Dois pensamentos sobre indivíduos "de" alto QI
1. Sobre a correlação negativa entre alto QI e transtornos mentais
A maioria dos estudos relacionados encontraram uma correlação negativa entre pontuar alto em testes de QI e obter um diagnóstico de transtorno mental. Mas também pode ser que muitos dos indivíduos com médias altas de QI sejam de portadores não-diagnosticados de algum transtorno, especialmente os de humor, TDAH e personalidade anti social, por serem melhores na adoção de estratégias de autocontrole e/ou porque tendem a apresentar uma manifestação mais branda do transtorno, que torna um possível diagnóstico mais subjetivo.
2. Sobre a correlação negativa ou neutra entre alto QI e baixo autoconhecimento
Menos inteligente o indivíduo, mais propenso a superestimar suas próprias capacidades, certo??
O famoso efeito Dunning-Krueger...
Concordo, mas também no sentido oposto, porque possuir um maior potencial, particularmente na capacidade de aprendizado, prevista por pontuações em testes de QI, pode tornar um indivíduo excessivamente autoconfiante. Pois o que torna um indivíduo mais ou menos inteligente em conhecer a si mesmo, incluindo obviamente seus próprios potenciais e limites, não é a sua capacidade de aprendizado, mas especialmente as suas capacidades de raciocínio e percepção (de acordo com a minha proposta de modelo de inteligência: as 3 grandes capacidades). Em outras palavras, não é sua capacidade de apreender informações, mas de julgá-las e/ou percebê-las, que inclui a si mesmo.
Outros fatores que podem contribuir para a impressão de que os "mais inteligentes' são mais precisos para estimar seus níveis de conhecimento: por serem, em média, melhores para disfarçar ou dissimular suas auto imagens infladas do que os "menos'; um viés mais favorável às crenças pseudocientíficas, particularmente comuns nas universidades, que eles tendem a adotar, além de suas maiores capacidades de racionalizá-las; a lógica primária e, portanto, potencialmente precipitada, de que uma demonstração de maior expertise ou conhecimento em campos específicos, inevitavelmente se configura, de maneira geral, em maior erudição.
O último fator (que pensei): a possibilidade de que exista uma maior proporção de indivíduos "de" alto QI que sofrem de síndrome do impostor. Mas isso não impede que também possa existir uma desproporção de autoconfiantes excessivos e, pelo menos de acordo com a minha impressão, indivíduos intelectualmente arrogantes, que acreditam saber mais do que sabem ou entendem, abundam entre eles.