Época ruim (publicado originalmente em 17/1/2008)
Dezembro e janeiro são meses totalmente não proveitosos para lançamentos de filmes. Escrevi isto outras vezes aqui e reafirmo agora com dois lançamentos de histórias românticas, emotivas. ‘PS: Eu Te amo’ e ‘O Diário de uma Babá’, ambos nas salas brasileiras há poucas semanas, foram feitos com estrelas hollywoodianas e roteiros despretensiosos. No primeiro, vemos Hillary Swank (do bom ‘Meninas de Ouro’, premiado com Oscar de melhor longa-metragem de 2004) no papel de uma viúva jovem. Aos 30 anos, perde o marido, morto por um tumor maligno no cérebro. A tragédia é inodora...
Após o falecimento, Gerry Kennedy (interpretado por Gerard Butler, de ‘O Fantasma da Ópera’ – 2004) deixa a Holly (Hillary) cartas de como se portar daqui para adiante. Para os melados, o filme serve como escada às lágrimas. Porém, nada tem de extraordinário. O enredo não é criativo e a dupla de astros parece ter captado uma dose exagerada da melancolia do dramalhão. Como excelente atriz que é (ganhou Oscar, além de ‘Menina de Ouro’, também por ‘Meninos não Choram’, de 1999), deve ter aceitado realizar a obra apenas para relaxar. Butler, ao contrário, não trabalhou em películas cuja repercussão valesse o ingresso (fez ‘300’ em 2006, o que, notem bem, não quer dizer tanto, deveras).
Em ‘O Diário de uma Babá’, Scarlett Johansson, musa da vez do diretor inglês Woody Allen, encarna Annie Bradock, recém-formada à procura de emprego. Para mostrar à mãe sua competência profissional, Annie mente e consegue somente ser uma reles nanny. Cai na família esquisita do casal dos regulares atores Laura Linney (‘Sobre Meninos e Lobos’, de 2004) e Paul Giamatti (‘Sideways’ – 2005). ‘O Diário de uma Babá’ é singela (e fraca) homenagem a ‘Mary Poppins’ (1965), musical que consagrou Julie Andrews. Estão lá os ingredientes da sopa dos anos 1960: guarda-chuva voador e criança desobediente, mas carinhosa. Dos que assisti dela, é a pior fita na qual Scarlett foi escalada.
Em ascensão, a atriz de 23 anos tem, desde o início da carreira, em 1994, participado de vários filmes em seguida. Exemplo: em 2006, três fitas com ela no elenco estrearam–‘Scoop’, ‘Dália Negra’ e ‘O Grande Truque’. Talvez seja um erro acatar tantos convites assim. Numa entrevista, ela disse não querer tirar férias. ‘Quero trabalhar sempre’, respondeu. Pode ser o ímpeto de uma pessoa até uns dois, três anos, ainda adolescente. Esta ‘imaturidade’ lhe rende trabalhos péssimos, como ‘O Diário de uma Babá’. São os frutos de uma produção em série. Todos, enfim, caem nesta teia aproveitadora.