Estreando o Pix
Leitor, este artigo pode ser um pouco técnico, mas vale a pena lê-lo na íntegra se você tiver interesse em conhecer e usar um novo meio de pagamento.
Anteontem, 20/01/21, usei pela primeira vez o Pix, que, como você sabe, é o novo meio tecnológico de pagamento que surgiu no mercado, feito unicamente através do celular.
Eu ainda não havia usado por pura falta de oportunidade ou por preguiça mesmo, já que o cartão de débito é muito prático e rápido como meio de pagamento. Mas eu tinha a intenção de experimentar o Pix em algum momento só por curiosidade.
Fui obrigado a usar o Pix por um acaso inesperado. Dirigia-me ao restaurante para pegar um almoço pelo delivery (estamos aqui em Marília, SP, na fase vermelha, mas já me acostumei com o delivery), parei para fazer uma compra no mercadão municipal e constatei que estava sem o cartão de débito. Como pagar o delivery? Estava no centro e resolvi ir até a minha agência do Bradesco pegar dinheiro pela biometria no caixa eletrônico. A agência estava fechada fazendo higienização devido à Covid-19. Frustrado, fui a outra agência, não muito longe dali. Estacionei e do carro vi uma enorme fila para entrar no banco. “E agora?”, pensei. Qual alternativa teria, fora a de ter que voltar até em casa para buscar o cartão de débito? Depois de fustigar um pouco a memória, eureca!, lembrei-me do Pix.
Liguei para o restaurante delivery e a atendente me confirmou que, sim, o restaurante receberia pelo Pix, embora o uso dele não fosse muito comum lá.
Já no restaurante, outra funcionária me orientou como fazer o pagamento.
Entre na sua conta no aplicativo do seu banco.
Clique no ícone Pix.
Aparecem 4 opções, duas para o pagador e outras duas para o recebedor. Se você é o pagador e o recebedor tiver QR Code (aqueles quadradinhos com sujeirinhas), clicar em “Pagar QR Code” (vai aparecer a câmera e você deve ajustar o foco no QR Code). Se não, clicar em “transferir”, que acho que é a opção mais comum utilizada.
A seguir, aparecem 3 opções para você escolher o tipo de chave de quem vai receber o valor que você está enviando: celular, email ou CPF/CNPJ. Logo, você deve saber qual é o tipo de chave do recebedor. Por exemplo, se for o CNPJ, você clica na opção “CPF/CNPJ”.
Após clicar na opção, vai aparecer uma janela para você digitar a chave do recebedor (no exemplo, o seu CNPJ). Ao continuar, vão aparecer todos os dados do recebedor para você conferi-los. A seguir aparece um campo para digitar o valor a pagar. Daí você clica em “Confirmar” e pronto. Em segundos o valor vai estar na conta do recebedor.
Pequena desvantagem que vi é a demora para realizar o processo. Perde-se tempo para entrar no aplicativo do banco, para escolher forma de pagamento (QR Code ou transferir), digitar chave do recebedor, checar dados do recebedor, e digitar o valor.
Talvez para pagar a compra do supermercado hoje seja melhor usar ainda o cartão, que é mais rápido. Mas esse processo do Pix está só no início. Parece que em países com tecnologia mais avançada, você não precisa digitar nada no celular. Com a biometria facial, basta passar pela porta de saída, equipada com sensores eletrônicos, com a mercadoria comprada, que o sistema registrará o valor e o debitará automaticamente da sua conta.
No Pix, há uma clara vantagem para o comerciante recebedor, pois ele não paga a taxa sobre as transações que deve pagar para as administradoras dos cartões de débito e crédito. E, caso o Pix se popularize e se torne seu principal meio de pagamento, poderá dispensar o aluguel que paga para as administradoras das maquininhas de cartões. Essa economia da qual o comerciante vai desfrutar, ao livrar-se destas despesas fixas, pode beneficiar o próprio consumidor, já que o comerciante poderá repassar essa economia para os preços de seus produtos, cobrando menos por eles.
As vantagens também são claras em relação à TED (Transferência Eletrônica Disponível). Uma é que não tem a taxa da TED, extinta nos bancos médios e fintechs (bancos digitais), mas que os grandes bancos ainda cobram. Outra é a rapidez da transferência (em segundos no Pix), enquanto uma TED pode demorar mais de meia hora para a transferência. Outra ainda é que, se você, por algum motivo, por inexperiência ou por limites de valor determinados por alguns bancos, não utiliza o Internet Banking (pelo qual se faz transações bancárias pela internet), você não precisa ir até a um caixa físico na agência do banco, já que tudo é feito pelo celular. E, por fim, se você utiliza o Internet Banking, ao processar autonomamente a TED pela sua conta, você tem que, como uma das etapas, registrar pela câmera o QR Code do recebedor e digitar um código que advém dessa ação, o que vai fazer perder um tempo que não acontece com o Pix.
O Pix também tem vantagem sobre pagamentos de boletos, pois evita a digitação de todos os números do código de barras no Internet Banking.
Há outra vantagem nessa época de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus. Você não tem contato com a maquininha de cartões (que muitas pessoas teclam), já que você faz tudo pelo celular. Na entrega da comida por delivery, você pode pagar pelo celular antes de receber a comida, assim seu contato com o entregador vai ser rápido, sem pegar em maquininha ou dinheiro.
E, por fim, torna-se uma opção de pagamento fácil, se, numa emergência, as outras opções se esgotarem, como aconteceu comigo.
Conclusão: Com exceção talvez de uso no supermercado, vale a pena usar o Pix em outras situações de pagamento, pois tem mais vantagens do que desvantagens (como em TED, boleto, delivery, emergência).