Sobre a diversidade individual e combinatória de perfis de personalidade

"Introvertidos"

Não são todos iguais. Na verdade, é esperado que exista uma grande variação de tipos dentro de um mesmo grupo. Por exemplo, entre os que são primariamente introvertidos, têm os que são mais conscienciosos (obedientes, disciplinados, motivados...), os que são mais abertos às experiências (imaginativos, introspectivos, curiosos), os que são mais neuróticos (coléricos, melancólicos, ansiosos...), os que são mais agradáveis (simpáticos, empáticos...) e os que são menos agradáveis (antagonistas, coléricos...). E não bastasse essa diferença, também tem a variação de como esses traços se organizam em ordem de importância ou influência no comportamento habitual do indivíduo. Por exemplo, um introvertido que é mais consciencioso, mas também aberto às experiências (geralmente específicas), tende a se diferir de um introvertido-consciencioso que tem como "terceiro traço de personalidade mais influente" a agradabilidade. Além dessas diversidades, também tem uma espécie de sub-variação entre os traços psicológicos, se os mais influentes são muito mais influentes que os menos ou se as diferenças entre eles não são grandes. Por exemplo, se um introvertido consciencioso expressa com frequência e intensidade parecidas essas disposições ou se a sua introversão é bem mais dominante que a sua conscienciosidade.

Acabou??

Não, porque dentro de cada traço de personalidade, parece que, independente do modelo que estiver adotando, existe a sua própria complexidade que pode complicar um pouco mais na categorização de pessoas//indivíduos e grupos. O meu exemplo, que sempre "pontuei" baixo em conscienciosidade e na média em agradabilidade em testes de personalidade, mas definitivamente não sou um sujeito desonesto, sendo a honestidade uma característica implícita e comumente atribuída a esse traço. Portanto, eu posso ser, de fato ou primariamente, não muito disciplinado, motivado e obediente, mas em relação a ser honesto, é improvável de ser menos que a média e concluo até com certo pesar...

Em relação à agradabilidade, eu definitivamente não me vejo como "menos empático" que a média, até por ser tímido, sinto que sou bem mais preocupado com a opinião e com os outros, de maneira geral, e isso tende a implicar em uma maior empatia. Mas em outros aspectos típicos desse traço, eu sou conclusivamente o oposto, tal como a minha tendência de antagonizar ao invés de concordar com as pessoas. Só que é importante enfatizar que eu gostaria de concordar mais e, portanto, quando antagonizo, faço consciente de que, para ter um bom convívio, eu deveria concordar mais, mesmo se internamente tiver uma opinião diferente. Pois o que me faz entrar em conflitos com os outros é a minha busca pela verdade objetiva, uma característica importante da racionalidade, que se desenvolveu muito nos últimos anos.

Não preciso entrar em maiores detalhes sobre a influência variável que o meio costuma ter sobre a expressão dos nossos traços de personalidade, em alguns casos mais intensa do que em outros.

Por exemplo, se eu sou ou estou mais neurótico, isso também se deve às minhas experiências de vida e às conclusões que tenho chegado sobre os ambientes em que existo. Uma predisposição à preocupação e ao estresse que foi exacerbada pelo meio.

Agora sim, né???

Não.

Um dos grandes problemas da psicologia/psiquiatria é uma aparente incapacidade de abordar a mente e o comportamento humanos em múltiplas perspectivas. Como resultado, julgamentos de natureza unilateral costumam ser a regra, tal como, novamente o meu caso, de se afirmar que eu sou pouco motivado e disciplinado ou que são assim todos os indivíduos com "baixa pontuação" nesse traço nos testes do modelo de personalidade proposto (5 grandes). Pois isso depende bastante de, para onde estiver direcionando a sua atenção. Se ao menos em relação aos meus textos, ao meu ofício não-oficial de escritor, eu sou ou estou muito motivado...