Inexorabilidade


O definhar da vida e o degradar das coisas inanimadas é a marca cabal da passagem do TEMPO que, como um mago, conduz com precisão absoluta o movimento uniforme de tudo que existe rumo ao fim insondável. Esse mesmo TEMPO que foi a gênese de todos os entes que povoam o universo, e que, inexorável, destrói suas criações de cuja matéria formará novas vidas e novas coisas, de átomos a estrelas. Implacável, o TEMPO soma as partes, diminui espaços, divide a matéria e multiplica seres. O TEMPO criou a matemática, a geografia e a história; o TEMPO é maestro invisível da graciosa dança passiva dos astros no espaço imensurável; assim como, condutor imparcial da vida terrena, desde a bactéria microscópica até a imensa baleia azul; passando pelas espécies da ordem dos primatas na qual se enquadra o pretensioso bípede humano. Permanente, cruel e radical, contempla o infinito com a intimidade e segurança de quem o criou e dele ri, como um pai satisfeito ri do filho que mal despontou na vida. Nada o intimida ou incomoda dentro da realidade a qual gerou com naturalidade de quem concebeu, num notável Big Bang, milhões de bilhões de coisas num piscar de estrela, ou num átimo de trilhonésimo de segundo. A emoção, a paixão, a vida e a morte não passam por ele, não pertencem ao acervo de seus adventos, nada significam, na medida em que são sentimentos e eventos de entes que não tem a marca da inexorabilidade, a qual só ao TEMPO pertence.
Jair Lopes
Enviado por Jair Lopes em 24/07/2017
Código do texto: T6063198
Classificação de conteúdo: seguro