Matemática um Programa Político Pedagógico
A história da matemática é tão antiga quanto a origem da linguagem, antes mesmo da polarização política que se intensifica a partir do desenvolvimento da linguagem – é isto mesmo, a polarização é tão antiga que antes mesmo do homem desenvolver um código de linguagem compreendido por dois ou mais indivíduos ela, possivelmente, já emergia nos embates de ininteligíveis grunhidos - e com certeza parte considerável destes embates surgia no campo da matemática.
Sempre houve, na história da humanidade e também na pré-história, aqueles que sempre acreditaram ter mais direito a maior parte do bolo do que os demais. É bem verdade que falar de bolo num período tão longínquo da nossa história é um pouco de exagero, talvez fosse melhor dizer um naco maior de carne, ou as melhores partes da caça. Tem coisas que não mudam, tem gente que, nos dias de hoje, se acha merecedor de picanha de wagyu, cujo quilo custa a irrisória quantia R$1700,00 enquanto os outros devem se contentar em roer osso.
Foi para resolver estas pendengas que começaram a surgir os primeiros matemáticos, estes intrometidos, que se metiam no que não devia e começaram a esclarecer a população de que se alguém ficava com a metade de algo e parte da população dividia entre si a outra metade em mil pedaços enquanto outros mil ficavam sem nada, esta divisão não estava correta, pois se o todo fosse dividido em partes iguais, ou seja, em comum, ninguém encheria a barriga (é bem verdade), mas, por outro lado, ninguém passaria fome. Claro, alguém iria ter menos calorias do que pretendia e logo o que viu o risco de ter a sua metade dividida entre centenas de famintos, começou a chamar estes matemáticos de comunistas.
Pode ter sido um pouco (ou muito) de exagero falar em comunismo em tempos tão idos e atribuir aos primeiros matemáticos ideias “subversivas” que só seriam fundamentadas milhares, ou milhões de anos depois, mas o certo é que saber somar, subtrair, dividir e multiplicar foi se tornando cada vez mais importante na vida em sociedade, então não venham dizer que o ensino da matemática não têm função social.
É evidente que teve e que tem um papel relevante na vida em sociedade. E quando estes matemáticos começaram a aglutinar discípulos no que mais tarde passou a se denominar escola, começou a se debater qual seria o papel social da escola, ou, mais específico, do ensino de matemática: Ensinar as quatro operações e preparar os indivíduos para o mercado de trabalho? Ou educar cidadãos responsáveis, conscientes e que contribuam de forma solidária com a sociedade em que estão inseridos? Surge, assim, a pergunta: o que tem haver a matemática com Projeto Político Pedagógico (PPP) e como este projeto pode interferir no ensino de Matemática na sala de aula dos anos finais do ensino fundamental?
A disciplina de Matemática na escola é ofertada desde tempos longínquos. No Brasil, desde o período colonial, principalmente a partir de meados do ano de 1600, quando os jesuítas passaram ensinar a matemática em suas escolas e, desde então, vem sendo registradas alterações curriculares que regeram o ensino da Matemática até promulgação da Lei 9394/96 e as Diretrizes Curriculares Nacionais do MEC que oferece uma contribuição para a construção de um projeto pedagógico que contemple o período de mudanças pelo qual a sociedade está passando, exigindo uma revisão de conceitos e paradigmas até então compreendidos como verdadeiros. E a matemática tem muito a adicionar no sentido de procurar caminhos para garantir apresentar uma ciência capaz de resolver os problemas gerados e refletidos pelos seres humanos enquanto indivíduos matemáticos.
Desta sorte, os anos finais do ensino fundamental permitem ao estudante desafios de maior complexidade, que possibilitam que ele retome as aprendizagens adquiridas no ensino fundamental dos anos iniciais e aprofunde os conhecimentos, aumentando assim o seu repertório. Aqui entra o papel do Programa Político Pedagógico (PPP) que envolve gestores, professores, funcionários, alunos e toda a comunidade no desenvolvimento de um projeto pedagógica que atenda os desafios que o ensino e aprendizagem tem que enfrentar e superar para a formação de uma escola mais cidadã e inclusiva, contemplando seu papel social de formar cidadãos sujeitos da história, por isso a matemática tem que, assim como toda as outras disciplinas, principalmente nos anos finais do ensino fundamental, participar do processo de ampliação da autonomia do aluno, através da conexão entre a matemática e as outras disciplinas, preparando o aluno para utilizar instrumentos de análise para construir um pensamento crítico, proporcionando ao aluno a possibilidade de resolver problemas cada vez mais complexos, a estabelecer conexões entre as diferentes matérias sobre o mesmo tema, desenvolvendo um pensamento crítico, global e interdisciplinar e, finalmente, preparando-o para o Ensino Médio, aprofundando conceitos e consolidando a capacidade do desenvolvimento de um pensamento cada vez mais crítico, complexo e multidisciplinar.