Amadurecimento (publicado originalmente em 13/3/2008)

Quando um ator chega ao topo da carreira? Se o filme que faz rende boa bilheteria? Caso ele vá receber Oscar? Ou ainda tem nos bastidores um diretor competente e perspicaz? No caso de George Clooney em ‘Conduta de Risco’ (2007) as características citadas quase valem a pena. Aos 46 anos, o ator esteve na lista dos indicados ao prêmio máximo da Academia e Tony Gilroy revelou-se como o diretor estreante, cauteloso e sóbrio nas suas atitudes. Apenas a bilheteria, nos Estados Unidos e aqui no Brasil, deixou a desejar. Clooney, conhecido antigamente como o protagonista do seriado ‘Plantão Médico’, no início dos anos 1990, galgou, passo a passo, uma carreira, digamos assim, consistente. O começo se deu com os filmes comerciais, como os fracos ‘Batman & Robin’ (1997) e ‘Mar em Fúria’ (2000). Em 2005, a guinada. As superpolíticas fitas ‘Syriana’, ‘Boa Noite e Boa Sorte’ lhe renderam dividendos profissionais. Mais: trouxeram-lhe força suficiente para escolher papéis. Deu no que deu.

‘Conduta de Risco’ mostra a empresa de advocacia especializada em limpar a barra de clientes sujos. Michael Clayton (Clooney) trabalha lá por falta de opções. Viciado em jogo de cartas, dono de um bar falido e devendo até as cuecas, ele não tem escapatória. Tudo piora quando Arthur Edens, um dos advogados da empresa, surta com a denúncia de que a U/North, uma das freguesas da “Kenner, Bach & Ledeen”, utilizou um produto químico que matou dezenas de pessoas. Edens resolve botar a boca no trombone e divulgar o crime, mas M. Clayton deve impedir. É quando Karen Crowder (Tilda Swinton) entra na história. A inescrupulosa diretora da Kenner usa todo tipo de artifício para que tal ‘verdade’ não venha à tona. Clayton, então, conscientemente precisa ficar ao lado de quem? Brigar por Edens ou batalhar pelo trabalho que lhe sustenta? O longa-metragem pode até parecer confuso de primeira impressão, entretanto embrenha-se numa teia de conspirações, traições e muitas falsidades...

A fita de Gilroy já está no panteão das melhores da década. Aliás, na festa de Oscar deste ano, as cinco finalistas da principal categoria eram de boas a ótimas. De nota oito para cima. Do quinteto, quem saiu ganhando foi Clooney... Perdeu estatueta para Daniel Day-Lewis (‘Sangue Negro’ –2007), mas a interpretação está à altura de, por exemplo, Broderick Crawford em ‘A Grande Ilusão’ (1949). A situação de pender para qualquer canto é o mote central de ‘Conduta de Risco’. Trata-se de tensão do minuto um ao minuto 119, o último da trama. Clooney amadureceu bastante... Mais também: é um produtor executivo de sucesso, além de diretor, roteirista de mão cheia. A posição política dele conta demais nos Estados Unidos atualmente, onde fervem as prévias à eleição presidencial de novembro. Finalmente, após retumbantes obras de quarta categoria, como ‘O Amor Custa Caro’ (2003) e ‘Onze Homens e um Segredo’ (2001), Clooney tem se saído imaculado das telonas. Bom para ele, para nós.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 07/09/2009
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