Por que a população escolheu Lula...

No âmbito das ciências políticas, recorreremos a alguns pressupostos para analisar a intenção ou voto do eleitor em determinado candidato. O primeiro pressuposto é ter o indivíduo como objeto de análise; o segundo, as pesquisas de opinião como método de investigar o comportamento do eleitor, seja ela quantitativa e/ou qualitativa. A Teoria sociológica sobre o comportamento do eleitor teve seus estudos iniciados a partir de 1930, nos Estados Unidos e, segundo esta, o voto é resultante de que o eleitor tem no interior dos grupos de que participa. Neste sentido, dentro outras questões, a posição social define o voto. Desta forma, o comportamento do eleitor consiste em duas condutas: normais e desviantes. Segundo Quadros (2003, p.157), no primeiro tipo de conduta, entende-se que os fatores de curto prazo, como debates, propagandas eleitorais, discursos, comícios etc. não tiveram efeito sobre a definição do voto. Já a conduta desviante compreende o comportamento do eleitor que foi influenciado na definição do voto pelos fatores de curto prazo.

A outra teoria, a Escolha racional do eleitor, em que sua decisão é resultado de um cálculo racional em torno do custo-benefício da tomada de decisão. De acordo com Quadros (2003, p.155): [...] o eleitor comportar-se-ia como um consumidor no mercado agindo “racionalmente”, buscando sempre com seu voto aumentar seus benefícios e diminuir os custos; a ideologia funcionaria para os partidos como uma arma na disputa pelo poder. O custo com que o eleitor arca para obter uma informação que o ajude a tomar uma decisão faz com que o próprio eleitor, antes de adquiri-la, calcule o benefício, ou o retorno, que ela poderia oferecer-lhe. Com isso, fica clara a avaliação permanente do eleitor de cuja decisão é sempre focada no custo-benefício.

Após os pressupostos acima, faremos uma rápida investigação da eleição de Lula da Silva, na Eleição de segundo turno de 2022. Ao analisar a pesquisa qualitativa da GENIAL/QUEAST, em que o instituto buscava saber qual o fator preponderante na decisão do eleitorado, restou o fator da economia como vital na decisão do voto. Essa questão vai ao encontro de vários institutos de pesquisas em todo mundo, o qual corrobora que, mesmo independente da corrente de análise, o fator da vida econômica é sempre peso maior numa eleição. Lula teve expressiva votação em quase todos os estados, conquistando 69,34% no nordeste brasileiro, região que tem, numa dimensão histórica, a maior precarização econômica no país.

Outro fator que sugere corroborar com o resultado final da eleição seria o eleitor ter apostado no voto retrospectivo, cujo avaliação recai sobre o desempenho passado no governo. Portanto, o eleitor apostou no futuro, pois em sua avaliação, o candidato Lula teve melhor desempenho ao atual presidente. Por fim, para definir seu voto, o eleitor se questiona: “o que o candidato tem feito por mim?” ou “o que o candidato poderá fazer por mim?”. É o bolso falando, sempre determinando a vida das pessoas.

Manoel Serafim

Filósofo

Esp. Ciência política

ManoelSerafimSilva
Enviado por ManoelSerafimSilva em 04/11/2022
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