Nada de menor (publicado originalmente em 4/3/2010)
Desde o lançamento de ‘Invictus’ (2009) ouvi e li gente dizer sobre a qualidade desta obra de Clint Eastwood. Uma das afirmações mais categóricas era acerca do porte do filme em relação aos outros dele. Discordo com aqueles que impuseram a fita como ‘menor’ na lista de sucessos do diretor e ator.
Ela nada possui de menor, pelo contrário. Evidentemente, está bastante longe de atingir o patamar de, por exemplo, ‘Sobre Meninos e Lobos’ (2002), ‘Menina de Ouro’ (2004) e ‘Os Imperdoáveis’ (1992). Porém, e isto é bom que se guarde, ‘Invictus’ anda na mesma linha de ‘As Pontes de Madison’ (1995), ‘A Conquista da Honra’ e ‘Cartas de Iwo Gima’ (ambos de 2005). E para vocês, leitores, por acaso estas películas que citei entram na faixa ‘menor’ da carreira de Eastwood? Claro que não. Aliás, e tenho a impressão de que já pus aqui a frase outras vezes, são raríssimos os trabalhos dele como diretor dignos de notas abaixo da média.
A trama tem como pano de fundo a Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, sediada na África do Sul. Nelson Mandela (Morgan Freeman) está a um ano como presidente e vê ali a chance de unir os negros e brancos, até então separados pelo regime do Apartheid. Com este fim, ele se reúne com François Pineaar (Matt Damon), o capitão sul-africano da seleção. Pede-lhe empenho, inspiração e garra para conquistar o troféu, sabendo que a equipe é somente mediana. O fim todos sabem: na decisão contra a Nova Zelândia, a África do Sul vence por 15 a 12 e leva a taça. Ponto ao conjunto, a Eastwood e, sobretudo, a Freeman.
Em ‘Invictus’ o mérito todo é de Morgan Freeman, que também foi um dos produtores do longa. É um ator espetacular. Apesar de em alguns momentos derrapar muito nas escolhas de script (‘O Apanhador de Sonhos’, de 2003, é um exemplo massacrante), ele sempre acaba se sobressaindo. E aqui foi igual. São necessários apenas poucos minutos para que Freeman tome conta das cenas. Isto desta feita se valeu, pois o ator é admirador de Nelson Mandela. Estudou-o a esmo para montar o personagem. Trejeitos, o andar, o falar, o olhar, enfim, Freeman virou Mandela por aproximadamente duas horas. Está impecável e perfeito.