O mundo é como se fosse um grande jogo de quebra cabeças que precisa ser preenchido para que forme um desenho lógico. Cada ser humano é uma peça nesse desenho e ele jamais se completaria se apenas um de nós faltasse. Por isso somos diferentes e temos habilidades diversas. Todas as habilidades, sejam em que medida forem, e por mais simples que possam ser, são úteis e têm um espaço próprio no desenho do mundo. Ele ficaria incompleto na falta de uma delas. E toda habilidade é mais ou menos valorada conforme for o grau do seu aperfeiçoamento e utilidade dentro de um determinado contexto. Alguém poderia pensar quando um arrombador de cofres poderia ser mais útil que um médico ou um engenheiro? Numa situação em que alguém ficasse preso dentro de um cofre e ninguém tivesse a chave, ou o código para abri-lo, por exemplo, isso seria possível. Lembro-me de um antigo filme onde o bêbado da cidade se tornou o herói porque a sua vida era a única que ninguém sentiria falta se fosse perdida. Então, na iminência de um perigo - a invasão das tropas nazistas - ele era o único que podia estar à frente de uma perigosa missão para salvar a única riqueza da cidade, que era um grande estoque de vinhos produzidos pela vinícola local.[1]
Em todas as profissões, como em qualquer atividade da vida, a necessidade de um aperfeiçoamento constante é indispensável. Não existe uma fórmula mágica que garanta sucesso permanente. Num contexto altamente mutável como este em que vivemos, é preciso aperfeiçoar continuamente as nossas habilidades, para podermos dar a melhor resposta aos desafios da vida, em todo momento em que ela nos exigir.
Os japoneses têm uma palavra que define bem esse processo: eles o chamam de kaizen. Essa palavra significa desenvolvimento constante e integrado. A pessoa kaizen é aquela que agrega, em tudo que faz, um novo valor. É o indivíduo que deixa a sua marca, o seu acréscimo em tudo aquilo que toca. As coisas sempre ficam melhores do que eram depois dela as ter tocado. Ela é a pessoa que nunca para de aprender, nunca deixa de desenvolver suas habilidades, nunca cessa de crescer como ser humano e de incentivar o crescimento do outros.    
Kaizen é a pessoa que jamais dorme sobre o sucesso conquistado e nunca se contenta com a visão do que já foi feito. Ela olha para o passado apenas como alicerce para o presente e como ponte para o futuro. Fazer hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje, é o lema dela.
Assim sendo, cada dia que começa deve ser visto como uma oportunidade para aperfeiçoar o que já sabemos fazer muito bem ou para começar a aprender coisas novas. Pessoas que adotam essa premissa movem-se em direção ao objetivo, sem temer as dificuldades que poderão surgir na empreitada.  São do tipo proativo. Se envolvem, se colocam no centro dos acontecimentos. São indivíduos que se oferecem, se doam. É comum encontrá-los de dia estudando e trabalhando, sempre visando o desenvolvimento dela como missão de vida e não apenas como "meio de vida": e à noite e nos fins de semana como voluntários, engajados em causas sociais, em serviços comunitários, projetos de interesse público, etc.     
Pessoas assim fazem de seus hábitos diários programas de vida constantemente atualizados, renovados, congruentes com seus valores e necessidades, sempre dirigidos a um objetivo útil para ele e para alguém mais. Outra característica comum entre essas pessoas é que elas não param para admirar as próprias obras. Nem são do tipo que planta um pomar e o cerca com arame farpado com medo de que alguém venha roubar suas frutas. Elas plantam pomares onde encontram terra disponível, e se vierem a comer de seus frutos, muito bem; se não, o prazer será o de ter plantado. Ver as árvores florescendo e frutificando é a razão motora das atividades delas.
Se você vir uma dessas pessoas contemplando sua obra, pode ter certeza de uma coisa. Ela está perguntando a si mesma: como isso poderá ser melhorado? Aliás, se você quer fazer um bom exercício, poste-se todo dia, ao acordar, diante do espelho e faça a você mesmo a seguinte pergunta: “o que posso fazer hoje para dar mais qualidade à minha vida e à vida das outras pessoas?” Se você assumir esse exercício como um hábito diário, tenha certeza de que um dia começara a ter respostas bem interessantes. Essa é uma característica intrínseca da nossa mente: ela é obrigada a dar respostas às perguntas que lhe fazemos. Se lhe dermos as informações certas ela nos dará as respostas certas; se lhe dermos informações falsas, ou erradas, ela nos responderá com equívocos. E nesse processo está a diferença entre o fracassado e o vencedor.
Todos nascemos com algum talento porque todos temos uma missão a realizar. Descobrir qual é o nosso talento, e em que medida o exerceremos, é o grande segredo do sucesso na vida. Isso foi o que Jesus nos ensinou na sua famosa parábola dos talentos. Não importa quanto capital se tem para começar. Importa o resultado que se agrega ao montante final.
Tudo isso que dissemos é informação. Veja se elas são úteis para os seus propósitos. Se forem, processe. Se achar que não, esqueça.
 
 
[1] O Segredo de Santa Vittória, filme americano, produzido e dirigido por Stanley Kramer, em 1969, com roteiro baseado no romance homônimo de Robert Crichton. Estrelado por Anthony Quinn, Virna Lisi e Anna Magnani.