Até quando? (publicado originalmente em 2/4/2009)
A semana que passou ficou marcada por mais uma locadora de dvds que baixou a porta em Jacareí. A Cult Vídeo, localizada perto da Prefeitura e Câmara, dias antes, colocou todo o estoque de filmes para vender, assim como as prateleiras, as cadeiras. Outra, perto da Igreja do Avareí, também teve o tal mesmo destino. Qual estabelecimento suportaria? No caso de casas de aluguel de fitas o problema é muito maior. Em qualquer outro tipo de comércio quando se vai à falência é porque o local não trata bem os fregueses, o lugar é de difícil acesso, as mercadorias não são tão boas assim etc. As locadoras, especificamente, têm um vilão: os piratas de dvds (e consequentemente de cds também). Funciona desta forma: o pirata vai até a loja e pega uns cinco filmes. Chega em casa e nem tem o trabalho de assisti-las. Logo as copia. Depois de alguns dias, devolve, paga os R$ 5, R$ 10 e desaparece. Volta apenas no mês seguinte. Ou nos meses seguintes. Faz não só a cópia deles, mas aos demais. Estes recebem piratarias e deixam de ir às locadoras. É onde o número de habitués ali cai desgraçadamente. O dono então vê uma solução com a falta de gente: fechar as portas. E não é somente aqui em Jacareí que isto acontece. O mal está enfurnado em todo canto.
Já li em jornais e vi em telejornais reportagens que me assustaram deveras acerca do assunto. Hoje em dia são raríssimos os fiéis das locadoras, assim como é raro este tipo de loja que ainda respira. Há uma em frente à JB, no fim da avenida Siqueira Campos. A placa ‘Vende-se esta loja’ estampa o presente nada agradável. Mesmo a 100% Vídeo, defronte ao Fórum Municipal, viu a quantidade de frequentadores cair relativamente. A ideia que surge ao se apertar a situação é apelar às vendas de dvds a colecionadores. Eu sou um deles. Mas é muito triste ver isto ocorrer. As locadoras agonizam. Não se sabe quando morrerão.
Comercializar, expor, vender, distribuir e copiar dvd de filmes / shows é crime no Brasil. A lei é a de número 10.695, de 1º de julho de 2003. A única ressalva feita por ela é a do direito a uso próprio. Caso copie sem repassar a mais ninguém não é crime. O ‘porém’ é que praticamente ninguém faz a uso próprio. Após piratear, empresta a amigos e parentes. Eles, por suas vezes, fazem cópia da cópia. É caracterizado o crime. Evidente que as barraquinhas espalhadas por aí compõem o pior de todos males: a venda espúria.
No dicionário Houaiss a palavra ‘pirata’ é sinônimo de ‘ladrão’. Até quando isto perdurará? Não se sabe. Depois das fitas K-7, dos cds de música terem sido comidos pelos piratas, era óbvio que o dvd seria a próxima vítima. Atualmente, mais da metade da população brasileira consome produtos falsificados – aí se leva em conta, além do dvd, bolsas, tênis, perfumes, brinquedos, os materiais escolares. E mais: com o comércio dessas bugigangas criam-se os milhares de empregos informais. Um absurdo. Está tudo perdido.
Qual a resposta de erradicação do problema? Certos cantores e escritores disponibilizam obras por meio da Internet. Quem desejar baixar música ou pegar o arquivo do livro e imprimi-lo para ler (ou até mesmo lê-lo na tela do computador) pode fazê-lo. Isto não é denominado crime, pois os autores abriram mão do recebimento do direito autoral. Com determinados filmes é possível isto. Mas não sua totalidade.
Sou radicalmente contra pirataria. Nunca comprei produtos piratas. Muito menos vendi, emprestei, pois não possuo nenhum dvd ou cd falsificado. Coisas piratas destroem aparelhos de dvds e empurram os vírus aos computadores. Adoecem os objetos. Você pode adquirir dvd pirata por R$ 1, ao invés de gastar R$ 15 num original. Mas os prejuízos futuros serão vários. Com os cds a situação é mais lastimável. Mais da metade dos cds vendidos é pirata. A porcentagem beira os 80%... Os dvds falsos que rodam por aí são da casa dos 50%. Se isto prosseguir, daqui uns anos serão a totalidade. Novas tecnologias, como o blue-ray, apareceram. Vamos ver até que ponto a pirataria tolera. Será pouco o tempo. Daqui a pouco nascerão os programas que copiam o blue-ray... Se não me engano há uma empresa que construiu barreira contra os piratas: Walt Disney. Os filmes dela são dificílimos de serem copiados, visto que existe um programa que protege as obras destes pernas-de-pau. As outras companhias deveriam elaborar algo neste estilo. E logo.