Evolução Criativa - Biologia Organísmica
INTRODUÇÃO
Este artigo dá continuidade à série idealizada como roteiro didático, para facilitar o entendimento da teoria “Evolução Criativa”, formulada por Amit Goswami, no livro “Evolução criativa das espécies”. Acredita-se que essa série facilitaria aqueles interessados, que como eu necessitei, necessitariam de várias leituras.
Quando se abordou de como Amit Goswami construiu sua teoria da “Evolução Criativa”, pelas próprias palavras do autor, não teria sido possível sem a existência da física quântica. Além disso, após o estudo do livro “Evolução criativa das espécies” entendeu-se de que desenvolveu com a análise de teorias criacionistas e evolucionistas existentes. Das relacionadas em seu livro já foram contempladas com artigos anteriores: criacionismo; desígnio (desenho) inteligente; darwinismo; lamarckismo; e vitalismo. Neste trataremos do organicismo, ou biologia organísmica.
Oportuno comentar que as teorias acompanham a evolução do pensamento e, num processo dialético, vem caminhando na construção e aperfeiçoamento dos princípios organizadores e das respostas aos enigmas e processos do universo, da natureza e seus reinos.
O QUE É ORGANICISMO
No âmbito do pensamento e de suas respectivas teorias podemos dizer que o darwinismo pertence ao pensar mecanicista newtoniano e o organicismo ao pensamento sistêmico.
No século XX surge a Biologia Organísmica, ou Organicismo como um movimento de oposição ao Mecanicismo e causa grande impacto ao negar pensamentos estruturais do Mecanicismo Cartesiano, tais como o método analítico.
Segundo a concepção organísmica, as propriedades essenciais de um organismo pertencem ao todo, de maneira que nenhuma das partes as possuem, pois tais propriedades surgem justamente das interações entre as partes. Portanto, as propriedades das partes podem ser entendidas apenas a partir da organização do todo.
ARGUMENTOS DOS ORGANÍSMICOS
Número de biólogos relativamente pequeno, denominados por Amit Goswami, de “biólogos organísmicos” lançaram controvérsia reativa às correntes do materialismo científico.
Esses biólogos enfatizaram a importância de justificar o desenvolvimento de características macroscópicas e, eventualmente, o desenvolvimento de todo o organismo, pela evolução. Uma característica só é útil para a sobrevivência quanto plenamente desenvolvida. Qual seria o valor de um quarto de olho, ou de um décimo de asa?
Os biólogos organísmicos alegaram que o surgimento evolucionário de uma nova característica não pode ser um processo gradual, darwiniano, passo a passo. Porções de variação genética microscópica que produzem apenas uma pequena fração de uma caraterística microscópica seriam eliminadas pela seleção natural; não trazem benefícios para a sobrevivência.
Goldstein definia a autorregulação organísmica como uma forma do organismo interagir com o mundo, segundo a qual o organismo pode se atualizar, respeitando a sua natureza do melhor modo possível.
Ilustrando essa controvérsia, pode-se pensar na evolução do longo pescoço da girafa. Segundo os darwinistas, esta mudança aconteceu ao longo de lentas variações acumuladas e sua seleção, levando gradualmente a pescoços cada vez mais longos, que permitiram as girafas vencer os concorrentes e chegar a galhos mais e mais altos, nos quais o alimento é abundante.
ARGUEMNETAÇÃO CRÍTICA Á EVOLUÇÃO BIOLÓGICA ORGANICISTA
Esse cenário é exageradamente simplista. Pescoços cada vez mais longos exigem muitas modificações simultâneas: vértebras de pescoços mais longos exigem cabeça menor; exige do sistema circulatório pressão sanguínea mais elevada; válvulas terão que impedir excessiva pressão, quando as girafas se abaixam para beber água; os pulmões deverão aumentar para que a girafa possa respirar por um tubo bem mais longo; músculos, tendões e ossos precisarão alterar formas, bem como a estrutura do esqueleto precisa se reestruturar para a harmonia e o equilíbrio dessa nova girafa para acomodar pernas dianteiras maiores pulmões maiores, pescoço muito mais longo ...
Muito provável que essa lista de modificações ainda tenha muitas outras adaptações necessárias. Em tom bem crítico e em resposta aos neodarwinistas sobre a solução simplista mutação genética, Amit Goswami, no seu livro “Evolução criativa das espécies:”: “é claro que deve haver muito mais coisas envolvidas do que mutações genéticas que aumentam o pescoço e, ainda mais, com coordenação espantosa. Tudo isso por meio do acaso e da necessidade cumulativa, passo a passo? Não dá para creditar”.
Os biólogos organísmicos tentaram modificar a biologia, levando-a para o holismo (abordagem que prioriza o entendimento integral dos fenômenos, em oposição ao procedimento analítico em que seus componentes são tomados isoladamente) mantendo intacta a ideia do materialismo, ou o primado da matéria.
No mesmo livro, argumentando a favor de sua teoria “Evolução Criativa” afirma: “na evolução criativa, porém, todas essas mudanças podem se acumular em possibilidade quântica até a consciência causar o colapso súbito do conjunto adequado de mudanças em uma única e nova gestalt (conjunto organizado formador de características necessárias). Ela sugere que o todo é maior que a soma de suas partes. Compreensão da totalidade para que haja a percepção das partes.
OBSERVAÇÃO FINAL
Amit Goswami concluim que os biólogos organismicos fracassaram na procura de um paradigma útil para uma nova biologia.
Afirma que a discussão precisa recuar e reviver alguns dos debates entre os causalistas (adeptos da lei da causalidade – relação de causa e efeito) e os teleologistas ( adeptos da teleologia - os seres humanos e outros organismos têm finalidades e objetivos que orientam seu comportamento).Debates entre aqueles apoiam o condicionamento adaptativo e os adeptos da criatividade biológica. Debates entre os patronos da causação ascendente e os da causação descendente.
Assim, propôs a “Evolução criativa” e paradigmas de nova biologia no primado da consciência.
FONTE
Livro - “Evolução criativa das espécies” de Amit Goswami – Tradução de Marcello Borges
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