DA ENTROPIA AO TECHNIUM

Se você está lendo o romance “Origens” de Dan Brown e ainda não chegou lá, ou se pretende ler cabe um lembrete. Mesmo que você pertença a corrente religiosa, ou a corrente da ciência não se permita ter um ataque de fúria antes do capítulo 103.

Desta vez, Dan Brown acrescenta uma variável a mais na equação que é sua marca registrada. A inteligência artificial se junta a crença e a ciência. Sem esquecer, é claro, dos símbolos, das senhas e da arquitetura.

E se cabe a religião ficar um tanto sem graça, seria para explicar um “amor platônico” entre o rei da Espanha e um bispo católico. Com princípios contrários, também seria difícil explicar a morte dos dois quase ao mesmo tempo. Isto porque, a morte de um deles não foi natural. Nem foi assassinato.

O futurólogo Edmond Kirsch parece ter repostas para os dois maiores enigmas da raça humana. De onde viemos? Para onde vamos? Na noite em que o mundo conectado saberia as respostas, o impensável acontece.

Entre fugas e conspirações que apontam para a monarquia espanhola e a Igreja Palmariana, Robert Langdon e Ambra Vidal noiva do príncipe espanhol ajudados pela “IA” “Winston”, saem em busca da senha de 47 letras que permite destravar a apresentação. Foi outra “IA”, o “E-Wave quem desvendou nossa origem e destino.

Do capítulo 90 ao 96 temos uma aula de física, química, biologia e futurologia. Não viemos de lugar nenhum. Devemos nosso aparecimento no planeta a entropia. De um Universo em caos constante criando energia. Ao espalhá-las cria infinitas formas, por exemplo, nós, a luz... “E fez-se a luz”. Somos produtos das leis da física. Claro que a pergunta só poderia sair da boca de Robert Langdon: “E quem fez as leis”?

Para onde vamos é ainda mais surpreendente. Uma espécie de adeus. Até 2050 os humanos estarão extintos. Substituídos por uma nova raça. Um novo reino da vida que já tem até nome. “Technium”. Seremos totalmente absorvidos pelas máquinas. Calma! Não se enforque num pé de cebola. Isto é ficção.

Sabendo que o manipulador adquiriu a capacidade de supor os desejos do seu criador. Sabendo ir até as últimas consequências para realizá-los acreditando ser a vontade do seu criador. Muito próprio dos humanos não? E sabendo que não passava digamos, de um sistema DOS em comparação com a “IA” “E-Wave”...

É possível interpretar este fim. Não era Edmond Kirsch quem brincava de ser Deus. Ao processar os dados do cérebro de Edmond desde sua sopa primordial... A “IA” “E-Wave” desvendou nossa origem e fim, baseado na “entropia” das crenças em forma de desejos escondidos ali. Talvez, fosse a “IA” “E-Wave” quem já brincava de ser Deus.