A NOVA ONTOLOGIA
A internet tem se tornado um fenômeno da comunicação de massa, ela tem sido imprescindível em suas aplicações e usos; estamos umbilicalmente interconectados em um mundo onde a comunicação converge para o ciberespaço. Conectar-se se tornar-se uma nova condição, uma nova ontologia, quem não se conecta, não existe. A esse respeito Türcke observa: “[...] é desse modo que se expressa a ontologia paradoxal dos tempos microeletrônicos: uma existência sem a presença eletrônica é um aqui e agora sem um aí, ou seja, trata-se de uma não existência viva”.
Estamos inseridos num contexto social onde os meios de produção não detém a exclusividade sobre s interações sociais, mas quem tem mais ou menos informação. Para Castells , este estado de coisas pode levar ao fim da audiência massiva e à emergência de outros modos de comunicação. O fato é que a comunicação na era da internet amplia-se a um público cada vez mais heterogêneo e integra novas formas de comunicação e de expressão e isto tem sido tema de debates e de polêmicas. O fluxo de comunicação global e as mídias tradicionais convergem para o mundo digital. Há três questões cruciais nos debates sobre a questão da Internet: assegurar o direito a privacidade, segurança dos dados na rede, outra questão de fundo ético é a que se refere aos limites e responsabilidades dos que se utilizam dela.
Das possibilidades interativas da rede emergem alguns fenômenos como o swarming, o agrupamento de multidões em torno de questão cívicas “las marés ciudadanas” ou “mareas de madrid”, fenômenos recentes que mostram o poder que as novas midias tem de juntar pessoas em torno de questões sociais, modificando as tradicionais maneiras de participação politica tradicionalmente realizadas por organizações partidárias.
Esse fenômeno vai de encontro a tradicional concepção de “massa”, e se aproxima do conceito de “multidão” de Antonio Negri. Jean Baudrillard denominará as massas de “maiorias silenciosas” que ele vê como ”Todo o confuso amontoado social se move em torno desse referente esponjoso, dessa realidade ao mesmo tempo opaca e translúcida, desse nada: as massas [...]”. Elas não seriam “boas condutoras do político, nem boas condutoras do social”.
Na representação imaginária, as massas flutuam em algum ponto entre a passividade e a espontaneidade selvagem, mas sempre como uma energia potencial, como um estoque social e de energia social, hoje referente mudo amanhã protagonista da história, quando elas tomarão a palavra e deixarão de ser “ a maioria silenciosa”. (BAUDRILLARD, 1985, 10)
Na definição de Ortega y Gasset, o homem–massa:
É o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “internacionais” (…) só tem apetites, pensa que só tem direitos e não acha que tem obrigações: é um homem sem obrigações de nobreza. (ORTEGA & GASSET, 1987, 107-108)
Ao contrário das tradicionais concepções de massa, de Baudrillard e de Gasset, Antonio Negri, vê nas aglomerações humanas uma entidade mais ampliada e participativa: “O projeto da multidão não só expressa o desejo de um mundo de igualdade e liberdade, não apenas exige uma sociedade global democrática que seja aberta e inclusiva, como proporciona os meios para alcançá-la”. .
Para Hardt e Negri: :
Os novos movimentos que exigem a democracia global não só valorizam a singularidade de cada um como organizador fundamental como a postulam como um processo de autotransformação, hibridização e miscigenação. A multiplicidade da multidão não é apenas uma questão de ser diferente, mas também de um devir diferente. Um devir diferente daquilo que você é! Essas singularidades agem em comum e, portanto, formam uma nova raça, ou seja, uma subjetividade politicamente coordenada que a multidão produz. A decisão primordial tomada pela multidão é na realidade a decisão de criar uma nova raça, ou, melhor uma nova humanidade. Quando o amor é concebido politicamente, portanto, essa criação de uma nova humanidade é o supremo ato de amor. (HARDT; NEGRI, 2005, p.444)
No Brasil, esse novo fenômeno social, pôde ser observado durante as manifestações ocorridas no mês de junho de 2013, que foram vistas através de imagens instantâneas mundo afora. Elas foram articuladas em ambientes virtuais, via sites de relacionamento, denominados de mídias sociais que se transformaram momentaneamente em redes interativas e sociais. O fato positivo é que, em decorrência desses movimentos cívicos, em um mês o Brasil avançou em seu recente processo de consolidação da democracia na medida em que políticos e legisladores reagiram ao clamor popular dando demonstrações de “transparência” e não de indiferença como sempre tem ocorrido.
Outro episódio em que as redes sociais virtuais possibilitam a interferência no mundo real foi às revoltas populares conhecidas como “Primavera Árabe” que teve como base a intermediação dessas mídias digitais. Elas foram o veículo por onde foram canalizadas as energias sociais retesadas por estas sociedades antidemocráticas; o virtual foi o “aparelho” – palco – por onde se disseminou novas práxis de ação política que se traduziu nos inúmeros protestos que ocorrem no Oriente Médio. As manifestações na Espanha, às chamadas “mares" e os movimentos de Junho de 2013 no Brasil, demonstram que, se antes a comunicação entre as pessoas estava restrita a um número limitado de mensagens dirigidas a um público massificado, hoje a rede mundial de computadores possibilita outros tipos de comunicação e de interatividade que permitem uma ação social propositiva.
Outro episódio típico da era da comunicação instantânea pode ser ilustrada por dois episódios: o estrago que causou o vazamento de documentos secretos de “interesse de estado” sobre a ocupação do Iraque disponibilizadas pelo site WikiLeaks que elevou o jornalista e ciberativista australiano Julian Assange à notoriedade e a ser caçado pelos EUA como inimigo público número 1. As imagens chocantes disponibilizadas na plataforma Youtube mostra o uso desproporcional da força contra civis e a jornalistas indefesos que foram brutalmente assassinados por um ataque de helicóptero de guerra americano, fato esse que causou um enorme impacto na opinião pública internacional e em particular nos Estados Unidos. Recentemente. Edward Snowden, um ex-agente da Agencia de Segurança Nacional dos EUA, subordina a Central of Intelligence Agency - CIA, está sendo acusado de espionagem por ter tornado público, o programa secreto de vigilância global do governo americano, conhecido pela sigla de PRISM, que tem quebrado o sigilo das informações dos cidadãos americanos e de outros países.
Se por um lado a rede possibilita “livre” fluxo de informação, por outro lado esse fluxo está cada vez mais sendo monitorado e ninguém está livre do seu controle. Isso decorre em parte do fato do modelo hegemônico de rede ser centralizado e reflete aquilo que Foucault chama de sociedade disciplinar e hierarquizada. Pensamos que quanto mais distribuída seja a topologia de uma rede, haverá mais interatividade e menos controle.
Estamos inseridos num contexto social onde os meios de produção não detém a exclusividade sobre s interações sociais, mas quem tem mais ou menos informação. Para Castells , este estado de coisas pode levar ao fim da audiência massiva e à emergência de outros modos de comunicação. O fato é que a comunicação na era da internet amplia-se a um público cada vez mais heterogêneo e integra novas formas de comunicação e de expressão e isto tem sido tema de debates e de polêmicas. O fluxo de comunicação global e as mídias tradicionais convergem para o mundo digital. Há três questões cruciais nos debates sobre a questão da Internet: assegurar o direito a privacidade, segurança dos dados na rede, outra questão de fundo ético é a que se refere aos limites e responsabilidades dos que se utilizam dela.
Das possibilidades interativas da rede emergem alguns fenômenos como o swarming, o agrupamento de multidões em torno de questão cívicas “las marés ciudadanas” ou “mareas de madrid”, fenômenos recentes que mostram o poder que as novas midias tem de juntar pessoas em torno de questões sociais, modificando as tradicionais maneiras de participação politica tradicionalmente realizadas por organizações partidárias.
Esse fenômeno vai de encontro a tradicional concepção de “massa”, e se aproxima do conceito de “multidão” de Antonio Negri. Jean Baudrillard denominará as massas de “maiorias silenciosas” que ele vê como ”Todo o confuso amontoado social se move em torno desse referente esponjoso, dessa realidade ao mesmo tempo opaca e translúcida, desse nada: as massas [...]”. Elas não seriam “boas condutoras do político, nem boas condutoras do social”.
Na representação imaginária, as massas flutuam em algum ponto entre a passividade e a espontaneidade selvagem, mas sempre como uma energia potencial, como um estoque social e de energia social, hoje referente mudo amanhã protagonista da história, quando elas tomarão a palavra e deixarão de ser “ a maioria silenciosa”. (BAUDRILLARD, 1985, 10)
Na definição de Ortega y Gasset, o homem–massa:
É o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas “internacionais” (…) só tem apetites, pensa que só tem direitos e não acha que tem obrigações: é um homem sem obrigações de nobreza. (ORTEGA & GASSET, 1987, 107-108)
Ao contrário das tradicionais concepções de massa, de Baudrillard e de Gasset, Antonio Negri, vê nas aglomerações humanas uma entidade mais ampliada e participativa: “O projeto da multidão não só expressa o desejo de um mundo de igualdade e liberdade, não apenas exige uma sociedade global democrática que seja aberta e inclusiva, como proporciona os meios para alcançá-la”. .
Para Hardt e Negri: :
Os novos movimentos que exigem a democracia global não só valorizam a singularidade de cada um como organizador fundamental como a postulam como um processo de autotransformação, hibridização e miscigenação. A multiplicidade da multidão não é apenas uma questão de ser diferente, mas também de um devir diferente. Um devir diferente daquilo que você é! Essas singularidades agem em comum e, portanto, formam uma nova raça, ou seja, uma subjetividade politicamente coordenada que a multidão produz. A decisão primordial tomada pela multidão é na realidade a decisão de criar uma nova raça, ou, melhor uma nova humanidade. Quando o amor é concebido politicamente, portanto, essa criação de uma nova humanidade é o supremo ato de amor. (HARDT; NEGRI, 2005, p.444)
No Brasil, esse novo fenômeno social, pôde ser observado durante as manifestações ocorridas no mês de junho de 2013, que foram vistas através de imagens instantâneas mundo afora. Elas foram articuladas em ambientes virtuais, via sites de relacionamento, denominados de mídias sociais que se transformaram momentaneamente em redes interativas e sociais. O fato positivo é que, em decorrência desses movimentos cívicos, em um mês o Brasil avançou em seu recente processo de consolidação da democracia na medida em que políticos e legisladores reagiram ao clamor popular dando demonstrações de “transparência” e não de indiferença como sempre tem ocorrido.
Outro episódio em que as redes sociais virtuais possibilitam a interferência no mundo real foi às revoltas populares conhecidas como “Primavera Árabe” que teve como base a intermediação dessas mídias digitais. Elas foram o veículo por onde foram canalizadas as energias sociais retesadas por estas sociedades antidemocráticas; o virtual foi o “aparelho” – palco – por onde se disseminou novas práxis de ação política que se traduziu nos inúmeros protestos que ocorrem no Oriente Médio. As manifestações na Espanha, às chamadas “mares" e os movimentos de Junho de 2013 no Brasil, demonstram que, se antes a comunicação entre as pessoas estava restrita a um número limitado de mensagens dirigidas a um público massificado, hoje a rede mundial de computadores possibilita outros tipos de comunicação e de interatividade que permitem uma ação social propositiva.
Outro episódio típico da era da comunicação instantânea pode ser ilustrada por dois episódios: o estrago que causou o vazamento de documentos secretos de “interesse de estado” sobre a ocupação do Iraque disponibilizadas pelo site WikiLeaks que elevou o jornalista e ciberativista australiano Julian Assange à notoriedade e a ser caçado pelos EUA como inimigo público número 1. As imagens chocantes disponibilizadas na plataforma Youtube mostra o uso desproporcional da força contra civis e a jornalistas indefesos que foram brutalmente assassinados por um ataque de helicóptero de guerra americano, fato esse que causou um enorme impacto na opinião pública internacional e em particular nos Estados Unidos. Recentemente. Edward Snowden, um ex-agente da Agencia de Segurança Nacional dos EUA, subordina a Central of Intelligence Agency - CIA, está sendo acusado de espionagem por ter tornado público, o programa secreto de vigilância global do governo americano, conhecido pela sigla de PRISM, que tem quebrado o sigilo das informações dos cidadãos americanos e de outros países.
Se por um lado a rede possibilita “livre” fluxo de informação, por outro lado esse fluxo está cada vez mais sendo monitorado e ninguém está livre do seu controle. Isso decorre em parte do fato do modelo hegemônico de rede ser centralizado e reflete aquilo que Foucault chama de sociedade disciplinar e hierarquizada. Pensamos que quanto mais distribuída seja a topologia de uma rede, haverá mais interatividade e menos controle.