Educação na contramão dos avanços tecnológicos
Uma coisa nunca caminhou tão rápido como os avanços tecnológicos. Isso já era notável lá nos anos 80. Quando comprei o primeiro vídeo game para meu filho, se bem me lembro, foi um Atari, algo assim super moderno para a época. Pouco tempo depois, o aparelho já estava ultrapassado, o avanço tecnológico recomendava o novo lançamento. Quando adquiri o Super Nintendo, com controles ”maneiros”, foi necessário abrir mão de algumas outras coisas, mas deixar de acompanhar tais avanços, nunca. Neste frenesi de querer está incluído no mundo dos nets, ele me fez comprar uns quatro ou cinco novos modelos, todos com o mesmo objetivo, jogar. É óbvio que a cada nova aquisição, mais conhecimentos em tecnologias no mundo dos games. O uso do computador passou a ser essencial, pois os jogos utilizados, na sua maioria com legendas em inglês, fez da máquina seu interprete oficial. Em pouco tempo já se virava muito bem na nova língua. Bom, para resumir a historinha do meu filhote, hoje ele é graduado em Tecnologias dos games – Desenvolvimento de jogos digitais com intercâmbio em Boston.
Falei sobre esta parte da minha vida pessoal, tão somente para ilustrar um pouco da rapidez da tecnologia e da influência tecnológica na atual geração. Se for listar todos os novos lançamentos por ano, terei que escrever um livro, não um artigo. Basta ver pelo desenfreado crescimento na área de comunicação. Hoje somos atendidos pela tecnologia em todos os setores: na área do conhecimento, entretenimento, cultural e social, econômico, mercadológico, saúde, estudos, enfim, tudo. Mas o que isso tem a ver com Educação? Tudo.
Se formos fazer uma investigação grosseira, de cada cem jovens presentes numa escola, noventa e nove tem um CELULAR, TABLET, IPED, SMARTFONE, IPHONE ou outro aparelho qualquer que esteja no auge. Infelizmente isso não significa que as novas tecnologias nas mãos dos nossos jovens os incluem no mundo tecnológico de fato. Todo esse conhecimento não é utilizado, ou melhor, aproveitado para transformá-lo num cidadão que sabe por que é importante está incluído no mundo digital. Isso só acontece porque tecnologia e educação parecem caminhar uma na contramão da outra. Nosso jovem usa seus sofisticados aparelhos em sala de aula para ouvir música, enviar mensagens ao colega do lado, baixar música, entrar em redes sociais, baixar vídeos bizarros, tirar fotografias entre amigos, fazer pequenos vídeos de situações engraçadas nas dependências da escola, etc. O uso dessas tecnologias na escola tornou-se um problema grave, pois nada no que diz respeito pedagógico consegue disputar a atenção dos jovens. Para tentar resolver o problema, alguns municípios criaram a Lei que proíbe o uso dos tais aparelhos em sala de aula. Agora quero ver quem se atreve a tirar o aparelhinho da mão do garoto!!
Mas, se a educação tivesse caminhado com uma velocidade parecida com a tecnológica, hoje poderia ser diferente? Acredito que sim. Se o nosso jovem fosse orientado e instruído a usar seus modernos aparelhos como ferramenta de ampliação do conhecimento na escola, eles não tornariam um problema. Muitos dos usuários dos cobiçados aparelhos não conseguem fazer uma pesquisa e não sabem que podem fazer downloads de livros completos. Fala-se muito o em Inclusão digital, mas qual é a qualidade dessa inclusão? Do primeiro vídeo game do meu filho pra cá, tenho acompanhado a imensa margem de distância entre a tecnologia avançada e o seu uso nas salas de aula. Ela cresceu em todos os setores, contudo, nas escolas continuam sendo assombração para os professores. Hoje temos uma sala de aula com carteiras enfileiradas, giz e lousa para o professor, um aluno com um fone de ouvido, uma sala de informática com máquinas ultrapassadas e de uso coletivo e uma Lei que proíbe e pune o uso do celular. Quando vão acordar para perceber que a Educação a Distância é o futuro? Para perceber que a escola que temos não atende a nova geração? Para perceber que estamos na contramão da tecnologia jogando fora a oportunidade de termos o aluno que desejamos?