A teoria do caos
Embora a palavra caos também signifique confusão ou desordem, na física tem outro significado, a saber: “Comportamento praticamente imprevisível exibido em sistemas regidos por leis deterministas, e que se deve ao fato de as equações não-lineares que regem a evolução desses sistemas serem extremamente sensíveis a variações, em suas condições iniciais; assim, uma pequena alteração no valor de um parâmetro pode gerar grandes mudanças no estado do sistema, à medida que este tem uma evolução temporal”. – Dicionário Aurélio – Século XXI
Decidi abordar a teoria do meteorologista norte-americano Edward Lorenz pela relação da mesma com os eventos que acontecem no mundo, no nosso dia-a-dia e por curiosidade científica.
A teoria estabelece que uma pequena mudança ocorrida no início de um evento qualquer pode ter conseqüências desconhecidas no futuro. Ou seja, se você realizar uma ação nesse exato momento, essa terá um resultado amanhã, embora desconhecido. Lorenz teorizou que um acontecimento simples tinha um comportamento tão desordenado quanto à vida. Ele chegou a esta conclusão após testar um programa de computador que simulava o movimento de massa de ar. Em busca de uma resposta Lorenz teclou um número que alimentou os cálculos da máquina com algumas casas decimais a menos, na expectativa de que o resultado tivesse poucas mudanças. Para surpresa, a pequena alteração transformou completamente o padrão das massas de ar. Segundo ele seria como se o bater de asas de uma borboleta no Brasil causasse, tempos depois, um tornado no Texas. Fundamentado em seus estudos, ele formulou equações que demonstravam o “efeito borboleta”. Origina-se assim a teoria do caos.
Mais tarde, alguns cientistas também concluíram que a mesma imprevisibilidade aparecia em quase tudo, do número de vezes que o olho pisca até a cotação da Bolsa de Valores.
Instigado pela essência da teoria, julguei que seria interessante apenas iniciar alguns eventos e repassar para o leitor a responsabilidade de construir o final dos mesmos. Vejamos:
– queda na Bolsa de Valores de Nova Iorque, em função da quebradeira de instituições financeiras dos Estados Unidos...
– trânsito de São Paulo...
– aumento da poluição em nível mundial...
– poder paralelo do narcotráfico no Rio de Janeiro...
– começar a exercitar o cérebro (considerando reações neurais em cadeia)...
– iniciar o dia com mau-humor...
– iniciar o dia de bem com a vida...
– (...)
Ao escrever este texto pensei em interagir com os leitores de tal modo que ele participe da idéia contida na dissertação. Aliás, eu acho uma chatice os processos lineares, onde o autor não dá chance do leitor/expectador de estabelecer outros caminhos de ver a proposta, seja ela literária ou não.
Na época que escrevi este texto era acadêmico do curso de Física – UFSM – pólo Herval