Errar é desumano!
Em qualquer profissão, mas principalmente naquelas que lidam diretamente com vidas humanas, tais como pilotos de avião; “pilotos” desses grandes ônibus que trafegam pelas nossas esburacadas estradas; médicos cirurgiões, entre outras profissões -- sempre haverá aqueles que não foram feitos para aquilo; que não nasceram para aquilo, mas que de tanto “forçarem a barra” acabam, errada e perigosamente, “chegando lá”. Fui um dos muitos pilotos dos velhos tempos da aviação; do tempo do “arco e flecha”. Daqueles velhos tempos da aviação romântica quando não havia GPS, ILS, radar, transponder e outros modernos equipamentos de ajuda aos pilotos. O que valia mesmo era a intuição, o “pé e mão” e contar com a indispensável ajuda de Deus, o nosso melhor copiloto. Fui piloto também de aeronave um pouco mais moderna, como o Hércules C-130. Hoje sabemos de muitos casos de pilotos da moderna aviação que se aposentam sem nunca haverem sofrido uma única emergência considerada perigosa; um alerta “vermelho”, coisa muito comum antigamente. A engenharia aeronáutica evoluiu muito. A “engenharia de formação de pilotos”, ou seleção de pilotos, nem tanto. Talvez com avanços no ramo da psicologia, consigam estabelecer certos perfis psicológicos que ajudem na seleção de pilotos. Mas o erro humano sempre será uma constante na aviação.
No caso do avião da TAM, como no caso do Legacy que se chocou com o avião da GOL, será muito, muito difícil que se chegue a qualquer conclusão satisfatória “pelos órgãos oficiais de investigações”, (pelos organismos não oficiais contratados pelos familiares das vítimas, não!...) pois estarão em jogo milhões e milhões de dólares, num jogo sujo de empurra-empurra, entre os fabricantes dos aviões, companhias seguradoras, advogados das empresas aéreas, órgãos encarregados do controle do tráfego aéreo, controladores de vôo, e muitos outros fatores subjetivos relacionados com o problema.
Só restará mesmo uma grande constante:- - o desrespeito pelo sofrimento dos familiares das vítimas. Eu, ”particularmente”, não tenho a menor dúvida que houve uma incrível falha dos pilotos no caso do avião da TAM, em Congonhas. Com o AF447, que resolveu enfrentar de peito aberto um enorme “Cúmulus-Nimbus”, quando não haverá “tubo de pitot” nenhum, nem outros sensores de velocidade que resistam; nem a desculpa de que os pilotos sejam obrigados a voar mantendo a rota, sem fazer qualquer desvio, visando economias para as empresas. No caso do Legacy, que se chocou com o avião da Gol, os únicos culpados foram os pilotos americanos, irresponsáveis “play-boys” do espaço, que desrespeitaram as mais comezinhas regras de tráfego aéreo. Deveriam estar presos no Brasil, como estariam presos se o acontecido fosse nos EUA, envolvendo pilotos brasileiros.
Mas, assim como no caso de erros médicos, quando somente outros médicos podem avaliar real e corretamente o que aconteceu, e só eles ficarão sabendo, também na aviação somente outros pilotos, os mais experientes, saberão realmente imaginar e avaliar as causas dos acidentes.
Feliz ou infelizmente, na aviação só o perfeito é aceitável!
Coronel Maciel.