A crise da eletricidade influencia a agenda diplomática

A recepção do líder separatista da polisario por Espanha tem acentuado a acrise com Marrocos,  cujo aumento da energia elétrica na Espanha tem agravado a situação  relacionada com a crise marroquina / espanhola,  uma sombra sobre as negociações para  aproximar-se, denunciando a recepção de Ibrahim Ghali por Espanha, abril de 2021, como uma aprovação do governo espanhol, implicando entre outros procedimentos a gestão das faturas da eletricidade, deste junho 2021 a setembro deste ano.

Considerando que não se pode separar os antecedentes da recepção do líder separatista na Espanha da crise de eletricidade espanhola, uma vez que Argélia,  primeiro fornecedor de gás natural para a Espanha e o terceiro fornecedor para a Europa depois da Rússia e da Noruega, lembrando que o gás natural constitui 30% da produção de eletricidade na Espanha;  todas as preferências possíveis em relação ao preço do gás refletem o impacto do preço sobre o consumo de eletricidade, razão pelo qual o governo espanhol deve tomar conta das pressões da opinião pública e da oposição, cujas preferências devem ter um retorno não necessariamente material, mas político.

A gestão da energia elétrica leva o governo Sanchez a enfrentar uma equação difícil; por um lado,  mitigar a crise das altas contas de luz de grupos e unidades produtivas vulneráveis, evitando os confrontos com os sindicatos e associações de defesa do consumidor e opositores. A eletricidade e a energia na Espanha são um mercado livre, nas mãos de particulares,  monopolizado por cinco grandes empresas: “ENDESA”; “IBERDROLA”; “EDP / HC”; “UNION FENOSA”; “VIESGO”,  maioritariamente empresas multinacionais (Itália, Grã-Bretanha, Austrália…),

 Lembrando que as empresas e bancos não espanhóis detêm a maioria das ações com mais de cinquenta por cento em relação ao fornecimento da energia para os cidadãos e empresas em termos das necessidades de energia e eletricidade,  dependendo ainda de gás natural proveniente de 7 reatores nucleares e de campos de energia Solar, hidrogênio e outros.

Em outras palavras, a política dessas grandes empresas não está sujeita à situação interna da Espanha tanto quanto ao mercado de oferta e demanda, objeto do governo de Sanchez ameaçado de interromper as obras dos sete reatores nucleares na Espanha, cujo impacto sobre os interesses podendo afetar as novas medidas governamentais, impostos e tarifas máximos, entre outros.

Lembrando ainda que Argélia tentou aproveitar a crise na Espanha e a necessidade de o governo Sanchez para sair da crise, satisfazendo seus eleitores e aliados; diante das razões do grande constrangimento para com as instituições espanholas, cujo governo, especialmente, os ministérios da defesa e das relações exteriores, bem como do judiciário,  dos órgãos de comunicação espanhóis  tentando dar um retrato diferente. dos fatos durante a eclosão da crise da recepção do líder separatista.

Um dos resultados desse constrangimento foi a saída de Pablo Iglesias, o líder extremista de Podemos, aliado de Sanchez, afastado da política após sua queda nas eleições de Madrid no mesmo ano, seguida da demissão do ministro da Relações Exteriores e  substituição pelo diplomata, ex-embaixador da Espanha em Paris.

Considerando que a carta do gás natural argelino não tem sido capaz de afastar o Marrocos ou isolá-lo do mundo, o Marrocos vai continuar a provar as suas posições como se fosse um tabuleiro de xadrez, perante o rompimento iminente da Espanha das relações, em detrimentos das relações históricas com a França e do respeito do Presidente Macron pela apoio na  ocasião do discurso de 20 de agosto.

Sendo quatro dias após o discurso do Rei e da Revolução do povo, a Argélia tem anunciado o rompimento das relações diplomáticas com o Marrocos, 24 de agosto de 2021, por motivos infundados, frágeis e distorcidos.

Em 26 de agosto, o ministro da Energia argelino, Mohamed Arkab, recebeu o embaixador da Espanha na Argélia Fernando Moran Calvo,  assegurando-lhe que a Argélia ia empenhar no sentido de fornecer ao mercado espanhol todas as necessidades em termos do gás natural,  através do gasoduto Medgaz ligado com o porto argelino de Beni Saf ao porto espanhol de Almeria, e não através do gasoduto “MEG”, atravessando o território marroquino, apesar da pretensão  que o gasoduto “Medgaz” não vai conseguir satisfazer todas as necessidades do mercado espanhol em termos de gás, o que significa a continuação da crise de eletricidade na Espanha e o aumento vertiginoso da conta de eletricidade por tempo indeterminado.

Isso  é numa altura em que Marrocos anunciou a intenção de renovar o contrato “MEG”, que se expira  no final de Outubro deste ano.

Lahcen EL MOUTAQI

Professor universitário, Marrocos

ELMOUTAQI
Enviado por ELMOUTAQI em 23/09/2021
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