Construindo o conhecimento (1)
A noção de conhecimento parte de uma relação entre um sujeito e um objeto, fixada por filósofos dos séculos XVII-XVIII, diz Santos em “Platão e a construção do conhecimento” (Paulus, 2012). O ser humano é um ser histórico e social e pode mudar sua trajetória durante sua jornada. E utilizar-se de um conhecimento adquirido nem sempre é um direito dado ao aluno.
A ideia de uma teoria do conhecimento vem de Descartes e Espinosa, mas foi o trabalho de Kant que a tornou uma disciplina independente no século XIX diz Urbano Zilles em “Teoria do conhecimento e teoria da ciência”. (Paulus, 2008). René Descartes (1596-1650); Baruch Espinosa (1632-1677); Immanuel Kant (1724-1804): Wikipédia.
Toda pesquisa pedagógica é realizada sob o ponto de vista do organizador da pesquisa, professores, mestres e doutores. Sob seus pontos de vistas, analisam escolas, alunos e modelos pedagógicos, criando critérios de avaliação e analises, a partir de seus ângulos, parâmetros e conceitos. Torna o aluno um mero objeto da pesquisa, analisado e direcionado pelo sujeito pesquisador, aquele que supostamente detém um conhecimento. Uma pesquisa deve dar resultados estimados e esperados em padrões e parâmetros, em modelos determinados por seus pesquisadores. Uma pesquisa leva a um resultado desejado, caso contrário ela é abandonada, não provará nada.
Educadores posicionam-se como detentores do saber e do poder, com onisciência e onipotência, esquecendo ou desconhecendo que saber, informação e conhecimento é uma troca simbiótica, entre o meio e o ser, entre um ser e outros a sua volta, o ser humano interage com o meio.
Relações de gênero tendem a fazer um equilíbrio no ambiente organizacional da relação discente e docente e poucos são os educadores que conseguem se posicionar em outra condição, na posição do educando.
Em citação de pesquisa em 1987, Irmã Jacinta ou Aparecida T. Garcia, diz que Edith Stein (Alemanha 1891-1942) tinha uma convicção: Só uma pessoa bem formada pode ser formadora (Ed. Loyola s/d). Enquanto Irmã Milani, chanceler da USC/SP, apresentando a obra de Garcia diz que “A missão da universidade é a tarefa indelegável da difusão do saber, mantendo a sincronia dos problemas do homem em seu tempo, em busca de uma sociedade mais humana, mais justa e mais cristã”. Milani diz ainda que a práxis pedagógica de Stein é um subsidio valioso à causa da mulher, a mulher educadora (idem).
Mulheres precisam de um esforço muito grande para ser notado em relação ao seu desempenho, segundo pesquisas relatadas em “Representações sociais das relações de gênero na educação superior”, um artigo em “Relações de Gênero no Espaço Organizacional”, por três editores e diversos autores (UFLA, Lavras/MG, 2004).
Cargos de direções e coordenações de faculdades e centros universitários evidenciase a predominância masculina. Parafraseando Rose-Marie Lagrave em “Trabalhar com Bourdieu” coordenado por Lagrave e Encrevé (Bertrand Brasil, 2005): Reconhecer-se
dominada é um fato distribuído de forma desigual entre a população feminina, dentro de uma avaliação individual ou coletiva corresponde a fato que depende da posse de um capital escolar. Nem todas percebem tal posicionamento, depende de sua aquisição de conhecimento para identificar tal situação, diferindo em meios sociais ou proximidades de lutas femininas, já que muitas dizem estar acima disso.
Avanços rápidos acontecem no momento atual, no campo da ciência ou da tecnologia, e principalmente dos meios de comunicação. A universidade esta em alerta, necessitando um acerto de ritmo no seu caminhar, diz Thereza Marini, doutora e livre docente em didática na UNESP, em “A função do ensino e a formação do professor universitário” (Paulus, 2013).
“É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distancia que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência completa”, palavras de Simone de Beauvoir (1908-1986), companheira de Michel Foucault. Vivemos um momento em que a função do intelectual específico deve ser reelaborada, Foucault (1926-1984) em Microfísica do poder.
É o aluno quem sente na pele os reflexos da qualidade do ensino escolar, uma qualidade percebida pelo seu grau de participação e aulas recebidas, o desconforto pelo que paga e pelo que recebe, diz Luiza Gavaldon no texto “A qualidade do ensino na visão do aluno” em “Educação sem Fronteiras: em discussão o ensino superior” (Pioneira, 1996). Um aluno não é uma caixa vazia à espera de ensinamentos, Carmem Carpinelli em “Avaliação Globalizadora: um desafio para a universidade” (idem). Gavaldon usou a palavra pele para designar uma percepção, uma simbologia com o uso da pele perceptiva.
A dinâmica da comunicação cria novos símbolos, juntam-se aos existentes e convivem diariamente, visuais ou dialéticos, A. Rosa em Dicionário de símbolos (Escala/SP). E os símbolos falam, falam de você, de mim, da sua família, do grupo de estudo e balada, das cidades do povo e da historia diz Maria Celina Nasser em “O que dizem os símbolos?” (Paulus, 2003).
A pele exprime um sentido, uma percepção, uma sensação do meio exterior. Estar dentro da própria pele é estar dentro de um corpo com braços e pernas, é perceber qual é a sensação e localização exata de algo, como diz Geneen Roth, em “Mulheres, Comida & Deus” (Lua de Papel, 2010). É a pele que interage com o meio, as primeiras sensações são através de terminais nervosos sob o tecido epitelial, sensores periféricos, a sensação térmica, úmido ou seco, agradável ou desagradável. A termorregulação com o ambiente, com frios e calafrios, suores e calores.
Um processo gerou um novo paradigma na universidade brasileira na década de 1960, por estudantes universitários, organizados na UNE, diz Sueli Mazzilli da Católica de Santos (Revista ANDES, 2011). A partir da Europa com a Primavera Árabe e o Occupy, os novos movimentos chegaram ao Brasil ocupando as ruas por novos norteamentos, políticos, educacionais e sociais.
A universidade é um espaço público, a ser ocupado com ideias e pessoas, e como diz Mirna Santiago, gestora e consultora de qualidade, professora e mestre universitária, com as palavras de Garvin: As organizações só aprendem por meio de indivíduos que
aprendem. Mirna ainda acrescenta que uma organização para crescer e sobreviver deve investir em pessoas, com as palavras de Gomes (Dissertação de mestrado: Guimarães, M.S. in CT-UFRN, 2008. Natal/RN).
As citações de Mirna com Garvim e Gomes também são validas à instituições de ensino, formadas por pessoas: alunos, funcionários e professores. E o conhecimento é algo imaterial, intangível, que pode ser construído e administrado. “A criatividade precisa ser enfocada para que tenhamos consciência do nosso potencial para enfrentar desafios”, palavras de Marly Amarilha, do DFPE/UFRN (Jornal da UFRN, Nº 66 – outubro/2013)
FIM (1)
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 24/11/2013 Jornal de HOJE Palavras Chaves: gestão; genero; conhecimento
Palabras Clave: gestión; género; conocimiento
Key Words: management; gender; knowledge
PRÊMIO DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2013 Categoria Colunista em Informática