CAVOK
Com uma cruz Descartes construiu seu par de eixos ortogonais. Com compassos, esquadros e réguas o homem desenhou plantas e planos. Sonhou e imaginou voar, idealizou e construiu aeroplanos. Um brasileiro de Minas Gerais fez a cruz voar. A navegação aérea usa cartas e mapas com pontos em coordenadas formadas por linhas cruzadas em eixos cartesianos, linhas sobre um plano definidas por latitude e longitude. Uma terceira dimensão forma o terceiro eixo, da altitude, dando uma posição espacial. Três pontos dão uma localização no espaço, e com uma quarta dimensão (o tempo), pode-se definir o momento da ocorrência de um evento.
A indústria aeronáutica se beneficia da tecnologia, das criações e inovações, por ser uma atividade que necessita trabalhar com risco zero de acidentes. Um avião de ultima geração é um conjunto monitorado por companhias aéreas e torres de controle de trafego aéreo; é controlado por alguns fabricantes de suas partes e equipamentos, quer seja do motor ou de componentes e instrumentos em sua fuselagem. Um avião segue seu voo com uso de pontos magnéticos na superfície terrestre, radares e satélites. Com tantas tecnologias e vigias de pontos sobre a Terra, aviões ainda desaparecem sem deixar vestígios. As buscas acontecem enquanto houver esperanças e evidencias. Ficam interrompidas até que surjam novos indícios, então recomeçam novas buscas e novas investigações.
O Brasil não é autossuficiente em pesquisa e tecnologia aeronáutica. Interessados compram aviões de ultima geração com acordos de fabricar e montar outras unidades, nunca chegando a 100% de nacionalização. Resta sempre o conhecimento de um segredo, o pulo do gato. Em acidentes aéreos todas as hipóteses são investigadas: falhas humanas e de equipamentos. No século passado muitos aviões desapareceram no denominado Triangulo das Bermudas. Uma época que recursos de busca e salvamento eram bem mais restritos. Explicações alienígenas, e amplas áreas para serem vasculhadas eram dadas para justificar desaparecimentos com ausências de destroços.
Observando a ciência, a história, e a ficção, podemos entender que tudo que é imaginável se torna possível. Testes e pesquisas de ataque ou defesas cibernéticas. Hipóteses de barreiras eletrônicas e eletromagnéticas de alguma origem. Enquanto uma parte da sociedade desfruta do direito à ignorância outra tem que arcar com o ônus do conhecimento.
O conhecimento da meteorologia esta baseado na observação: olhar o céu e as nuvens, a direção do vento, medir temperaturas e pressão atmosférica. Fazer uma previsão para um tempo futuro. Em terra a meteorologia aeronáutica auxilia a tripulação com informações de destino e trajeto, coletando dados e produzindo mensagens em aeroportos denominadas METAR (meteorologia aeronáutica). Em contrapartida cada avião em voo vai emitido um AIREP informando as condições meteorológicas em determinados pontos de sua rota.
Condições favoráveis ao voo. Ausência de nuvens e visibilidade em condições ideais para navegação aérea define-se em uma palavra – CAVOK. Com uma sigla, define-se
no METAR uma boa condição de tempo, ou seja, visibilidade igual ou superior a 10 km e com ausência de nuvens abaixo de 1500 m, inclusive Cúmulos nimbus. Uma condição de teto e visibilidade boa (Ceiling And Visibility OK – CAVOK).
Ainda há muito que pesquisar e descobrir. Descobrir que poderíamos pensar e agir. Enquanto não se descobrem as verdadeiras causas de acidentes aéreos as culpas são atribuídas a falhas humanas e de equipamentos que podem sempre ser aprimorados e melhorados. Acidentes aéreos ainda podem acontecer com céu de brigadeiro. E buscas sem sucesso em mar de almirante.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 20/04/2014 Texto escrito para: Informática em Revista – João Pessoa/PB