Curiosidades de festas (publicado originalmente em 17/1/2007)
No Oscar, ao longo das décadas, vários foram aqueles momentos de emoção, surpresa, frenesi e alegria. A coluna Coisas de Cinema lembrará hoje alguns desses instantes que ficaram marcados pelas Rolleyflex dos apaixonados pela sétima arte. Uma destas cenas que entraram para a história, por exemplo, foi a falsa índia mandada por Marlon Brando para ir receber por ele o Oscar de melhor ator em 1972, por “O Poderoso Chefão”. Em seu pronunciamento, Sacheen Littlefeather leu um pequeno discurso em que Brando condena a discriminação sofrida pelos índios americanos e recusou a estatueta. Mas Sacheen, na verdade, se chamava Maria Cruz e vivia na Califórnia. Depois dessa atitude marota, o ator de “Um Tango em Paris” (1973, pelo qual também foi indicado ao Oscar) recebeu apenas mais um apontamento, por “Assassinato sob Custódia”, de 1989, e não ganhou. No ano anterior, os convidados ficaram surpresos ao ver Charles Chaplin, depois de um longo exílio, voltar aos EUA para receber o Oscar por sua carreira. Emocionado, também arrancou as lágrimas de muitos presentes.
Outro flash que rendeu muitos comentários aconteceu ainda na década de 1970, quando Ingrid Bergman, em tom de revolta, exigiu que seu prêmio fosse entregue a uma das concorrentes de melhor atriz coadjuvante. Ingrid, ganhadora da mini-estátua pelo filme “Assassinato no Expresso Oriente”,
de 1974, queria 'empurrar' o Oscar para outra atriz “por merecimento”. Claro, não conseguiu. Saltando vários anos, paramos em 91. Na festa de 16 anos atrás, coube a Jack Palance (de programa “Acredite se Quiser”) o roubo dos holofotes. “Amigos, sempre Amigos” deu a ele o primeiro Oscar da longínqua carreira. A emoção foi tanta que, munido do objeto de ouro, fez algumas flexões. A demonstração da ótima forma física lhe rendeu diversos elogios, pois estava com 72 anos, com os cabelos encanecidos. O mesmo prêmio fez a grande Meryl Streep ruborizar diante de milhões de espectadores. Numa das festas, ao subir ao palco para receber o Oscar, a atriz deixou cair um papelzinho todo amassado. Era seu discurso de agradecimento, que ela voltou alguns passos para pegá-lo depois de pedir desculpas ao público. Outra celebridade que avermelhou a face foi Halle Berry.
Em 2003, o ator Adrien Brody lhe tascou um superbeijo na boca por seu Oscar de “O Pianista”. Halle apresentava os concorrentes da categoria. Em 1996, Christopher Reeve paralisou a platéia de Los Angeles quando apareceu no palco e falou sobre seu acidente que o deixou imóvel do pescoço para baixo. O eterno Super-Homem entrou com sua cadeira de rodas motorizada, com amparo para o pescoço, mas vestido com um smoking bem elegante. Muitos anos antes, Humphrey Bogart passou por vergonha semelhante a de Meryl. Ele concorria a melhor ator por “Casablanca” (1943). Levantou-se ao ouvir o nome do premiado. Não era ele, porém, e sim Paul Lukas. Para disfarçar o constrangimento, começou a aplaudir de pé. Ou seja, empostou-se de pé com antecedência. Fato quase igual aconteceu em 1951. Ao ser anunciado o prêmio de melhor atriz, Shelley Winters se levantou. Só que a vencedora chamada havia sido Vivien Leigh, por “Uma Rua Chamada Pecado”. O ator Vittorio Gassman (o herói Brancaleone), então marido de Shelley, conseguiu segurar a mulher, que garantia ter ouvido seu nome.
Na cerimônia de 1964 a atriz Rita Hayworth estava tão nervosa que errou o nome de Tony Richardson, de “As Aventuras de Tom Jones” ao anunciar o prêmio de melhor diretor. Um deslize marcou o evento de 1977. Ao anunciar o vencedor da categoria curta-metragem, o comediante Marty Feldman se embananou com as mãos e deixou cair o Oscar do ganhador. Foram diversos pedacinhos dourados espalhados no chão. Mas nenhuma surpresa, no entanto, foi maior e superou a ocorrida na festa de 1974. David Niven anunciava a entrada de Elizabeth Taylor quando um homem nu atravessou o palco. Era o auge do 'streaking', modismo que consistia em passar sem roupas por um lugar público e, de preferência, com transmissão ao vivo, como forma de protesto, para chocar ou
apenas se divertir. O moço, evidentemente, saiu preso do palco. Refeito do susto, Niven recorreu ao humor britânico: “O pobre homem só conseguiu chamar a atenção e fazer rir mostrando suas deficiências.”. Liz Taylor entrou no palco minutos depois. Estava ofegante e completou o chiste de Niven: “Depois disso, é meio difícil fazer algo melhor.” Como se vê, tudo pode acontecer nas festas do Oscar. Após a cerimônia, as fofocas e comentários prosseguem. Permanecem, assim, na história.