Fundamentos da Psicologia Junguiana - Inconsciente, Si Mesmo e Individuação

INTRODUÇÃO

Em artigos publicados anteriormente, esclarecemos que foi nosso interesse sobre sonhos, o que nos indicou ser necessário pesquisar sobre os fundamentos da psicologia junguiana.

No primeiro artigo, registramos parte desses fundamentos: Psique, sua divisão básica; e suas estruturas gerais; e no segundo discorremos sobre as estruturas de relacionamento.

Assim, para a conclusão do registro desses fundamentos teremos, ainda, que discorrer sobre Inconsciente, Si-mesmo e Individuação, objeto deste artigo..

Convém salientar que, apesar de a Psique dividir-se basicamente em Consciência (Consciência Pessoal - Consciente) e Inconsciente, os artigos anteriores dedicaram-se às estruturas que permeiam essa divisão e aos seus elementos constituintes.

INCONSCIENTE

DIVISÃO

O Inconsciente, por sua vez divide-se em: Inconsciente Pessoal e Inconsciente Coletivo, posteriormente denominado Psique Objetiva.

INCONSCIENTE PESSOAL – exclusivo de psique individual, mas não consciente;

INCONSCIENTE COLETIVO OU PSIQUE OBJETIVA – possui estrutura aparentemente universal na humanidade.

O QUE É

O Inconsciente existe “a priori”. É preexistente ao Consciente e traz muitos conteúdos herdados dos ancestrais. Nise da Silveira representa a Psique como um vasto oceano, o Inconsciente, do qual emerge pequena ilha, o Consciente.

Não sabemos o que é realmente o Inconsciente, mas conhecemos suas manifestações: sonhos; visões; padrões de comportamento; afetos; mitos; contos de fadas; e do que se consideram doenças psíquicas.

O Inconsciente não é diretamente observável, mas o que produz pode ser estudado no campo da consciência. Além dos conteúdos preexistentes, outros surgem de reagrupamentos produzidos pelo próprio Inconsciente e conteúdos pessoais adquiridos durante a vida.

O Inconsciente trabalha numa relação compensatória com e complementar ao Consciente.

INCONSCIENTE PESSOAL

Também chamado Inconsciente Individual é camada de conteúdos, que se acha contígua ao Consciente, constituída pelos elementos da história de nossa vida pessoal.

Correspondem àqueles aspectos que, em algum momento do desenvolvimento da personalidade, não foram compatíveis com as tendências da consciência e, portanto, reprimidas.

Também estão no Inconsciente Pessoal: percepções subliminares, ou seja, aquelas que foram captadas pelos nossos sentidos de forma subliminar, que nem nos demos conta de termos contato com o fato em si; conteúdos da memória de presença constante no Consciente, mas desnecessários; e os Complexos.

INCONSCIENTE COLETIVO

Falar sobre Inconsciente Coletivo, rebatizado por Jung de Psique Objetiva, é afirmar que os seres humanos possuem estrutura psíquica comum. É nessa camada do Inconsciente que todos os humanos são iguais.

A existência do Inconsciente Coletivo não depende de experiências individuais, como é o caso do Inconsciente Individual, porém, seu conteúdo precisa das experiências reais para expressar-se, pois são predisposições latentes.

É a camada mais profunda da Psique e constitui-se dos materiais que foram herdados da humanidade. É nesta camada que existem os traços funcionais como se fosses imagens virtuais, comuns aos homens e prontas para tornarem-se reais, através das experiências.

Contém padrões de vida, símbolos, imagens que fazem parte de nossa natureza psíquica É o substrato básico da vida psíquica, os Arquétipos.

Entrar em contato com o Inconsciente Coletivo é conectar-se muito além de nós mesmos, ou com a fonte de sabedoria da vida.

SI-MESMO

Ou Self é o centro de toda a personalidade. Dele emana todo o potencial energético de que a Psique dispõe. É o ordenador dos processos psíquicos.

É o principal Arquétipo do Inconsciente Coletivo, o arquétipo da ordem, da organização e da unificação; atrai a si e harmoniza os demais arquétipos. Confere à personalidade um sentido de unidade.

O objetivo de toda personalidade é chegar ao autoconhecimento, que é conhecer o próprio Self. Para Jung: “Self representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade, com ou contra sua vontade. A dinâmica desse processo é o instinto, que vigia para que tudo o que pertence a uma vida individual, figure ali, exatamente, com ou sem a concordância do sujeito, quer tenha consciência do que acontece, quer não.”

Ignora-se a natureza do SI-MESMO. É um conceito necessário ao exame de atividades observáveis da psique, mas não suscetível de elucidação direta.

INDIVIDUAÇÃO

A Psique trilha um único objetivo, que é o encontro com seu próprio centro, a unicidade, é o retorno do Ego às suas origens. Deu então a esse objetivo da vida psíquica o nome de Individuação, que não é repentino, mas sim, se apresenta como um processo.

DESEJO DE INDIVIDUAÇÃO

Jung assim denominou a existência no Inconsciente de espécie de instinto profundo de totalidade, de personalidade única em nós. Considerou o Desejo de Individuação como instinto fundamental da vida, como instinto que atua sobre o homem e o impele a procurar a totalidade e a perfeição.

Desejo de tornar-se pessoa indivisa, única.

PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO.

Processo de vida real em que tentamos consciente e deliberadamente compreender e desenvolver as potencialidades individuais inatas de nossa Psique.

O Processo de Individuação é o eixo da psicologia Junguiana. É através dele que a pessoa vai se conhecendo, retirando suas máscaras, abandonando as projeções lançadas anteriormente no mundo externo e integrando-as a si mesmo. É um processo árduo e direcionado a novo centro psíquico, o Self, ou Si-Mesmo.

Pelo fato de as possibilidades arquetípicas serem muito vastas, então esse processo não é a totalidade das realizações dessas possibilidades, mas a fidelidade da personalidade às potencialidades mais profundas.

O Processo de Individuação, tal como é entendido na teoria Junguiana, envolve diálogo contínuo entre o Ego, como o centro responsável pelo Consciente e o Si-Mesmo.

Se conscientes do que somos e dos elementos únicos existentes em nós, então começa o desenvolvimento individual e os mesmos Arquétipos que, quando vivíamos inconscientemente, nos levavam à condição de homem comum, nos levam à conquista da Individuação, quando nos pomos em relação com eles conscientemente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora a Psique seja composta de estruturas bastante diversas, muitas vezes se opondo umas às outras, existe entre elas forte interação que poderão se dar de três formas: uma estrutura pode compensar a fraqueza da outra; um componente pode se contrapor a outro; e duas ou mais estruturas podem se unir formando uma síntese.

As tensões oriundas dos conflitos entre as instâncias da Psique são inevitáveis. Conflitos ocorrem porque existem oposições em qualquer parte da personalidade e o Ego deve atender às exigências externas da sociedade e as exigências internas do Inconsciente Coletivo.

Jung achava que sempre era possível haver união dos contrários e com isso surgir um terceiro elemento síntese dos dois, numa função que ele chamou de função transcendente.

Com esse artigo e mais os dois publicados anteriormente: “Fundamentos da Psicologia Junguiana” (Psicologia; Psique e sua Estrutura; e Estruturas Gerais); e “Fundamentos da Psicologia Junguiana – Estruturas de Relacionamento”; estamos convencidos que da excelente preparação daqueles que querem compreender os sonhos nossos de cada dia.

FONTES:

LIVROS:

Jung e a Interpretação dos Sonhos - James A. Hall e

Sonhos e a Cura da Alma - John A. Sandford

SITES:

portaldapsique.com.br

Crônica e Artigos relacionados:

Á PSIQUE, AQUELE ABRAÇO!

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/6758328

FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA JUNGUIANA (Psicologia; Psique; e Estruras Gerais)

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/6764031

FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA JUNGUIANA – ESTRUTURAS ESPECIALIZADAS

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/6770289

J Coelho
Enviado por J Coelho em 22/10/2019
Reeditado em 26/10/2019
Código do texto: T6776019
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