Sustos de lua (texto-bônus ao Recanto das Letras)
Lobisomem é sinônimo de licantropo. Isto, se você não for afeito a leituras, se aprende no filme 'O Lobisomem' (2010). Benício del Toro (de 'A Promessa' – 2001) e Hugo Weaving (da trilogia 'Matrix' – 99 e 2003) encampam esta readaptação do clássico do terror dirigida por Joe Johnston (de 'Jumanji' – 1995). Ela não é toda falha. Mesmo seu início, que faz lembrar as fitas de medo dos anos 1940, é recomendável. Baseado no roteiro de 1941, escrito por Curt Siodmak, cujo longa foi protagonizado por Claude Rains (de 'Casablanca' – 1943) e Bela Lugosi, empolga pouco o público. Nem a boa maquiagem consegue animar.
Na história, Lawrence Talbot (del Toro) recebe um comunicado da cunhada, Gwen Conllife (Emily Blunt) sobre desaparecimento do irmão dele, Ben (Simon Berrels). Logo John Talbot (Anthony Hopkins), pai deles, põe fim às especulações ao dizer que o corpo do filho foi achado jogado na floresta. A partir daí começa a investigação do caso. Lawrence, então, tem contato com a fera que sempre surge nas noites de lua cheia. Mordido por ela, ele agora desenvolve dentro de si a mutação, transformando-se no bicho que é metade homem, metade lobo. No fim, sabemos que Lawrence tem diferenças profundas com o pai desde a infância, acerca da morte da mãe dele. E assim, haja balas de prata a capitular este monstro do século 19.
Para dar sustos, Johnston usa maneirismos típicos de fitas B de horror, tal como música estridente e cenas gosmentas. Em 'Lobisomem' você se cansará de ver tripas, fígado, pernas, além de bastante sangue. O espectador deve ter estômago para aguentar. Apesar dos exageros, o filme tem boas sacadas. Exemplo: citar a investigação de Jack, o Estripador (o personagem de H. Weaving é o detetive encarregado e é visto que ele falhou na apuração do primeiro matador em série do mundo). Mais um ponto a favor: a escalação de Hopkins no elenco. É impressionante como ele ao longo dos tempos tem se caracterizado como o ator para fitas de terror. Foi assim em 'O Silêncio dos Inocentes' (91) e seus desdobramentos ('Hannibal' e 'O Dragão Vermelho') e 'Drácula de Bram Stoker' (92). O talentoso ator galês agora só serve para isso. Pena.