A Evolução Criativa de Amit Goswami

INTRODUÇÃO

Desenvolveu-se série de artigos, que tinham o propósito de facilitar a leitura do livro de Amit Goswami “Evolução criativa das espécies”. Destinava-se aos interessados que, como eu, teriam que realizar muitas leituras para o entendimento do mesmo.

Este será o último dessa série e tentará narrar sobre o que é a teoria “Evolução Criativa” de Amit Goswami.

O livro, como já visto no artigo “Evolução Criativa das Espécies – Livro de Amit Goswami - Visão Geral”, não se restringe ao desenvolvimento da teoria, mas para validá-la aborda uma série de temas correlacionados á criação. Ou seja, a série de artigos não contempla todo o livro, mas aqueles temas suficientes e necessários para facilitar a leitura do livro e ao entendimento da teoria nele proposta – “Evolução Criativa”.

Tem-se a convicção de que os interessados nesse estudo, que lerem essa série, terão menos dificuldades no entendimento, inclusive nos temas não contemplados nessa série, mas desenvolvidos no livro: origem da vida e dos universo; forma e sentimento; neurociência dentro da consciência ...

Antes vamos registrar conceitos que, em quase sua totalidade, já foram registrados em artigos anteriores e que constituem espécie de glossário necessário à compreensão da teoria “Evolução Criativa”.

CONCEITOS RELEVANTES

Autopoiese

O termo poiesis vem do grego e literalmente significa produção ou criação. Originariamente, este vocábulo foi usado no campo da filosofia e da arte para referir a qualquer tipo de processo criativo. Se adicionarmos o prefixo “auto”, que equivale a um “por si só”, formamos o conceito autopoiese, que quer dizer a criação de algo por si só.

No livro, enquanto dirige argumentação crítica aos holistas (adeptos da análise dos sistemas na sua integralidade, numa visão geral) diz: “esses holistas acreditam que a vida surge porque o universo é auto-organizado de forma a se superar o problema da pequena probabilidade com a ação de campos auto organizadores, que atuam em sistemas altamente complexos.

Um pouco mais adiante, registra o pensar de biólogos representativos dessa linha de pensamento: “a vida é um exemplo de autopoiese, a autocriação, por intermédio da auto-organização.

Depois amplia a crítica: “para os materialistas, as palavras mágicas são: acaso e necessidade, para os teóricos do caos e seus parentes, os teóricos da complexidade, a palavra mágica é auto-organização.

Mais adiante usando o significado do termo autopoiese (autocriação) chama atenção: “primeiro é preciso entender que autocriar é um pouco diferente de auto-organizar.

Autorreferência

Nesse termo auto significa por si só, a si mesmo. Então, o termo significa referência a si próprio, a si mesmo.

Afirma Amit Goswami: “no ser humano, a consciência torna-se autorreferente no ato da observação quântica, no ato de escolher a realidade dentre as possibilidades quânticas”.

A seguir, chama atenção: “o observador escolhe dentre as possibilidades quânticas apresentadas pelo objeto. Mas, antes de causar o colapso das possibilidades, o próprio observador consiste de possibilidades e não está manifestado. É preciso um observador para causar o colapso da onda de possibilidades, mas o colapso é necessário para manifestar o observador. De modo mais sucinto: não há colapso sem observador, mas não há observador sem um colapso.

Reforça, acrescentando: a consciência causa o colapso das ondas de possibilidades do observador (ou seja, de seu cérebro) e do objeto simultaneamente, a partir da realidade transcendente da base da existência que a consciência representa.

Enfim, apresenta pista para compreender essa circularidade: O pesquisador de inteligência, artificial Douglas Hofstadter afirma que circularidades como essa devem ser chamadas Hierarquias Entrelaçadas, ou emaranhadas, nas quais os níveis causais são infinitamente entremeados. Mais interessante, ainda, é o fato de a autorreferência, a cisão sujeito-objeto, emergir de tais circularidades.

Um pouco mais adiante, chama atenção de como esse conceito de hierarquia entrelaçada, que justifica a autorreferência, responde sobre o designío inteligente de o desenhista deve ser capaz de autocriação, ou seja, autorreferência.

Em outro ponto, objetivando responder “o que é a vida”, surge a pergunta: como surge a autorreferência? Por meio da mensuração quântica em hierarquia entrelaçada, em sua criação. Acrescenta: e, por intermédio desse fato ocorrido na primeira célula viva, o próprio universo tornou-se autorreferente. O próprio universo foi capaz de se dividir em duas partes das quais uma observa a outra. A vida introduz a capacidade de observação no universo.

Campos Morfogenéticos

Morfogênese é o Processo de criação de formas. Morfo significa forma, em latim, e gênese, criação.

Campos Morfogenéticos são os facilitadores dos projetos da criação de formas biológicas. São os campos que ajudam a programar a forma biológica.

Os Campos Morfogenéticos ajudam a prover as células com os programas de diferenciação de células, cruciais para o desenvolvimento de todos os tecidos necessários à vida.

As diferenças de funcionamento entre células, por exemplo de cérebro e do fígado, são feitas por programas que permitem que diferentes conjuntos de genes criem diferentes conjuntos de proteínas funcionais nos diferentes órgãos.

Causação Ascendente

Os princípios organizadores da biologia são: a causação ascendente o outro: “a evolução é determinada pelo acaso e pela necessidade.

Causação ascendente: todo fenômeno biológico surge da interação de elementos microscópios da matéria chamadas moléculas. Em última análise, das interações. de partículas microscópicas, chamadas partículas elementares.

Este dogma a causação ascendente na biologia é expresso como determinismo genético, os genes determinam toda forma e função biológica.

Causação Descendente

Essa causação provém de uma consciência-Deus não-comum no interior de cada um, “mais elevada” do que sua consciência egóica individual comum”.

Causação descendente e ascendente não podem ser tratadas como opções do tipo ou uma ou outra. Tanto uma como outra tem validade na abordagem desenvolvida no livro de Amit Goswami: “Evolução Criativa das Espécies”.

A dinâmica da causação ascendente produz as possibilidades quânticas em dada situação; a causação descendente, por parte da consciência quântica, Deus, escolhe entre essas possibilidades e causa o colapso de uma delas como realidade única no mundo manifestado.

Consciência Egóica

Refere-se a consciência do cotidiano em que se percebe a si mesmo e as relações com os outros bem como com a natureza.

O indivíduo escolhe não com sua consciência-ego cotidiana, mas com uma estado não-comum de consciência, no qual a individualidade comum cede lugar a uma unidade cósmica – uma consciência objetiva, que se pode chamar de Consciência Quântica.

Consciência Quântica

Com a utilização de dois paradoxos: do gato de Schrödinger e do amigo de Wigner demonstra-se que as escolhas se realizam a partir de um estado não comum da consciência, no qual a individualidade comum cede lugar a uma unidade cósmica – uma consciência objetiva.

Em sua natureza básica, a consciência é cósmica, primeira e única. O ego é uma individualidade ilusória, separada, que surge por causa da identificação da consciência com o cérebro e seu consequente condicionamento (Amit Goswami – 1993).

A essa consciência cósmica, primeira, única, objetiva e criativa é que se denomina Consciência Quântica, Consciência Deus.

Consciência – Deus não comum no interior de cada um, mais elevada do que sua consciência egóica individual, comum e mais baixa.

Quando se está na consciência – Deus, a escolha dentre as possibilidades quânticas é criativa e descontínua – é um salto quântico. Na consciência do ego, a escolha é restrita a alternativas condicionadas (condicionamento), ela emana do passado, e a continuidade parece reinar.

A física quântica vê Deus como “consciência cósmica definida objetivamente”. A consciência material que emerge do cérebro é apenas uma onda de possibilidades.

Criacionismo

Filosofia bem antiga, segundo o livro do Gênesis, do Antigo testamento da Bíblia, que declara simplesmente e entende literalmente que Deus criou no mundo e todas as espécies biológicas há seis mil anos, em seis dias. Presume não haver evolução.

Num sentido ampliado, o criacionismo é a crença e forma de explicar a origem do mundo – o universo, a Terra, a vida, os reinos, a humanidade – pela criação de um agente sobrenatural. No criacionismo se busca atribuir a constituição das coisas à ação de um sujeito criador. No entanto, seu uso moderno é restrito à rejeição da evolução biológica, por motivação religiosa.

Criatividade

São inteligência ou talento natos ou adquiridos para criar, produzir, ou inventar coisas novas – inclusive significados, bem como a capacidade de transformar situações e inovar no modo de agir. A tendência é relacionarmos ao campo artístico, mas está presente em todos os campos da atividade humana e, praticamente, em tudo que possui vida.

Em seu livro “Evolução Criativa das Espécies” entende-se que ele aborda e distingue criatividade em alguns aspectos de forma para melhor entendimento, qualificação e classificação como: biológica; mental; vital; situacional; e fundamental

Criatividade Biológica

Segundo a teoria de Darwin, a evolução é contínua. Os registros fósseis mostram lacunas gritantes ao registro fóssil contínuo esperado. As lacunas fósseis são assinaturas da Criatividade Biológica.

Criatividade Mental

Entenda-se como essa dos artistas, dos inventores, cujo significado encontra-se nos dicionários.

A Criatividade Mental envolve um “insight” (estalo mental) descontínuo no movimento da mente. Entretanto, quando se faz uma representação física (algo físico do cenário externo – um produto) do “insight”, pode-se fazê-lo pouco a pouco, continuamente, não há descontinuidade nesse estágio de manifestação

Criatividade Vital

Tem-se dificuldades para aceitar a descontinuidade dessa criatividade habitual. Mas a criatividade no plano Vital envolve num grau mais profundo de descontinuidade.

Diferente da criatividade no plano mental, a consciência descobre descontinuamente (no domínio vital) o projeto vital, e, ao mesmo tempo, faz no plano físico (denso) uma representação física do mesmo. Essa representação física também atua como aparato de mensuração quântica para facilitar o colapso.

Criatividade Situacional

“Insight” Criativo de Invenção é aquele quando, para encontrar o novo significado que responde a um problema, reorganiza-se velhos significados em contextos supra mentais existentes.

O processo de criatividade que utiliza o “insight” criativo de invenção é denominado “situacional”.

Ou seja, a criatividade situacional está relacionada à invenção. É a invenção de novo significado dentro entro do contexto de um velho arquétipo, ou dentro de combinação de contextos de velhos arquétipos

Criatividade Fundamental

“Insight” Criativo de Descoberta é aquele quando, para encontrar novo significado para responder um problema, for necessário encontrar um novo contexto supra mental, ou seja, precisa-se examinar de modo novo o domínio supra mental dos arquétipos. Exige-se salto quântico do mental para o supra mental.

Ou seja, a Criatividade Fundamental está relacionada à descoberta. É a descoberta não só de novo significado como também e um novo contexto arquetípico, obtido por salto quântico do mental para o supra mental.

Descontinuidade

Qualidade do que é descontínuo. Interrupção da continuidade.

Numa prosa com pontuação, os sinais de pontuação são descontinuidades na prosa que, de outro modo, seria contínua.

O colapso quântico de possibilidades em uma realidade é descontínuo.

As ondas de possibilidade quântica se espalham em “potentia” (nome dado pelo físico Heisenberg ao domínio das possibilidades quânticas). O colapso da onda de possibilidade não é gradual no espaço e no tempo, e sim um evento descontínuo transcendendo o espaço e o tempo. Esta parte de seu movimento, esse espalhamento é contínuo. Entretanto, quando a consciência escolhe entre as possibilidades para criar a realidade no espaço e no tempo, o colapso da onda de possibilidade não é gradual no espaço e no tempo, e sim um evento descontínuo, para o qual é impossível fazer descrição matemática, ou mecânica.

O físico Bohr foi o primeiro a admitir que esta descontinuidade é parte da física quântica e deu a essa descontinuidade o nome de “salto quântico”.

A descontinuidade do colapso quântico, em função de condicionamento fica obscurecida. Tem-se a impressão que se o experimenta com a consciência do ego como um fluxo contínuo.

Designío Inteligente

As teorias do Desígnio Inteligente procuram reviver Deus, seja de forma explícita como no criacionismo, seja implícita, deixando o indivíduo inferir a existência de um desenhista, mas terminam negando, também, a evolução.

A ideia é a de que as espécies são criadas por um Desenhista Inteligente, talvez Deus, mas isso fica implícito.

Entropia

Grandeza física utilizada na Mecânica Estatística e na Termodinâmica para medir o grau de desordem de um sistema. Dizemos que, quanto maior for a variação de entropia de um sistema, maior será sua desordem, ou seja, menos energia estará disponível para ser utilizada.

O conceito de entropia está também relacionado à noção de aleatoriedade e de número de estados ou configurações possíveis. Assim, quanto maior for a entropia de um sistema, maior será o número de estados possíveis, bem como sua aleatoriedade.

A palavra aleatoriedade exprime quebra de ordem, propósito, causa, ou imprevisibilidade em uma terminologia não científica. Um processo aleatório é o processo repetitivo cujo resultado não descreve padrão determinístico, mas segue distribuição de probabilidade.

De acordo com diversas interpretações da mecânica quântica, fenômenos microscópicos são objetivamente aleatórios. Isto é, um experimento onde todos os parâmetros relevantes são controlados, mesmo assim, existem alguns aspectos do resultado que variam aleatoriamente.

Evolução

No contexto filosófico, a evolução representa uma alteração progressiva de um ser ou de um sistema em direção a um estado final. A hipótese teleológica (os eventos têm finalidade) indica que a evolução pressupõe um estado inicial, que se supera (evolui) para atingir um outro, final.

Evolução indica a ação ou efeito de evoluir. Uma evolução remete para o aperfeiçoamento, crescimento ou desenvolvimento de uma ideia, sistema, costume ou indivíduo.

Como processo biológico de transformação, a evolução consiste em conjunto de modificações lentas em direção a um determinado sentido, que remete para um desenvolvimento gradual e progressivo.

Evolucionismo (Darwinismo)

Darwinismo é o nome dado à teoria evolucionista baseada nas ideias de Charles Darwin - 1809-1882. É teoria evolucionista alicerçada na supremacia material da existência.

O darwinismo é teoria de evolução contínua, gradual: a transição entre uma espécie anterior e uma posterior é incremental e contínua. Construída sob grande influência da física newtoniana. Assim como a física newtoniana, a biologia de Darwin destina-se a ser determinista e reducionista.

Teoria contrária ao Criacionismo, pois não admite a participação de uma entidade ou ser divino na criação das espécies de seres vivos que existem na Terra. Indica que a multiplicidade existente atualmente é fruto da modificação lenta e progressiva (gradualismo) de espécies de seres vivos de um estado rudimentar até apresentarem as suas características atuais.

Segundo o darwinismo a evolução acontece por conta do acaso e da necessidade. O acaso é aleatório, não tem nenhum direcionamento preferencial. A necessidade que é a seleção natural baseia a na possibilidade de sobrevivência, depende da fecundidade, ou seja, do sucesso da espécie na produção de bebês.

Hierarquia Entrelaçada

Ou Emaranhada, é conceito introduzido pelo pesquisador de inteligência, artificial Douglas Hofstadter e que se utiliza para responder circularidades tal como a apresentada para descrever o significado de “Autorrefereência” (o segundo conceito apresentado anteriormente).

É preciso um observador para causar o colapso da onda de possibilidades, mas o colapso é necessário para manifestar o observador. De modo mais sucinto: não há colapso sem observador, mas não há observador sem um colapso.

Hierarquias Entrelaçadas, ou emaranhadas são circularidades, como essa, nas quais os níveis causais são infinitamente entremeados.

O colapso quântico tem natureza de Hierarquia Entrelaçada, dando a aparência de Autorreferência e de cisão sujeito-objeto. O Observador-eu, o sujeito aparente do colapso surge “co-dependentemente” com o objeto porque a Consciência se identifica com o cérebro do observador e não com o objeto.

Para registrar a diferença para a Hierarquia Simples o exemplo de um amplificador e estímulo, ou sinal recebido – contador Geiger. Aquilo que é sinal (micro) e aquilo que é o amplificador sendo afetado pelo sinal (o macro) estão claramente separados. Portanto formam um Hierarquia Simples de causa que se move em uma direção. Já, em sistemas autorreferentes como o cérebro, os níveis causais envolvidos na transação entre micro e macro formam uma Hierarquia Entrelaçada.

Hierarquia Entrelaçada ou Emaranhada é essa lógica circular do surgimento dependente de sujeito e objeto. O observador, o sujeito, escolhe o estado manifestado dos objetos em colapso; mas sem os objetos em colapso, inclusive o observador, a experiência do sujeito também não têm lugar.

A existência da Hierarquia Entrelaçada depende vitalmente do aspecto micro-formando-macro da matéria. Assim, o colapso quântico e a manifestação somete podem ocorrer quando a matéria entra em jogo.

A Mensuração Quântica em Hierarquia Entrelaçada é o modo como o ser vivo adquire a identidade consciente, ou seja, estado de sujeito ou de observador.

Gradualismo

É ideia formulada pelo naturalista britânico Charles Darwin, que defende que a evolução se dá por meio de pequenas transformações no decorrer de diversas gerações dos seres vivos. Portanto, é um dos princípios professados pelo darwinismo, onde lentos índices de evolução se acumulam durante longos períodos de tempo, o que configura a evolução como um processo lento e contínuo.

Lamarckismo

Teoria evolucionista, proposta pelo naturalista francês Jean Baptiste Lamarck, em seu livro “Filosofia Zoológica” (1809).

Lamarck achava que um organismo contém em si mesmo um modo de responder ativamente ao ambiente, efetivando sua própria evolução. Os organismos transformavam-se em indivíduos cada vez mais complexos, em decorrência da pressão do meio, que os forçava a mudar. Essas mudanças eram, portanto, decorrentes das necessidades dos indivíduos.

A forma como essas mudanças ocorreriam baseava-se nos princípios propostos: “lei do uso e desuso”; e “lei da herança de características adquiridas”.

Macro Evolução

Geralmente, se refere as maiores tendências e transformações na evolução, como a origem dos mamíferos e a irradiação das plantas com flores.

Padrões macro evolutivos são os que geralmente vemos quando olhamos para a história da vida em larga escala.

Na macro evolução, a consciência cria novas espécies, escolhendo criativamente dentre variações genéticas que existem como possibilidades quânticas.

Organicismo

Tem sua base no pensamento que originou a Teoria Geral dos Sistemas, ou seja, no pensamento sistêmico.

No século XX surge a Biologia Organísmica, ou Organicismo como um movimento de oposição ao Mecanicismo e causa grande impacto ao negar pensamentos estruturais do Mecanicismo Cartesiano, tais como o método analítico.

Segundo a concepção organísmica, as propriedades essenciais de um organismo pertencem ao todo, de maneira que nenhuma das partes as possuem, pois tais propriedades surgem justamente das interações entre as partes. Portanto, as propriedades das partes podem ser entendidas apenas a partir da organização do todo.

Vitalismo

Doutrina formulada por cientistas europeus, entre meados dos séculos XVIII e XIX, em oposição ao pensamento materialista e mecanicista, que defendia a ideia de que os fenômenos relativos aos seres vivos (evolução, reprodução e desenvolvimento) seriam controlados por um impulso vital de natureza imaterial, diferente das forças físicas ou interações fisioquímicas conhecidas.

Essa doutrina, contrária ao mecanicismo e ao organicismo, rejeita a possibilidade de reduzir o orgânico ao inorgânico. Afirma que os processos biológicos ou orgânicos são irredutíveis aos simples fenômenos bioquímicos que neles ocorrem.

O vitalismo é uma doutrina que considera haver em cada indivíduo um princípio vital, que gera a vida por energia própria. Essa força vital é peculiar aos organismos vivos e difere de todas as outras forças encontradas fora das coisas vivas. Controla o desenvolvimento, a forma do organismo e a direção de suas atividades.

DESENVOLVIMENTO DA TEORIA “EVOLUÇÃO CRIATIVA”

Antes, cabe observar que o darwinismo foi desenvolvido sob influência da física newtoniana que, por sua vez, estava relacionada ao pensamento cartesiano. De mesma forma o organicismo desenvolvido com base no pensamento sistêmico. E, como afirmou o próprio criador da teoria da “Evolução Criativa”, Amit Goswami: “seria impossível criar a teoria da evolução criativa sem a existência da física quântica”, ou seja a “Evolução Criativa”, com base na Física Quântica

Provavelmente, o que motivou o desenvolvimento da teoria da “Evolução Criativa” foram as questões pendentes de esclarecimentos razoáveis nas diversas teorias existentes. Em especial no darwinismo e neodarwinismo com: a supremacia material da existência ser contrariada com alguns dos chamados Comportamentos Evolucionários Adaptativos. A autopercepção e a capacidade de processar significados, não podem sequer ser processados pela matéria; as lacunas fósseis, esperando a descoberta dos “intermediários”, contrariando o esperado registro fóssil contínuo; a inadequação do gradualismo frente a saltos gigantescos de evolução; a inconsistência lógica no critério “capacidade de sobrevivência”, numa teoria científica que se propõe a fundamentar-se no materialismo – primado da matéria; e a tautologia no modo como foi introduzido o critério “seleção natural”.

Além disso, a necessidade de a biologia se reconciliar com o aspecto revolucionário da física quântica - a indeterminação e a escolha por uma consciência quântica. Essa reconciliação, ou reformulação, seria a teoria da evolução criativa, que poderia, além de integrar ideias tão díspares como desígnio inteligente e evolucionismo, ou descontinuidade e continuidade, unificar ideias de desenvolvimento com ideias de evolução.

Com base: no darwinismo e neodarwinismo, principalmente, nos seus paradigmas, dogmas, controvérsias e paradoxos; em várias outras correntes de pensamento sobre a evolução ou criação das espécies, em especial: criacionismo; desígnio (desenho) inteligente; holismo; lamarckismo; organicismo; teorias das catástrofes e da pontuação (macro evolução); e vitalismo; bem como em outros conhecimentos, em especial a física quântica; enunciou os fundamentos dessa teoria e os validou esclarecendo sobre paradoxos e invalidando controvérsias.

O QUE É A EVOLUÇÃO CRIATIVA

A teoria da “Evolução Criativa” de Amit Goswami, numa forma simplista, pode-se dizer que é uma nova abordagem da evolução biológica. A ideia essencial é que novas espécies costumam surgir graças aos atos criativos da consciência.

A evolução criativa propõe um mecanismo evolucionário baseado na criatividade quântica – a criação por uma consciência quântica. O insight criativo é precedido por processamento inconsciente – um processamento que ocorre sem quem se perceba – que não exige energia dissipativa e não aumenta a entropia. Essa criatividade biológica tem lugar em saltos quânticos instantaneamente.

A teoria da Evolução Criativa integra tópicos de diversos pensamentos sobre a evolução biológica das espécies: desígnio inteligente; teóricos da pontuação (macro evolução e salto quântico); monstros esperançosos; genes neutros; biologia organísmica; lamarckismo; criacionismo; holismo; estudos sobre catástrofes; e neodarwinismo.

Ela é criacionista, pois assim como o designío inteligente, tem a Consciência Quântica/Deus como o desenhista.

É evolucionista, também, pois não rejeita a causação ascendente do darwinismo. Deste rejeita o gradualismo, pois na evolução criativa é preciso um salto gigante e descontínuo – criatividade, para manifestar todas as possibilidades genéticas corretas de matéria-prima necessária para a construção de uma nova forma.

É evolucionista, pois integra tópicos da biologia organísmica, do lamarckismo e do vitalismo. Da biologia organísmica, por invocar os campos morfogenéticos para a criação de uma nova forma. Do lamarckismo, por ampliar para dois sentidos (do micro ao macro, mas, também do macro ao micro) a direção do fluxo de informação genética, que elucidaria a lei, proposta por Lamarck, da herança de características adquiridas. Do vitalismo, incorpora um mundo imaterial, com seus mundos de possibilidades. Com a criatividade nesse mundo imaterial, onde estão presentes a energia vital, criatividade vital e os campos morfogenéticos, integra o vitalismo na criação das formas.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA TEORIA

É regida pelo primado da consciência. Consciência reconhecida como a base de toda existência. Tanto a matéria como a vida consistem de possibilidades da própria consciência.

Utiliza o conhecimento e a linguagem da física quântica. Física quântica que percebe Deus como “consciência cósmica definida objetivamente”.

Pensa a matéria como semelhante à vida e trata: dessa semelhança; e de como a vida pode preencher seu impulso no sentido de manifestar suas possibilidades não percebidas. A matéria, como ondas quânticas de possibilidades, não é separada da consciência; é possiblidades da consciência.

Tem a Causação Descendente como princípio organizador para os períodos de ritmo acelerado de evolução.

Inclui aos seres biológicos: além da causa, o propósito; e além das leis, os programas.

Permite chegar à formulação apropriada da biologia, que inclua sentimentos e que possa começar a tratar a heterogeneidade e as diferenças individuais entre organismos.

Visa uma inteligência maior, cada vez mais elevada ao desenvolvimento e qualidades da inteligência que as religiões e tradições espirituais identificam como divinas.

Inclui a direção do fluxo de informação do macro ao micro.

Considera as lacunas fósseis e o não surgimento dos esperados intermediários como indicadores, impressões digitais da criatividade biológica.

Declara os registros fósseis da evolução biológica como flecha do tempo

Afirma que a evolução é necessária para que se experimentem as possibilidades manifestadas da consciência. E para a experiência é necessário a percepção, ou seja, a cisão sujeito -objeto.

ALGUNS ASPECTOS ESCLARECIDOS PELA TEORIA

Elucida que, em qualquer ato criativo, nos estágios incubação (ou processamento inconsciente) e insight, o criador é a causação descendente a partir da consciência quântica/Deus. Nos outros dois estágios preparação e manifestação, é preciso o envolvimento da consciência manifestada. Assim, quem cria? É um jogo entrelaçado entre a consciência quântica e a consciência manifestada.

Explica, com base no propósito, a flecha biológica do tempo.

Esclarece sobre as lacunas fósseis, vendo-as como exemplo de criatividade biológica.

Justifica não haver registros fósseis de estágios intermediários, pela não ocorrência de estágios intermediários manifestados.

Elucida que, nos períodos de ritmo acelerado, a Consciência Quântica intervém e cria novas espécies, a partir das manifestações já existentes.

Explica que todas as mudanças podem se acumular em possibilidades quânticas até a consciência causar o colapso súbito do conjunto adequado de mudanças em uma única e nova “gestalt” – relacionado ao todo, uma nova configuração biológica.

Esclarece que o colapso não ocorre a nível genético micro. A amplificação do genótipo micro para o fenótipo macro ocorre primeiro como possibilidade, porque antes que qualquer escolha possa ser feita, a consciência precisa que possibilidades, em nível micro, sejam amplificadas para possibilidades em nível macro.

Elucida a lei proposta por Lamarck das heranças adquiridas com a ampliação para duas as direções do fluxo de informação genético.

Justifica que formas biológicas – células, tecidos e órgãos – e, com efeito, todo organismo tem em si propósitos, pois ficam implícitos, quando os parâmetros são bem específicos (por exemplo, a disposição do DNA) e finamente ajustados.

Esclarece que para explicar o comportamento proposital da forma biológica, se precisa: da consciência não material; de princípio organizador para a evolução criativa; e de outros aspectos da vida, todos eles não materiais.

OBSERVAÇÕES FINAIS

Com este artigo, damos por concluído este trabalho, elaborado para um limitadíssimo número de interessados: aqueles, que como eu precisei, precisariam de muitas leituras, para estudar o livro “Evolução criativa das espécies”, no qual seu autor, Amit Goswami, propõe sua teoria “Evolução Criativa”.

Para aqueles que leram alguns dos artigos, por terem interesse em algum dos temas tratados, volta-se a esclarecer que as pesquisas foram limitadas ao objetivo do trabalho e, portanto, restringiu-se, em sua quase totalidade, ao livro “Evolução Criativa das espécies”.

Existem uma série de temas tratados no livro que não foram contemplados pelos artigos, pois tem-se a convicção de que o conjunto elaborado atingiu o objetivo. Dentre estes temas, destacam-se: origem do universo; origem da vida; leis e complexidade das formas; percepção; instintos; biologia da morte e a sobrevivência após a morte; e razões e rumos da evolução.

FONTES

Livro

“Evolução criativa das espécies” de Amit Goswami – Tradução de Marcello Borges.

Sites

conceitos.com; mundoeducacao.uol.com.br; e significados.com.br.

ENDEREÇOS REALCIONADOS

DICA DE LEITURA – EVOLUÇÃO CRIATIVA DAS ESPÉCIES – AMIT GOSWAMI

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7531949

EVOLUÇÃO CRIATIVA DAS ESPÉCIES – LIVRO DE AMIT GOSWAMI – VISÃO GERAL

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7585036

FUNDAMENTOS DA FÍSICA QUÂNTICA

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7537724

A ESCOLHA NO COLAPSO QUÂNTICO QUEM FAZ?

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7601013

CONSCIÊNCIA QUÂNTICA

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7604652

AMIT GOSWAMI, EVOLUÇÃO CRIATIVA – CONCEITOS FUNDAMENTAIS

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7609809

EVOLUÇÃO CRIATIVA - CRIATIVIDADE

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7616377

EVOLUÇÃO CRIATIVA – CRIACIONISMO E DESIGNÍO INTELIGENTE

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7619635

EVOLUÇÃO CRIATIVA – VITALISMO E CAMPOS MORFOGENÉTICOS

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7629345

EVOLUÇÃO CRIATIVA – GRADUALISMO E MACRO EVOLUÇÃO

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7635174

EVOLUÇÃO CRIATIVA – LAMARCKISMO

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7645539

EVOLUÇÃO CRIATIVA – DARWINISMO

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7651427

EVOLUÇÃO CRIATIVA – BIOLOGIA ORGANÍSMICA

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7654817

EVOLUÇÃO CRIATIVA – EVOLUÇÃO - COMO? DE QUE? PARA QUÊ

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/7661596

J Coelho
Enviado por J Coelho em 12/12/2022
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