Porque torço pela Alemanha nas Copas (texto-bônus ao Recanto das Letras)

Muitos já me perguntaram o motivo de eu torcer de forma ferrenha pela Alemanha nas Copas do Mundo desde 2002. Minha resposta é praticamente sempre a mesma: em primeiro lugar, porque a história deste país é deveras significativa para mim, passando apenas no século 20 por duas guerras mundiais, e ainda assim com a superação em evidência sempre; e em segundo lugar porque o Brasil ganhou cinco vezes o Mundial e possui a empáfia digna dos arrogantes desnorteados.

Lembro-me do primeiro torneio no qual me torcei ‘alemão’: foi a Eurocopa de 2000. Não dei sorte, pois a equipe, à época dirigida pelo ex-atacante Rudi Völler, caiu na fase um.

Depois veio a Copa de 2002, na Coreia do Sul e no Japão. Aí minha concentração estava totalmente no time ainda comandado por Völler. Estrelas como Michael Ballack, Miroslav Klose e Oliver Kahn entraram em campo nos sete jogos da competição. Neste ano, eu cursava o último ano da faculdade de Jornalismo e como as partidas eram disputadas de madrugada ou de manhãzinha devido ao fuso horário, normalmente via os duelos na universidade. A final, que ocorreu no domingo 30 de junho, às 8h da manhã, acompanhei deitado na cama do meu quarto. E as outras pessoas que torciam pelo Brasil ficaram na sala. O resultado todos vocês já sabem.

Fiquei relapso na Eurocopa de 2004. Aliás, nem me lembro como foi a campanha dos germânicos lá. A final foi entre Grécia e Portugal, com vitória dos gregos. Estava, na verdade, me preparando para 2006. Com a Copa disputada na Alemanha, as expectativas eram as melhores possíveis. As minhas, é claro.

Tirei férias para curtir não só meu país de coração, mas também o Mundial todo. As partidas foram indo: Alemanha 4 x 2 Costa Rica, Alemanha 1 x 0 Polônia e Alemanha 3 x 0 Equador. Nas oitavas-de-final, Alemanha 2 x 0 Suécia. Agora nas quartas, o jogo mais emocionante que já vi da Alemanha: o confronto com a Argentina. E ficou empatado.

Tinha comprado uma camisa ilustrativa da Alemanha e acompanhei os jogos todos com ela. Este com os reis do tango também. Suei muito. Quando foi para os pênaltis, me recusei a ver as cobranças da Alemanha. Eu vi as da Argentina, para dar azar a eles. Não é que deu certo? Depois do 1 a 1, 4 a 2 nas penalidades. Pulei do sofá, dei gritos de comemoração, enfim, fiz a festa. Foi o meu auge como o torcedor preto-vermelho-amarelo-branco. A decepção viria dias depois. Na semifinal contra a Itália, os bambinos nos venceram na prorrogação. Todavia, não tinha lugar à tristeza. Nós ganhamos de Portugal e asseguramos o terceiro lugar naquele Mundial.

Veio a Eurocopa de 2008 e de novo a Alemanha estava forte. Garimpou a vaga na finalíssima. Contra os espanhóis, caímos por 1 a 0. Nesta, eu já havia ganhado uma camisa da Alemanha pirata. Mesmo sendo contra este tipo de coisa, a vesti, segui as partidas com ela e com a de 2006 por debaixo. Estamos próximos do título?

Vejam: a minha vibração pela Alemanha não se dá somente por gosto pela história do país. Assistam a uma partida deles. Notem a garra, a obediência tática, a cooperação em grupo, a força, a vontade de não perder sequer uma bola. Podem até sair derrotados de campo, mas jamais sentirão remorso por não terem se dedicado.

A Alemanha possui a tradição de produzir jogadores de extrema elegância nas partidas. Quem viu Franz Beckenbauer atuar sabe o que estou dizendo. Atualmente temos Ballack como detentor deste refinamento. Há alguns anos, não muitos, tínhamos Lothar Matthäus, que só pelo nome impunha respeito. Foi ele quem ergueu a taça de campeão do mundo em 1990, quando derrotaram a Argentina por 1 a 0. Eu estava com oito anos, nem sabia direito o que era futebol e me importei o menos possível. O mais marcante que me lembro foi a vinda de alguns parentes que são argentinos e assistiram à decisão do Mundial com todo mundo na casa de minha avó.

Por fim, um pedido: se quiserem ter o segundo time para torcer na Copa, já que o Brasil fará apenas os três jogos da primeira fase, dediquem-se à Alemanha. Vocês não se arrependerão, podem ter absoluta certeza.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 28/04/2010
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