Trabant
O automóvel Trabant surgiu como uma resposta alemã, oriental, ao poderio econômico-tecnológico-industrial da Alemanha Ocidental. E em 57, surgiu o carrinho comunista. Que até tinha um design bem atraente, mas de resto, era diferente: perdia nos quesitos de qualidade, acabamento, eficiência, durabilidade, etc à vontade.
E no entanto, até a reunificação da Alemanha, em 89, e um pouco além, foi o carrinho do sonho de tanta gente de bem, e sem Mercedes-Benz.
Não cheguei a testá-lo, embora tivesse um vizinho à porta, durante o tempo que vivi em Varsóvia, de 80 a 85. E nunca vi um deles acidentado nos meus caminhos polacos. E seu corpinho de fibra de vidro podia ser reparado facilmente, só não dava para se amassar.
Assim que a Alemanha derrubou o muro da vergonha, e virou uma só, o Trabi viu-se impossibilitado de concorrer com os VW, BMW, Mercedes, Audi, mas se tornou relíquia de colecionador. E os maiores recipiendários
foram os EUA e o Canadá.
Uma vez, em 79, testemunhei em Berlim Oriental, a então capital da Alemanha Oriental - ou DDR, por Deutsche Demokratische Republik uma cena que me cativou, na mesma proporção em que também me chocou:
eu passava em frente ao StaatsOper de Berlim em torno das 23:00 quando as portas se abriram e saiu dali, quase de uma vez, uma revoada de gente vestida a caráter para um espetáculo operístico - todos ou quase todos grisalhos e mais além - de ternos e longos, em perfeita ordem e, invariavelmente encaminharam-se para seus singelos Trabis espalhados pela praça e, silenciosamente, ordeiramente, foram esvaziando a praça até ficar eu só, a pé, sem Trabant, sem trenó...
E o anedotário do Trabi nunca parou de crescer. Uma das mais gozadas referências e irreverências que vi sobre o dito carrinho proclamava:
Dobre o valor de seu Trabi: encha-lhe o tanque...