A doideira de uma Célula ( Câncer)

Uma parte dos cientistas, preocupada apenas com avanço da pesquisa científica, tem se voltado para as implicações que a reposição hormonal pode acarretar dentro do mundo biológico. É sabido que cada organismo tem um biorritmo peculiar, que determina a característica própria e íntima dos indivíduos. Assim, considerando a constituição do conjunto celular do corpo humano, e se imaginarmos que cada célula desse corpo sofre a influência de enzimas especiais que lhe serve de metrônomo, ditando-lhe o ritmo de seu metabolismo. Então, é bem possível que uma alteração dos níveis hormonais num corpo envelhecido por cinquenta, sessenta ou setenta anos em níveis para quando este dispunha de vinte, vinte cinco e trinta anos, possa alterar de forma significativa a característica particular dessas enzimas especiais, passando, por conseguinte, alterar de forma também significativa todo sistema metabólica da célula.

Tudo ainda é “Cogito". Porém neste ponto surge a questão: como será que células até então bem-comportadas podem se portar diante deste novo ritmo? Na verdade, podem surgir muitas motivações marginais comportamentais para célula. Como membro obediente de um ser multicelular humano, a célula tem apenas de executar a função específica que lhe é destinada, e que serve para assegurar a sobrevivência do organismo como um todo.

Agora se num dado instante, porém, certa célula é forçada a começar cumprir a pouca atraente função de uma outra. E durante bastante tempo de fato ela faz isso. No entanto, num determinado ponto, o organismo deixa de se interessar pelo contexto do desenvolvimento daquela célula em si. A célula passa ficar sem uma função específica dentro do corpo, e, particularmente, dentro do órgão a que estava recrutada, passando a ficar livre e independente; podendo fazer o que bem entender. Pode até se iludir com a possibilidade de se tornar imortal propagando-se ao infinito, se por acaso vier a fumar um cigarrinho do demônio, a célula fica doidona com estado alterado de consciência.

Por outro lado, uma célula normal como pertencente a um conjunto a serviço de um determinado órgão, torna-se mortal e contingenciada em função do próprio papel que exerce dentro do órgão, ou seja, ela não tem vontade própria, tem hora pra acelerar e desacelerar a atividade metabólica, reproduzir-se, clonar-se e morrer. Tudo apenas a serviço do órgão que a recrutou. Então, por que motivo causaria espanto se ela resolver resgatar sua velha ideia de liberdade, passando a ter outra orientação diferenciada na sua vida cotidiana e, a partir daí mudar a natureza da antiga função que exercia dentro do órgão, tornando-se, então, uma unidade isolada e independente a fim de concretizar seu ideal de imortalidade e liberdade às custas de esforços individuais das outras células. Ela subordina a sua antiga comunidade de células aos seus próprios interesses e, com seu comportamento irresponsável, começa a conquistar a própria liberdade, transformando-a em uma mera anfitriã a fim de apenas se banquetear e regorjear de uma liberdade sem pátria, conquistada em circunstâncias no mínimo artificial.

A consequência imediata deste comportamento celular é o câncer. Tomemos como exemplo uma célula recrutada ao serviço dos rins. Imaginem se uma destas enzimas especiais, que dita o ritmo metabólico da atividade celular, inspiradas pelos novos níveis hormonais, repostos de forma artificial, resolva de uma hora para outra dar uma nova orientação particular a uma determinada célula, e, de repente, esta, influenciada pelo novo comando, não se sinta de maneira alguma motivada e obrigada a realizar a enfadonha tarefa de filtrar o sangue. Daí resolva simplesmente deitar a cabeça sobre os braços cruzados para curtir de forma irresponsável o sol de sua existência. Vejam que tal procedimento, além de irresponsável é também motivacional para as demais células que até então se preocupavam apenas com a função dos rins. E se de repente boa parte das células resolva também ficar atoa, sem cuidar dos seus afazeres, a função renal de filtração do sangue vai ficar comprometida, podendo ocasionar várias consequências ao corpo inclusive as letais. No final, o corpo vai ficar com uma baita tumoração sem função alguma que precisa ser alimentada, e, por lado, a função renal fica significativamente comprometida, podendo, como consequência, levar o corpo ao óbito e a reboque ao próprio tumor, pois este, no alto de seu egoísmo, não consegue enxergar a gravidade de seu comportamento.

Trazendo esta analogia para o mundo externo, não fica difícil de ver a semelhança destas células com os indivíduos de uma determinada comunidade, que resolvem de uma hora para outra a não cooperar mais com o trabalho produtivo, largando suas ocupações laborativas para ficar às margens do sistema sem nenhuma função especifica, bêbados, drogados de todas as espécies, desocupados e etc... Pode-se imaginar, por exemplo: desabastecimento do mercado, ou seja, mesas vazias, indústrias sem trabalhadores, campos sem lavradores, escolas sem professores e por aí vai...

Veja que o câncer é também uma doença d´alma, uma vez que está insculpido no inconsciente coletivo das pessoas. Assim, de outra forma – pelo lado do espírito - o câncer é o amor num nível equivocado de si mesmo (amor falso). A perfeição e a unicidade só podem ser concretizadas na consciência, não na matéria – visto que ainda somos limitados no espaço terreno e a matéria ser apenas sombra da consciência. Todavia, no mundo transitório das formas, o homem não consegue jamais concretizar aquilo que lhe habita no campo das ideias, pois pertence ao palácio do “amanhã”, ou seja, por mais que se esforce, o palácio vai estar sempre numa perspectiva futura. Assim, nunca haverá um mundo perfeito, sem conflitos e sem problemas, sem atritos e sem lutas. Nunca haverá pessoas inteiramente sadias sem doenças ou mortes, nunca haverá o amor pleno, já que no mundo aparente das formas o amor vive em função de suas contingências.

No entanto, é possível a concretização de boa parte deste objetivo – por cada um e a qualquer tempo – quando o indivíduo consegue se ver além das formas torna-se, então, livre pensador. Sem perder do foco a visão de sua representatividade dentro do contexto da coletividade a que pertence. No mundo exteriorizado, o amor leva ao apego; na unidade ele leva ao transbordamento em função de sua própria natureza. O câncer, na linguagem d´alma, nada mais é do que amor mal-compreendido. Na verdade, o câncer só sente respeito pelo amor verdadeiro. O símbolo do amor perfeito é o coração, enquanto fonte permanente dos nossos sentimentos. Uma vez que o coração é o único órgão que não pode ser atacado pelo câncer!!!

Assim, galera, antes de sair desenfreadamente em busca de uma juventude eterna, lembre-se que envelhecer com dignidade também é uma dádiva. Já dizia Cícero (Marco Túlio Cícero, séc. I a.C.), orador e escritor latino: “...afinal sempre existe algum trabalho que pode ser feito por um velho... Um trabalho que exija discernimentos que os hormônios de um jovem sequer admitiria... a velhice é sem forças, porém ninguém exige dela ser forte”, quanto aos prazeres, dizia: “...a velhice poupa o que a adolescência tem de pior. Um velho se poupará da devassidão, se não for por sabedoria e bom senso, por pura velhice. Em vez de censurar a velhice, devemos nos felicitar que ela não nos faça lamentar demais os prazeres excessivos da juventude...”

Ohhdin
Enviado por Ohhdin em 19/07/2013
Reeditado em 21/07/2013
Código do texto: T4395183
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