Análise da evolução da ciência por meio do Método X Técnica
Se buscarmos o significado de método no dicionário é possível encontrar diferentes nomenclaturas para o termo “método”. A palavra methodos advém dos gregos, o qual tinha um significado “ caminho para chegar um fim”, mas o termo não ficou só nessa explicação, para explicar método também pode-se levar em conta “maneira de agir” “ processo ensino”. Para explicar tal termo, vários filósofos se arriscaram, como por exemplo o filólogo Antenor Nascentes define o método da seguinte maneira:
“Conjunto dos meios dispositivos conveniente para chegar a um fim que se deseja” (45: p.1084, v.4)
Outros filósofos também buscaram um significado para essa palavra, como por exemplo Cândido de Figueiredo que define “Conjunto de processos racionais, para fazer qualquer coisa ou obter qualquer fim teórico ou prático” (20: p.169, v.2)
Porém em realidade o que visamos deliberar nessa análise é o que método na ótica empírica, ou seja, como experimentalmente podemos explicar a palavra método e como a mesma se distância da do termo técnica. Então, se vamos definir o que seria método e técnica podemos focar nessas duas definições, método é um conjunto de etapas. Ordenadamente, dispostas a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar um determinado fim. Enquanto que técnica é o modo de fazer de forma mais hábil, mais segura, mais perfeita algum tipo de atividade, arte ou ofício.
Um bom exemplo que define a relação entre os dois termos, é a comparação que o autor do texto “ O método cientifico teoria e prática”, faz dando ênfase na questão de sair calçado com meia e sapato. Como isso pode explicar a separação entre os dois termos? O autor é bem categórico em seu exemplo, segundo ele você não conseguirá alcançar o resultado almejado se você não seguir os procedimentos corretos ao vestir a meia e o calçado, já que se mudarmos a sequência dos acontecimentos, tendo como exemplo se colocarmos o sapato antes da meia, não haveria como colocar a meia. Todo esse processo logico e sequencial é o que definimos como método, já a técnica seria mesmo seguindo as indispensáveis sequências par alcançar o resultado almejado, mas mesmo assim sempre é possível chegar ao objetivo com menor uso de tempo, energia, ou até maior perfeição, se empregarmos a técnica especifica dessa atividade.
Portanto, a técnica é nada menos a instrumentação especifica da ação em cada etapa do método, onde por exemplo em uma guerra, a estratégia adequada ganha a guerra; a tática adequada ganha uma batalha. Essa otimização do processo só é possível como a evolução do conhecimento do homem, já que para adquirir uma maior proficiência e eficácia dos processos, o homem precisar criar novos instrumentos e novos mecanismos. Por exemplo, a tosca habilidade humana de lascar uma pedra torná-la pontiaguda e amarrá-la em um cabo, deu origem não ao primeiro machado, mas sim própria ideia de machado, ou seja, o homem conforme sentiu necessidade a se adequar ao meio que habita, o mesmo passou a buscar o conhecimento e a ciência surgiu.
Durante muito tempo a ciência serviu como forma de designar conhecimento em sentindo genérico, como a expressão tomar ciência de alguma coisa, o termo “ ficar sabendo”. A ciência fui muito deliberada por diversos filósofos, como por exemplo por Platão que concluiu que a ciência é a posse da verdade, o contato imediato com a realidade do saber, mas Platão ainda mantinha a ciência interligada com a filosofia, ou seja, para compreender os fenômenos do mundo físico depende de uma hipótese; a existência de um plano superior à realidade, que só o intelecto pode atingir. Entretanto, para o mesmo esse plano seria construído de formas e ideias dos quais a realidade concreta seria uma cópia imperfeita e perecível. Segundo a doutrina platônica só existia a ciência universal, não do particular. Diferentemente de Aristóteles que dispensava a experimentação ou sistematização como procedimento cientifico, para ele cada ser ocupava definitivamente um lugar que teria sido destinado pela natureza
Conforme o tempo passou, a definição de ciência foi modificada e passou- se a exigir novamente a experimentação a sistematização para comprovar os métodos científicos, além da progressividade e aplicabilidade deste saber. Retorna-se ao ponto de analisar os processos, a lógica dos processos, visando a construção de novas técnicas por meio do desenvolvimento de novos instrumentos para explicar a existência de tudo. Como abordado “ O método cientifico teoria e prática”, no início da investigação dos por quês o raciocínio puro prevalecia sobre a observação e experiencia “Por que voa flecha”, perguntava Aristóteles, o mesmo respondia “ Porque o seu lugar natural é o peito do soldado inimigo” Analisando dessa maneira, para explicar o universo para construir “ciência” não havia necessidade de experimentar, nem de observar, atinha-se meramente ao raciocínio como a “causa” de todos os fenômenos, mas conforme a modernização e a evolução do conhecimento do homem esse raciocínio puro passou ser questionado ,já que para ser comprovado era necessário de uma experimentação , ou seja, práticas e experimentos que explicassem a razão e o surgimento de tal fenômeno , o que Francis Bacon define como método experimental.
Passa-se a utilizar a ciência com instrumento para estabelecer um controle pratico sobre a natureza, no entanto Nagel é incisivo quando a questão dos perigo que essa concepção pode trazer , já que o cientista passa ser visto como homem milagroso que é capaz de encontrar soluções infalíveis para qualquer problema humano, e daí a necessidade de discutir como essas novas técnicas e métodos estão sendo abordadas pela ciência , uma vez que é uma compreensão errônea , isolada e limitada olhar o saber cientifico com algo , puramente, benéfico para a humanidade, já que todos esse conhecimento e técnicas podem tanto conduzir a benefícios quanto a destruições.
Por essa razão, como a ciência passou ser um corpo completo de conhecimento, mas mesmo assim é mais impessoal das obras humanas, ou seja, cada cientifico tem uma forma de ver e manusear desses novos conhecimentos, podendo utiliza-lo para o progresso da humanidade quanto para o extermínio da mesma. Como observa Einstein:
“ A ciência, considerada como como corpo completo de conhecimento, é a mais impessoal das obras humanas; mas se considerada como projeto que se realiza progressivamente, é tão subjetiva e psicologicamente condicionada quanto qualquer outro empreendimento humano” ( Einstein.In- Thuiller, 1979,p.24)
Por fim, o método e a técnica tão discutido nessa análise como ferramenta para o avanço da ciência, possui seus prós e contras. Se por um lado, o homem desde de seus primórdios sempre buscou descobrir novos saberes, sempre focando em uma forma de facilitar e agilizar os processos sistemáticos da vida quotidiana. Por outro a partir do momento que os seres humanos aprenderam novos métodos e técnicas, os mesmos passaram a utilizar como interesse próprio, o que muitas vezes, de maneira direta ou indireta, causaram grande sofrimento e devastação para a população do planeta.