Fundamentos da Psicologia Junguiana

INTRODUÇÃO

Nosso interesse, o entendimento sobre os sonhos. Ao iniciarmos nossa pesquisa, compreendemos tratar-se de assunto relacionado à psique humana e conhecemos duas correntes fortes sobre o tema: a Freudiana; e a Junguiana.

Como já faz algum tempo que somos convencidos pelos argumentos de alguns cientistas, cujos trabalhos tomamos conhecimento. Como todos eles são adeptos da causalidade e não da aleatoriedade, fácil foi a decisão de escolher a corrente de Jung.

Conforme desenvolvíamos a pesquisa sobre sonhos, percebemos que seria indispensável o entendimento dos fundamentos da psicologia junguiana.

Assim, antes de trabalharmos para responder nossos questionamentos sobre os sonhos, vamos registrar o resultado de nossa pesquisa sobre os fundamentos da psicologia desenvolvida por Jung.

Como ficaria muito extenso o objeto deste restringir-se-á: Psicologia, Psique e sua Estrutura; e Estruturas Gerais.

PSICOLOGIA, PSIQUE E SUA ESTRUTURA

Psicologia é o estudo científico dos processos mentais e do comportamento do ser humano e as suas interações com o ambiente.

A expressão Psicologia deriva das palavras gregas "psyché" (alma, espírito) e "logos" (estudo, razão, compreensão). Psicologia entende-se, como o "estudo para a compreensão da alma".

A Psique refere-se a tudo o que é formado pelos fenômenos inerentes à mente humana. Sentimentos, pensamentos e percepções se desenvolvem na Psique, que permite que o ser humano se relacione e se adapte ao meio por meio de processos.

A Psique pode ser estruturada de forma diversa, conforme ao enfoque e roteiro escolhidos para do desenvolvimento do assunto.

Assim, apesar de arbitrárias, essas estruturas funcionam como um todo organizado.

Basicamente, divide-se a Psique em: Consciência (Consciência Pessoal) e Inconsciente, que por sua vez se divide em: Inconsciente Pessoal e Inconsciente Coletivo, posteriormente denominado Psique Objetiva.

CONSCIÊNCIA PESSOAL – corresponde à percepção consciente ordinária;

INCONSCIENTE PESSOAL – exclusivo de psique individual, mas não consciente;

INCONSCIENTE COLETIVO OU PSIQUE OBJETIVA – possui estrutura aparentemente universal na humanidade.

Além desses três níveis da Psique, Jung considerava outro pertencente a ela:

MUNDO EXTERIOR DA CONSCIÊNCIA COLETIVA – o mundo cultural dos valores e formas compartilhadas.

Dentro dessa divisão básica existem: ESTRUTURAS GERAIS E ESTRUTURAS ESPECIALIZADAS.

As Estruturas Gerais são de dois tipos: IMAGENS ARQUETÍPICAS E COMPLEXOS

As Estruturas Especializadas são quatro: EGO; SOMBRA; PERSONA; E SIZÍGIA, grupamento pareado de ANIMUS/ANIMA.

Para melhor entendimento sobre a interação dinâmica entre as várias estruturas psicológicas especializadas conceituadas por Jung, convém separá-las em: ESTRUTURAS DE IDENTIDADE; E ESTRUTURAS DE RELAÇÃO.

Assim: EGO e SOMBRA são primordialmente estruturas especializadas de Identidade; e PERSONA e SIZÍGIA (Animus/Anima) estruturas especializadas de relação.

ESTRUTURAS GERAIS

IMAGENS ARQUETÍPICAS

É o conteúdo básico de o Inconsciente Coletivo, ou Psique Objetiva. São imagens profundas e fundamentais que se formam pela ação dos arquétipos, sobre a experiência que vai se acumulando na Psique Individual.

Tais imagens são “imagens primordiais”. São peculiares à espécie e, se alguma vez foram “criadas”, sua criação coincide, no mínimo, com o início da espécie.

Jung constatou a presença, em cada Psique, de disposições vivas inconscientes, e, nem por isso menos ativas, de ideias que, instintivamente, pré-formam e influenciam o pensar, sentir e agir.

Assim como a estrutura do corpo humano é universal, ou seja, todo ser humano possui os mesmos elementos, os órgãos, a estrutura psíquica possui os mesmos elementos, os ARQUÉTIPOS.

O Arquétipo é tendência para a estruturação de imagens, de maneira particular, da experiência dum ser humano. O Arquétipo não é a própria imagem. Não é diretamente observável, ou observável em si. Só podemos percebê-lo através das imagens que proporcionam, ou seja, por suas influências sobre o conteúdo visível da mente: as Imagens Arquetípicas e os Complexos.

Os Arquétipos, estes traços funcionais do Inconsciente Coletivo, são em número tantos, quantas as situações típicas da vida. Repetição infinita gravou estas experiências em nossa Psique, a princípio, somente como formas sem conteúdo que representavam apenas a possibilidade de certo tipo de percepção e de ação.

Os ARQUÉTIPOS seriam blocos básicos da construção da personalidade. São padrões de energia que, uma vez liberados, atingem a consciência e influem no desenvolvimento e na expressão de nossa personalidade de formas bem definidas.

Os ARQUÉTIPOS são padrões que herdamos e que se expressam em formas de comportamento humano, de emoções, de fantasia e ideias. São padrões de vida que não são aprendidos, semelhantes a padrões de vida não aprendidos nos reinos: vegetal; e animal.

Qualquer experiência humana, regularmente repetida, tem alicerce arquetípico: nascimento; morte; união sexual; casamento... Exemplo: a experiência de apaixonar-se por alguém. O que é único nessa experiência são os tipos humanos específicos. A experiência em si é tão antiga, como a própria vida humana ou, por outras palavras, é arquetípica.

Embora os arquétipos possam ter evoluído, constituem variável tão lenta que, para todos os fins práticos, os consideramos fixos no tempo histórico.

COMPLEXOS

Grupamentos de imagens afins que se conservam juntas por um tom emocional comum. O agrupamento se dá em torno de certo tema gerador desse tom emocional. Se o tema for mãe, complexo materno.

Cada Complexo é grupo de imagens relacionadas entre si, formado em torno de núcleo central de significado arquetípico em sua essência.

Os Complexos são portadores de uma carga energética substancial e têm como núcleo o Arquétipo. Em torno deste núcleo, vão se concentrando ideias ou pensamentos cheios de afetividade.

Quando totalmente inconscientes, atuam livremente e podem tomar o Ego. Geralmente, aquelas situações em que ocorrem alterações da consciência e também comportamentais, sem motivo aparente, são manifestações da possessão dos Complexos sobre o Ego.

Em termos científicos, Jung salienta que pode se dizer: “...o complexo emocionalmente carregado é a imagem de uma determinada situação psíquica com uma carga emocional intensa que se mostra, assim, incompatível com a habitual disposição ou atitude da consciência. Essa imagem é dotada de certa coesão interna, possui sua própria totalidade e dispõe, ainda, de um grau relativamente alto de autonomia. Isto é, está muito pouco sujeita às disposições da consciência e, por isso, comporta-se na esfera da consciência como um corpus alienum cheio de vida...”

A via que nos leva ao Inconsciente para Jung não são os sonhos como afirmava Freud, mas os Complexos, pois são estes os responsáveis pelos sonhos e pelos sintomas.

Os Complexos não são em si negativos, entretanto, seus efeitos poderão ser.

Porém, como são nós de energia que possibilitam a movimentação da Psique, acaba por se tornarem impulsionadores de desenvolvimento psíquico do ser humano. Entre os mais frequentes destacam-se: complexo materno; o complexo paterno; o complexo de poder; o complexo de inferioridade; e o de superioridade.

OBSERVAÇÃO FINAL

Em próximo artigo pretendemos esgotar os conceitos básicos sobre a psicologia Junguiana abordando as Estruturas Especializadas, o Inconsciente e o Processo de Individuação. E, assim, ficarmos preparados para compreender os sonhos..

FONTES:

LIVROS:

Jung e a Interpretação dos Sonhos - James A. Hall e

Sonhos e a Cura da Alma - John A. Sandford

SITES:

portaldapsique.com.br

J Coelho
Enviado por J Coelho em 08/10/2019
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