Afinal veio ‘A Proposta’ (publicado originalmente em 30/7/2009)

Permanecer no erro é a tal burrice. O melhor é fazer o que se sabe. E sabe bem. Sandra Bullock, por exemplo. Aos 45 anos (completou domingo passado), ela tem mais de 20 de carreira e, para ser agradável, posso afirmar que ela filmou pouca coisa boa. Cito aqui ‘Crash: No Limite’ (2005), ganhador do Oscar de melhor filme, onde fez a esnobe Jean, mas sem sucesso. Teve o horrível ‘A Casa do Lago’ (2006), em seu pior momento da carreira, com Keanu Reeves. Os ‘Miss Simpatia’ (2000 e 05) valeram pela graciosidade, mas as histórias eram ralas e as piadas, de uma graça nula. Em ‘Velocidade Máxima’ (94 e 97) ocorreu o mesmo, com a diferença de não ter comédia. Enfim, Sandra Bullock é profissional do riso e faltava a ela um roteiro de nível alto neste estilo. Finalmente em 2009 chegou: ‘A Proposta’ é bem feito e convincente.

Dirigido por Anne Fletcher (de ‘Vestida Para Casar’, 2008, e atriz menor de fitas de igual tamanho como ‘Mulher Gato’, 2004, e ‘Pânico 2’, 1997), e roteirizada pelo estreante Peter Chiarelli, ‘A Proposta’ possui tudo o que um bom filme pede: a trama entrelaçada e diferente, atores de suporte ‘carregadores de piano’ e momentos de puro escracho, pois isto é necessário e cabe bem. Anne e Chiarelli não desleixaram um só instante e entregaram uma obra que pode, como escrevi no parágrafo anterior, ter levado a carreira de Sandra Bullock ao patamar que ela jamais atingiu. A atriz se impôs em cena. A inspiração estava nela.

‘A Proposta’ mostra Margaret Tate (Sandra), a executiva de uma editora de livros antipática e que, só a sua chegada ao trabalho faz os subalternos tremerem e terem calafrios. Não cumprimenta os outros e trata o secretário Andrew Paxton (Ryan Reynolds, marido de Scarlett Johansson), aspirante a escritor e a editor, de maneira vil. Todavia, tudo se altera quando ela, canadense de nascimento, é avisada que o seu visto é cancelado e corre sério risco de ser expulsa dos EUA. Para se livrar da pena, obriga Andrew a se casar com ela. A partir daí, tem-se a reviravolta. Com a chefe nas mãos, o empregado exige que Margaret se apresente à sua família que mora no Alasca. Inclusive, pede a ela que o peça em casamento de joelhos.

Tantas humilhações seguem quando da chegada do casal à casa dele. Os pais, Joe (Craig T. Nelson, o pai da garotinha de ‘Poltergeist’, 1982, lembram?) e Grace (Mary Steenburgen, a Hannah Nixon na fita de 1995 sobre o ex-presidente dos EUA) são comerciantes ricos e moram numa mansão. A avó, Annie (a veterana Betty White, de 87 anos), está prestes a completar 90 anos e Andrew e Margaret viajaram para acompanhar os festejos da nona década de vida da matriarca do clã Paxton. E claro, não é nem um pouco difícil imaginar o que acontecerá com o par de protagonistas. Eles odeiam-se antes, enamoram-se depois.

É evidente que a película tem sequências descartáveis, exageradas. Mas no todo se sai bem. Talvez por ser seu trabalho de mais impacto, tanto Anne como Chiarelli mostraram-se empenhados em realizar boas filmagens. Sandra Bullock faz as vezes de produtora executiva do filme também. Isto contribuiu ao rendimento satisfatório dela? Pode ser que sim, haja vista a dedicação dela em frente às câmeras. Sandra está impagável e comicamente perfeita. Até nas cenas dramáticas a atriz não compromete. Reynolds tem o tempo do humor também, apesar de ser somente razoável na parte romântica e dramática. ‘A Proposta’ não é um filme de marcar várias gerações, porém é exato àqueles que desejam ter o bom entretenimento.