Sonho em cores (publicado originalmente em 6/8/2009)

Há filmes que perduram décadas, gerações. Isto acontece porque, às vezes, a história é inesquecível, a atuação de determinado ator ou atriz fica para a eternidade, a direção fica marcada por ser perfeita ou se dá a soma destes fatores todos. No caso de ‘O Mágico de Oz’ (1939), existe uma mescla de relevâncias, a começar pelo diretor, Victor Fleming, que no mesmo ano tomou as rédeas de ‘... E o Vento Levou’, após alguns diretores abandonarem o drama de Scarlet O’Hara (aliás, seriam apenas estes os dois filmes dele de sucesso retumbante). O segundo ponto é a feitura da fita a cores. ‘O Mágico de Oz’ teve o privilégio de usar o atributo, numa sequência memorável na qual o sonho de Dorothy Gale é pintado como o arco-íris.

O roteiro de Noel Langley, Florence Ryerson e Edgar Woolf, baseado em livro de Frank Baum é de uma simplicidade ímpar, e isto contribui demais para o brilho da obra. A garota Dorothy (Judy Garland, na época com 16 anos interpretando uma menina de 11, o que passa tranquilamente, pois o rosto dela é de uma doçura jovial grandiosa) tem o cão Totó arrancado pela megera senhora Gulch (Margaret Hamilton). Mas o animal foge e volta aos braços da petiz. Ela, então decide fugir. Embarca, assim, no sonho da terra de Oz, um mágico misterioso que vive recluso e é temido por todos os habitantes daquela terra estranha.

Lá ela acha figuras estranhas. Quem não se lembra, por exemplo, do Homem de Lata (Jack Haley) e a sua procura por um coração? Ou o ‘feroz’ Leão (Bert Lahr) e a sua busca pela coragem? Tem também o Espantalho que quer um cérebro. Formado o quarteto, eles partem rumo ao encontro com o Mágico de Oz (Frank Morgan). Para isto, têm de enfrentar a bruxa Má do Oeste (Margaret – e ela não é a única a fazer dois personagens: Lahr e Haley atuam também como os colonos da fazenda dos Gale e Morgan dá vida ao adivinho falso que ajuda Dorothy). Muitas aventuras são vividas ali e emoções ficam à flor da pele deles.

As cenas musicadas são o ápice do longa-metragem. E estas se transformaram em símbolos de uma era no cinema. É memorável o número de Dorothy caminhando de braço dado aos novos amigos Leão, o Espantalho e Homem de Lata, cantando o desejo de chegarem logo ao castelo de Oz. Soma-se ao instante o show na cidade do mágico, com os anões entoando uma canção de boas-vindas aos visitantes. Mas nada se compara a ‘Over the Rainbow’, número no qual Judy Garland assegurou sua carreira por muitos anos. A ingenuidade dela e a ternura de sua voz a fizeram crescer sendo aplaudida a cada exibição deste filme.

Judy, de 1,51 metro, teria um fim de vida trágico. Dos 24 anos até sua prematura morte, aos 47, por uma overdose de remédios, ela passaria por cinco casamentos. O segundo deles com o diretor de cinema Vicent Minelli. Com ele teve a primeira filha, Liza Minelli. Impulsiva, sentimental, bem passional, a atriz chegou, em determinada cena como Dorothy, a cair em prantos devido a alta nostalgia daquela sequência.

Outra curiosidade da trama é que podemos relacioná-la a ‘... E o Vento Levou’ no ponto das trocas de diretores. Richard Thorpe foi o primeiro. Não agradou aos produtores. George Cuckor veio em caráter provisório. Victor Fleming assumiu e ficou como titular até ser chamado para comandar exatamente ‘... E o Vento Levou’, mas teve tempo de rodar as cenas principais, as coloridas. King Vidor completou a série.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 04/10/2009
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