BRASIL: REFÉM DA ANATEL

Heribaldo de Assis

Tenho 46 anos de idade – portanto acompanhei as gestões de vários homens públicos que foram nomeados para ocuparem o cargo de Ministro das Comunicações e o que sempre indignou-me foi a pusilanimidade desses senhores que não defenderam os interesses do povo brasileiro e não resolveram as problemáticas das Telecomunicações do Brasil. Parece-me que o que sempre imperou e impera é o nefasto e desonesto interesses das empresas do setor de Telecomunicações no Brasil – empresas que comumente ludibriam seus clientes, empresas que não prometem o que cumprem, empresas que não são devidamente punidas (apesar das inúmeras queixas contra as mesmas no PROCON e na ANATEL).

Um setor de Comunicação dinâmico e eficiente é essencial para um desenvolvimento de um país - resta-me saber quem ganha com o atraso tecnológico brasileiro no setor de Telecomunicações. Resta-me saber quem ganha permitindo que as empresas de Telecomunicações no Brasil ludibriem o povo brasileiro oferecendo, por exemplo, um dos mais exorbitantes e lentos serviços de Internet do mundo.

Comparar a Internet que existe em determinados países com a Internet que existe no Brasil é como comparar uma lebre com uma tartaruga – tal a discrepante velocidade que existe entre ambas. Talvez a nossa Internet seja lenta porque os Ministros das Comunicações (tais quais tartarugas) sempre foram lentos em resolver as problemáticas das Telecomunicações no Brasil.

Problemáticas que incluem as queixas de clientes contra a telefonia móvel e fixa, contra os cartões telefônicos que quando inseridos em um orelhão esgotam-se rapidamente.

Aliás, quem ganhou com a substituição das accessíveis e duráveis fichas pelos cartões telefônicos certamente não foi o povo brasileiro. Mas, ao contrário do humilde povo brasileiro (que por vezes não tem dinheiro para comprar um cartão telefônico) o Ministro das Comunicações não tem do que reclamar: possui uma telefonia e uma Internet de qualidade em seu gabinete – despesas, é claro, que não saem do bolso dele.

Quem reclama é o povo: reclama no PROCON, reclama na ANATEL, reclama nos Ministérios das Comunicações – reclama inutilmente... Parece-me que os funcionários da ANATEL e dos Ministérios das Comunicações (incluído o próprio Ministro) residem em um outro país – um país que possui uma telefonia e uma Internet eficiente, dinâmica e acessível ao bolso do trabalhador.

Sempre questionei-me interiormente se a ANATEL foi criada para defender os interesses do povo brasileiro ou os interesses das empresas de Telecomunicações no Brasil – um país no qual os nefastos interesses das pessoa jurídica sempre se sobrepõe aos interesses da pessoa física.Mas, para que os governantes e os órgãos federais reclamarem e autuarem essas empresas – se são essas mesmas empresas que comumente financiam parte da campanha de muitos políticos que chegaram ao poder.

E nem adianta o pobre povo brasileiro botar a boca no trombone para reclamar – porque no Brasil até o trombone foi privatizado e está aos cuidados da ANATEL e dos Ministérios das Comunicações. E... carregando, carregando.Esse texto não pode ser mais acessado – verifique a sua conexão com a Internet.

*Escritor, filósofo, poeta, compositor, Redator-publicitário e Licenciado em Letras pela UESC- Universidade Estadual de Santa Cruz.E-mail: herisbahia@hotmail.com