O topo da Disney (publicado originalmente em 3 e 10/9/2009)
O empresário Walt Disney estava com 32 anos e com seus estúdios de animação produzindo à toda quando oito roteiristas – Dorothy Ann Blank, Richard Creedon, Merril de Maris, Otto Englander, Webb Smith, Ted Sears, Dick Rickard e Earl Hurd – se juntaram para uma tarefa árdua e difícil: adaptar a já tão famosa história dos irmãos Jacob Ludwig Grimm e Wilhelm Grimm ‘Branca de Neve e os Sete Anões’, escrita por eles no século 19. Na verdade, o relato redigido pelos Grimm foi mais uma adequação àquele conto da jovem bonita que tem em sua beleza o teor invejoso de sua madrasta. Existem no mundo várias versões da aventura, porém a mais conhecida é exatamente a dos irmãos Jacob e Wilhelm. Os roteiristas e os estúdios Disney demoraram aproximadamente três anos para levar ‘Branca de Neve e os Sete Anões’ à telona. De 1934 a 1937, para se ter uma ideia do esforço, o orçamento inicial era algo próximo de 150 mil dólares. Quando tudo foi acabado, o dinheiro gasto havia sido de 1,5 milhão de dólares – dez vezes mais.
A trama é bem simples e mundialmente conhecida: Branca de Neve é uma linda jovem que toma o posto de mulher mais bela do reino em que vivia de sua própria madrasta, a Rainha Má. Esta manda um dos empregados assassinar a princesa. Mas ele não consegue por sentir pena da pobre moça e recomenda a ela que fuja. Nesta partida, Branca de Neve depara-se com uma minicasa, a dos anões. Entra ali, limpa-a e acaba adormecendo. Os pequenos seres a encontram e, assustados no princípio, a acolhem depois. Mas a Rainha Má descobre que a enteada não foi morta. Transforma-se, então, na inocente velhinha vendedora de maçãs. Dá uma a Branca de Neve, que entra no sono profundo. Chega no fim o príncipe e a salva, com os anões dando um trágico desfecho à Rainha Má. Acriançado sim, mas cheio de emoção e muita ternura.
Frank Churchill, Leigh Harline, Paul Smith e Larry Morey foram os autores das canções do filme. É incomum não se lembrar de músicas como ‘Eu vou / Eu vou / Para casa agora eu vou’, por exemplo. E há outras que estão até hoje no imaginário das crianças, como a cena em que a mocinha baila com inúmeros passarinhos e na sequência em que arruma a casa dos anões e ali canta junto com quase todos os animais.
Foi o primeiro longa-metragem de animação da Walt Disney Pictures. Seus 83 minutos de duração foram recompensados. À época do lançamento, o sucesso da fita foi tamanho que a Academia de Artes, a organizadora do Oscar, não deixou o brilho passar. Na festa da premiação, entregou um troféu especial ao Disney e mais outras sete estatuetazinhas, uma para cada anão. Outra curiosidade recai sobre a feição de Branca de Neve. O rosto foi baseado na atriz Hedd Lamarr, uma das mais lindas dos anos 1930 e 40. Ela interpretou Dalila em ‘Sansão e Dalila’ (1949). Na feitura de ‘Branca de Neve e os Sete Anões’, Hedd, tal como a protagonista do desenho, era uma moça de rosto afinado e de só 22 anos. Tinha de ser ela mesmo.
Desde que surgiram as fitas VHS e agora os DVDs, o longa sempre esteve no ranking das raridades para locação e compra. Era altamente impossível se encontrar o desenho original, o da Disney. Claro que existem os falsificados, mas aí perde totalmente a graça. Todavia, isto está para terminar. Em outubro, no dia 1º, será lançado o DVD com extras e brindes (camiseta, luva e CD com trilha sonora completa). Trata-se de uma relíquia para se ter e guardar e prosseguir com a transferência do sonho de geração a geração.