentemente as sequências, até a sexta e última, em 91. Produtos com a marca Krueger surgiram nas lojas de brinquedos, como máscaras, garras, bonecos e até fantasia infantil, vejam só. O querido Freddy caía nas graças daqueles que ele mais adorava judiar nas fitas: as crianças. Isto sucedeu por um motivo bem fácil de explicar: nas continuações, o monstro deixou de ser monstro para se transformar em chacota.
O antes ‘A Hora do Pesadelo’ descrito como ‘filme de terror’, nos números 3 ao 6 passou a ser visto como comédia. Culpa da banalização destas histórias. Situação semelhante com Jason, da cinessérie ‘Sexta-Feira 13’ e as partes 1 até a 8 ou 9, não me recordo mais. Usam tanto o personagem e em cenas tão bizarras e esdrúxulas que o horror acaba virando trash, ou ‘terrir’, palavra vinda do cinema dos EUA a coligar principalmente trabalhos de Roger Corman. ‘A Hora do Pesadelo’ do século 21 é esforçado. Tem a mesma tonalidade musical. Nancy (Rooney Mara) e Quentin (Kyle Gallner) são perseguidos. Freddy é interpretado por Jackie Earle Haley, o mesmo ator –coincidência –que viveu um abusador de menores em ‘Pecados Íntimos’ (2007), sendo indicado ao Oscar de coadjuvante. Ele dá conta, mas não chega aos pés de Robert Englund, ator das obras anteriores.
‘Um, dois, Freddy vai pegar você depois’ é a música cantada para as crianças. Então, veja o filme e brinque com este novo Freddy Krueger. Você reviverá os sustos ou pulará da poltrona pela primeira vez...