Transbordante (publicado originalmente em 24/9/2009)

Homens, vão preparados para ‘A Verdade Nua e Crua’, o novo trabalho do torto Gerard Butler que estreou sexta-feira passada. Mulheres, vão preparadas a ‘A Verdade Nua e Crua’, mais uma fita daquela belezinha da Katherine Heigl, aquela do seriado ‘Grey’s Anatomy’. Terrível, terrível... Quando o diretor Robert Luketic quer acertar, parece o desastrado que quebra coisas em sequência. É o típico caso de quem não sabe o que fazer com tanto material à disposição e acaba por exagerar em todos os cantos da trama. A jovialidade de Luketic (36 anos) e seu breve currículo (menos de dez filmes na carreira) talvez seja a boa explicação à capotagem que o levou a montar ‘A Verdade Nua e Crua’. Nada se salva? Não é bem assim.

A fita é, como diriam elas, bem ‘básica’: Abby Richter (Katherine) é a produtora de um programa matutino de TV de uma emissora local. A audiência da atração não anda tão boa – dois pontos só – e ela é ameaçada de sofrer cortes por parte dos executivos caso o público siga longe. Neurótica, problemática e à procura do homem ideal, ela continua morando naquele apartamento grande com o seu gato D’Artagnan.

Já Mike Chadway (Butler) é o completo oposto da jovem. Solteirão assumido e ex-telespectador de programas sentimentais, agora tem o seu próprio – que dá nome ao filme – em uma emissora pequena e quase sem audiência alguma. Viril, desbocado e arrogante, fala às moças tudo o que lhe vem a cabeça. Eu escrevi ‘tudo’ e você pode imaginar as frases mais chulas possíveis. Não me atrevo a reproduzi-las aqui.

Por um acaso, Abby assiste ao programa de Mike e telefona para participar ao vivo. O esculacho que leva dele é acachapante. Para surpresa dela (oh!) no dia seguinte seu chefe resolve contratá-lo e tentar subir o número de telespectadores. A entrada dele multiplica o público no primeiro dia e ele começa a ter quadros fixos diários no programa matutino que Abby produz com o seu peculiar arrojo cor-de-rosa, onde tudo é certo até demais. As palavras empoeiradas de Mike são o terror para ela, mas não ao seu superior.

O ponto correto da produção de ‘A Verdade Nua e Crua’ foi a escolha do elenco. O casal Abby e Mike é bonito fotograficamente falando e se entrosa bem nas cenas. Têm a química cinematográfica, se é que isto existe mesmo. A afirmação é demonstrada na cena de dança em uma boate, onde a sensualidade dá o tom. Não se presta atenção sequer à música tocada ali, no ambiente, mas sim aos passos deles dois.

A sujeira debaixo do tapete fica por conta da falta de criatividade do trio de mulheres roteiristas do filme: Nicole Eastman, Kristen Smith e Karen McCullah Lutz. Chega a ser constrangedor determinadas cenas. Não pensar não significa que o espectador quer ser comparado a um totem sem cérebro. Porém, é exatamente isto o que o trio faz os outros pensarem. Tudo no longa é muito fácil, sem esforço. Quiseram realizar uma trama leve, frugal e simples, mas transbordaram na dose. A hora e meia de ‘A Verdade Nua e Crua’ quiçá pode ser considerado o motivo. Seria ousado atestar que nem isso salvaria, mas vamos dar crédito (pequeno) à equipe de filmagem. Terão outras chances por aí e podem, sim, corresponder depois.

‘A Verdade Nua e Crua’ é filme feito para as mulheres, depois de vê-lo, tirarem onda dos homens com quem namoram, são noivas ou casadas. Evidentemente, quererão assisti-lo ao lado de seus cônjuges. Nisto, Nicole, Kristen e Karen atingem o objetivo. Por isso, repito: homens e mulheres, vão preparados.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 08/10/2009
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